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Batalhão de Santo André é o que mais mata em SP, diz Ouvidoria

Unidade da Grande São Paulo é a que atua em área delimitada com mais casos de 'resistência' com morte. Rota foi a que mais matou em todo o Estado

São Paulo|Kaique Dalapola, do R7

Ouvidoria fez lista com batalhões que mais mataram em supostos confrontos
Ouvidoria fez lista com batalhões que mais mataram em supostos confrontos

O 41º Batalhão Metropolitano da Polícia Militar, que atende na região de Santo André (Grande São Paulo), é a unidade de área que mais mata no Estado de São Paulo em casos registrados como "morte decorrente de oposição à intervenção policial". De acordo com os dados da pesquisa sobre o uso da força letal por policiais, realizada pela Ouvidoria da Polícia paulista, o batalhão é responsável por 21 vítimas de supostos confrontos em 2017.

No Estado, somente o 1º Batalhão de Choque, que é o da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) — considerada a “tropa de elite” da PM paulista —, matou mais pessoas em supostas resistências do que o 41º Batalhão no ano passado: 58 pessoas. No entanto, o ouvidor Benedito Mariano, responsável pela pesquisa, diz que "a Rota é o único batalhão de choque que tem operações diárias e pode atuar em todo o Estado", diferentemente dos batalhões de unidades, que atuam em áreas delimitadas.

A Ouvidoria da Polícia analisou 756 mortes de civis em supostos confrontos com policiais militares no ano de 2017. Depois da unidade de Santo André, o 16º Batalhão, que atua na região do Rio Pequeno (zona oeste de São Paulo), é o segundo de atuação em área limitada que mais matou em supostos confrontos, registrando 18 vítimas — sendo uma em atuação conjunta com o 14º Batalhão.

Em seguida, na cidade de São Paulo, aparecem dois batalhões da zona norte: o 18º, com 16 mortes em supostas resistências, e o 5º, com 14. Segundo a Ouvidoria, uma das vítimas do 18º foi em ação conjunta com policiais militares do 38º Batalhão. Fechando a lista estão os policiais do 38º Batalhão, que seriam os responsáveis por 12 mortes em supostas resistências.


O 39º e o 45º batalhões de Santos, no litoral paulista, são os únicos que ocupam a lista dos dez que mais mataram em supostos confrontos que não são da região metropolitana ou capital, sendo responsáveis por 16 e 15 vítimas, respectivamente.

A região metropolitana, excluindo a capital, ainda conta com o 20º Batalhão, que atua na região de Osasco e Barueri, na lista dos que mais matam em casos registrados como resistência. Com 14 vítimas na conta, de acordo com a Ouvidoria, o batalhão é o oitavo em números absolutos.


A lista dos dez batalhões que mais matam em supostos confrontos ainda conta com o 2º Baep (Batalhão de Ações Especiais da Polícia), na nona colocação. O 2º Baep, que atua na Baixanda Santista, foi responsável por 12 vítimas em casos registrados como "morte decorrente de oposição à intervenção policial".

Veja, abaixo, o ranking dos 10 batalhões com mais letalidade de civis.


Quem morre

Guilherme foi morto por policiais militares da Rota
Guilherme foi morto por policiais militares da Rota

Uma das vítimas da Rota foi o feirante Guilherme Gonçalves Lopes, 20 anos. O rapaz foi morto na tarde de 17 de dezembro do ano passado, no Conjunto José Bonifácio, periferia da zona leste de São Paulo.

Oito meses se passaram, e a mãe do jovem, Gilvania Reis Gonçalves, 46 anos, afirma que não consegue parar de lembrar dele. "Estou tentando levar a vida, mas todos os dias eu choro de saudade de meu filho."

Gilvania conta que três horas antes de ser morto, o rapaz estava lavando os tapetes de casa, porque era o fim de semana dele ajudar nas atividades domésticas. Assim que terminou de lavar o primeiro, Guilherme teria recebido uma ligação de um amigo.

Quando desligou o telefone, o jovem disse à mãe que ia sair, mas prometeu voltar para terminar seu serviço em casa. Não voltou mais. "A verdade é que não mataram apenas meu filho, mas um pouco de mim a cada dia também", conta Gilvania.

Na versão dos policiais, a Rota recebeu uma denúncia de assalto a um açougue na região. Quando chegou no local, segundo os PMs, o jovem estava chutando a porta do estabelecimento.

Os policiais afirmam ainda que, com a chegada da Rota em frente ao açougue, Guilherme saiu correndo com uma arma na mão e atirou contra os militares. Na reação, os PMs mataram Guilherme.

Outro lado

Procurada pelo R7, a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo) afirma que os dados foram apresentados pela Ouvidoria da Polícia "de forma equivocada", alegando que o correto é separar as ocorrências de policiais em serviço e os de folga, ""já que possuem dinâmica e políticas de redução completamente diferentes".

A pasta diz que "também é incorreto fazer estudo analítico sem levar em conta todos aspectos de cada caso que é acompanhado, monitorado e investigado para constatar se a ação policial foi realmente legítima". 

Sobre as mortes envolvendo os policiais militares da Rota, a secretaria afirma que houve redução de 8% nos casos de mortes em decorrência de intervenção policial do batalhão. "Nesse período, policiais da unidade prenderam 589 pessoas, sendo 36 suspeitos mortos em confronto com policiais, o que representa 6,1%."

Sobre o batalhão de Santo André, a pasta diz que a unidade prendeu 632 pessoas de janeiro a julho de 2017 e, no período, 11 pessoas foram mortas após supostos confrontos com os policiais militares, "o que representa 1,7% do total". A secretaria ainda afirma que, no primeiro semestre deste ano, comparado ao mesmo período do ano passado, a unidade reduziu em 82% os casos de mortes.

"Entre as ações para redução da letalidade policial o Estado conta com a Resolução SSP 40/15, que garante maior eficácia nas investigações de mortes. Outra medida importante é o Programa de Acompanhamento e Apoio ao PM (PAAPM), que oferece suporte ao policial que se envolveu em mortes decorrentes de oposição à intervenção policial."

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