Caso Nicolas: Justiça decreta prisão de dupla por tempo indeterminado

Marcelo Valverde Valezi e Roberta Porfírio de Sousa Santos foram encontrados no carro com o bebê que estava desaparecido

10/05/2023 - 14h00 (Atualizado em 29/03/2024 - 06h32)

O TJSP (Tribunal de Justiça de São Paulo) decretou nesta terça-feira (9), durante audiência de custódia, a prisão preventiva de Marcelo Valverde Valezi, de 52 anos, e Roberta Porfirio de Sousa Santos, de 41 anos. A dupla foi encontrada no Tatuapé, zona leste de São Paulo, na tarde de segunda-feira (8), dentro de um carro com o bebê de 2 anos que estava desaparecido em Santa Catarina havia mais de uma semana.

Na segunda, o menor foi localizado pela Polícia Militar de São Paulo com a dupla, que foi presa em flagrante por tráfico de pessoas. "Em audiência de custódia, eles tiveram a prisão em flagrante convertida em preventiva", disse o TJSP.

A criança tinha sido vista pela última vez em 30 de abril, em Florianópolis. Na última sexta-feira (5), um boletim de ocorrência foi registrado pela família da criança. Desde então, a polícia catarinense apura o caso.

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Conforme a investigação, os policiais chegaram até os suspeitos após terem sido informados, pelo setor de inteligência da polícia, que um carro envolvido em ação criminosa estava circulando pela região do Tatuapé.

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O automóvel foi localizado com o auxílio do sistema de monitoramento Detecta na avenida Conselheiro Carrão. A PM passou a acompanhá-lo de longe e realizou a abordagem no Tatuapé. Não houve perseguição. No volante estava Valezi e, no banco de trás, Roberta e o bebê, acomodado em uma cadeira apropriada para a idade.

A Polícia Civil de Santa Catarina investiga como a mulher teria pego o menor em São José, na região metropolitana de Florianópolis, e levado para a capital paulista. A participação do homem, suspeito de fazer a intermediação entre ela e a mãe da criança, também está sendo apurada.

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"Quando os vidros foram abaixados e nós localizamos o casal e a criança, tomamos todos os cuidados para não assustá-la. Até achei que podia ser algum engano", disse o sargento Márcio Roberto dos Santos. Segundo ele, a mulher falou que era responsável pelo bebê e disponibilizou a certidão de nascimento original da criança.

"Quando perguntamos onde estavam indo, ela disse que tentaria a adoção da criança", afirmou ele. Roberta não tem nenhum processo criminal, mas Marcelo, que a teria ajudado, já foi indiciado por lesão corporal, segundo a PM.

Ainda na segunda-feira, a criança foi encaminhada ao Conselho Tutelar de São Paulo, onde aguarda decisão da Justiça para ser entregue aos familiares em Santa Catarina.

Com relação ao bebê, o TJSP afirmou que foi determinado seu acolhimento institucional até que as circunstâncias do caso sejam mais bem apuradas. "Também foi determinada a citação da genitora e do casal com quem a criança se encontrava, para que apresentem defesa", disse.

O humorista Juliano Gaspar, tio do menino, compartilhou informações e a foto do sobrinho na tentativa de ajudar nas investigações.

"Minha irmã, mãe dele, está internada e não consegue dar informações de onde o deixou ou quem ficou com ele. Qualquer informação sobre seu paradeiro pode ser enviada aos números do post de forma completamente sigilosa. O ocorrido foi na Grande Florianópolis, mas ele pode estar em qualquer lugar", disse ele em publicação feita no sábado (6).

Caso Nicolas: relembre desaparecimentos de crianças no Brasil

O caso do garoto Pedrinho, sequestrado na maternidade, ganhou repercussão nacional e comoveu o país. Em janeiro de 1986, vestida de enfermeira, Vilma Martins levou Pedro Rosalino Braule Pinto da maternidade em Brasília quando ele tinha apenas 13 horas de vida e o registrou como Osvaldo Martins Borges. Ele foi criado pela farsante em Goiânia até os 16 anos, quando em novembro de 2002 um exame de DNA confirmou que o menino não era filho da mulher, mas de um casal que teve o bebê desaparecido no dia do nascimento. Na foto, Pedrinho aparece entre os pais biológicos

Mais de uma década após o sumiço de Carlinhos, outro caso
chocou o Brasil. O escoteiro Marco Aurélio, que tinha 15 anos na época,
desapareceu durante uma expedição no pico dos Marins, em Piquete (SP), em 1985.
Segundo o grupo que acompanhava o adolescente, ele desceu a trilha sozinho após
um colega ter se machucado

Bruna Marques Melo

A menina brincava com os irmãos, quando uma caminhonete passou entregando panfletos de
circo na frente da casa dela. As crianças entraram para mostrar o papel à mãe,
mas Bruna nunca mais foi vista. Ela desapareceu em Frutal (MG), em outubro de
2009, e até hoje não se sabe o que aconteceu

No dia 17 de abril de 2001, Filipe Francisco Lopes Dantas nasceu em um hospital de Santos (SP). Três dias depois, Silvânia Clarindo Souza se disfarçou de enfermeira, entrou no hospital e pegou Filipe dos braços da mãe. O menino registrado pela sequestradora como Alisson de Souza só foi encontrado dois anos e nove meses depois em uma favela do Guarujá, também no litoral paulista, e devolvido para os pais biológicos

Enquanto a mãe dormia no quarto junto aos dois filhos gêmeos de 16 dias na maternidade de um hospital de Maringá, no Paraná, uma mulher de 20 anos sequestrou uma das crianças e a levou para casa. A sequestradora era paciente do hospital e deu entrada no local com gravidez psicológica. Depois de uma hora, a polícia encontrou a criança na casa da suspeita, que foi presa em seguida. A recém-nascida voltou ao hospital e ficou internada na pediatria com a mãe

Uma mulher de 43 anos fingiu ser uma enfermeira para sequestrar uma recém-nascida em uma maternidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, em 2014. Ela teve acesso ao quarto de Viviane Beatriz Casagrande e disse que levaria a bebê Bárbara para fazer exames que durariam 20 minutos. A mulher conseguiu sair do hospital com a menina e a sequestrou por cerca de nove horas. Ela foi detida pela polícia, confessou que pegou a bebê para cuidar e que não pretendia fazer mal algum a ela

O caso do bebê Nicolas, de 2 anos, que desapareceu em Santa Catarina no dia 30 de abril e foi encontrado oito dias depois com um casal em São Paulo, é mais um dos muitos episódios que envolvem desaparecimentos e sequestros de crianças que chocaram o Brasil. O caso de Nicolas é investigado como possível tráfico humano, e a polícia procura saber se a mãe biológica recebeu dinheiro para entregar a criança a um homem e uma mulher — outros parentes denunciaram o desaparecimento do garoto. Relembre casos de meninos e meninas que sumiram no país