Dois são indiciados pela morte de dentista queimado em São José dos Campos
Homens de 25 e 30 anos seriam os autores do latrocínio contra profissional de 41 anos
São Paulo|Thiago de Araújo, do R7

Dois homens foram indiciados pela Polícia Civil pela morte do dentista Alexandre Peçanha Gaddy, de 41 anos, no último dia 27 de maio. A vítima teve 60% do corpo queimado durante um assalto ao seu consultório, em São José dos Campos, no interior de São Paulo. A informação consta na conclusão do inquérito policial, divulgada na segunda-feira (15).
Segundo o delegado da seccional de São José dos Campos, interior de São Paulo, Leon Nascimento Ribeiro, cinco pessoas – dois adultos, de 25 e 30 anos, e três menores da idade – integravam uma quadrilha que realizava roubos na região. A confissão de uma adolescente de 15 anos, que participava dos crimes com o grupo, apontou a autoria do crime.
— Eles (indiciados) negam a participação, mas temos provas, baseadas na confissão dessa adolescente. Ela disse que eles eram um bando organizado, que praticava roubos, mas que tudo deu errado nesse dia e eles cometeram esse absurdo para fazer pressão sobre a vítima – disse o delegado à reportagem do R7.
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Os dois homens acusados pelo crime estão presos no Centro de Triagem de Caçapava e vão responder pelo crime de latrocínio (roubo seguido de morte), crime cuja pena varia entre 20 e 30 anos de reclusão, segundo o Código Penal brasileiro. Já os três adolescentes estão apreendidos e o futuro deles será decidido pela Vara da Infância e Juventude.
Ainda de acordo com o delegado responsável pelo caso, embora tenha concluído o inquérito e o disponibilizado ao MP (Ministério Público), a polícia segue trabalhando em provas técnicas, como as ligações feitas pelos acusados na hora do crime. Essas novas evidências, quando em posse dos policiais, serão anexadas ao inquérito.
— Com base no que foi produzido, não resta a menor dúvida de que os acusados foram os autores do crime – completou Leon Nascimento Ribeiro.
O delegado ainda descartou que o crime tenha sido inspirado em outro latrocínio, o da dentista Cinthya Magaly Moutinho de Souza, em abril deste ano, na cidade de São Bernardo do Campo, no ABC paulista. Segundo ele, a adolescente que confessou participação no crime em São José dos Campos negou que o grupo tivesse se lembrado do crime na Grande São Paulo para queimar o dentista vivo.
O caso
Gaddy morreu no dia 3 de junho.Ele estava internado no Hospital Albert Einstein, na zona oeste de São Paulo. No dia do assalto, o dentista havia ficado até mais tarde no consultório para esterilizar equipamentos.
A Polícia Militar foi chamada depois que vizinhos ouviram gritos de socorro de Gaddy e viram fogo no interior do estabelecimento. Quando os policiais chegaram, perceberam que havia muita água no chão. Essa foi uma tentativa desesperada do dentista em apagar as chamas.
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A vítima estava consciente quando a polícia chegou. Gaddy disse que dois homens entraram no consultório, anunciaram o roubo e, quando ele foi retirar o celular do bolso, jogaram álcool nele e atearam fogo. No banheiro, onde foi queimado, estavam a embalagem do produto e o isqueiro usados no crime.
Alexandre Peçanha Gaddy foi levado ao Pronto-Socorro Municipal de São José dos Campos, na Vila Industrial. No dia seguinte, foi transferido para o setor de queimados da Santa Casa da cidade onde permaneceu até o dia 30 de maio, quando foi novamente transferido, desta vez, para o Hospital Albert Einstein.
São Bernardo do Campo
Outro caso envolvendo uma dentista chocou o País em abril deste ano. Cinthya Magaly Moutinho de Souza, de 47 anos, foi queimada viva durante um assalto dentro de seu consultório, na rua Copacabana, bairro do Jardim Anchieta, em São Bernardo do Campo. De acordo com a Polícia Militar, Cinthya atendia a uma paciente — cujo nome não foi divulgado — quando criminosos apertaram a campainha. Um dos bandidos disse que precisava de atendimento odontológico e a dentista abriu o portão. Logo, mais dois invadiram a casa. A paciente ficou com os olhos vendados durante toda a ação e teve a bolsa, o celular e dinheiro roubados.
Cinthya disse que estava com pouco dinheiro, mas forneceu o cartão do banco e a senha. Os criminosos sacaram R$ 30 da conta da dentista em um banco próximo ao local do crime.
Vítima pediu para não morrer antes de ser queimada viva, informa delegado
Segundo a paciente, única testemunha do crime, por volta das 12h30, a dentista começou a passar mal e, um dos bandidos, que aparentava ser menor de idade, resolveu encharcá-la com álcool para assustá-la. Segundo informações da polícia, eles queimaram a vítima por não terem conseguido levar mais dinheiro.
De acordo com o delegado seccional de São Bernardo, Waldomiro Bueno Filho, a paciente — que não ficou ferida — conseguia ouvir a dentista gritando "não faz isso" e pedindo socorro.
— Ela tentou apagar o fogo quando os bandidos fugiram, mas não foi possível. A dentista morreu em menos de três minutos.