Logo R7.com
Logo do PlayPlus

Governo inaugura na maior favela de SP o 4º hospital de campanha

Unidade passa a funcionar nesta quarta-feira no AME Barradas, em Heliópolis, na zona sul, e tem 200 leitos para pacientes com covid-19, sendo 24 de UTI

São Paulo|Joyce Ribeiro, do R7

Heliópolis, na zona sul, tem 220 mil moradores e 92 óbitos por covid-19
Heliópolis, na zona sul, tem 220 mil moradores e 92 óbitos por covid-19

O quarto hospital de campanha da cidade de São Paulo começa a funcionar nesta quarta-feira (20) na comunidade de Heliópolis, na zona sul da capital. A unidade, adaptada para atender pacientes com o novo coronavírus, funciona no já existente AME (Ambulatório Médico de Especialidades) Doutor Luiz Roberto Barradas Barata.

São 200 leitos, sendo 148 de enfermaria, 28 de estabilização e 24 de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). O investimento do governo é de R$ 30 milhões para custeio do hospital, divididos em seis meses, além de R$ 915 mil para adequação do espaço. 

Leia mais:Projetos sociais e doações ajudam Heliópolis (SP) a enfrentar pandemia

Segundo o secretário estadual de Saúde, José Henrique Germann, “os leitos são completos, sendo assim esta será a quarta unidade de campanha na cidade, com capacidade para atender casos graves de covid-19".


De acordo com o monitoramento da UNAS (União de Núcleos, Associações dos Moradores de Heliópolis e Região), até a primeira semana de abril, não havia casos de infecção por coronavírus na comunidade, mas agora no distrito do Sacomã, que compreende a favela, já são 92 óbitos confirmados ou suspeitos por covid-19, de acordo com o último boletim da prefeitura.

A cidade de São Paulo tinha nesta terça-feira (19) 2.940 mortes por covid-19, outros 3.237 óbitos em investigação e 40.750 casos confirmados de coronavírus.


Nas redes sociais, a UNAS alertou os moradores sobre o agravamento da situação. "Segundo dados do Conselho Municipal de Saúde, o número de mortos em decorrência do novo coronavírus aumentou drasticamente nos últimos dias na região: distrito do Sacomã 92 mortes (aumento de 56%), distrito do Ipiranga 62 óbitos (alta de 63%) e distrito do Cursino 62 mortes (44% a mais)", diz o comunicado.

A entidade destaca ainda, na postagem, que os dados representam apenas os casos comprovados, uma vez que o "número real pode ser maior devido à subnotificação. Isso acontece porque não há testes suficientes para a população".


A operação do AME já ocorre por meio de convênio com o Serviço Social da Construção Civil do Estado de São Paulo (Seconci-SP). A OSS (Organização Social de Saúde) é parceira da Secretaria da Saúde e administra o hospital de campanha do Ibirapuera, na zona sul, além de outros hospitais e AMEs.

Veja também: Empresário cria crowdfunding para projeto social em Heliópolis

AME Barradas já funciona em Heliópolis e agora vai atender pacientes com covid
AME Barradas já funciona em Heliópolis e agora vai atender pacientes com covid

Coronavírus em Heliópolis

Heliópolis é a maior favela de São Paulo e tem cerca de 220 mil moradores, o equivalente à população de Presidente Prudente, no interior do estado. A comunidade tem sobrevivido à pandemia com doações e ajuda de projetos sociais.

Veja também: Líderes comunitários lutam para afastar pandemia das favelas

A musicista Nicoli Correia Martins, de 30 anos, é professora de música e moradora de Heliópolis. Ela conta que, apesar do aumento do número de casos de covid-19 e mortes na cidade, pouca coisa mudou na rotina dos moradores: "Agora que tô vendo mais gente com máscara, mas as ruas tão cheias. O comércio tá todo aberto, só alguns fazem controle de acesso, apesar das faixas e campanhas".

Nicoli lembra que muitos acreditam que a doença "não pega em pobre" e teme que apareçam diversos casos ao mesmo tempo, uma vez que as pessoas vivem juntas na comunidade.

Uma das dificuldades de Heliópolis é manter o isolamento social. "A maioria das casas tem dois cômodos, muitos moram em vielas, não dá pra se isolar assim. Os jovens são o público mais difícil de atingir", afirmou Antônia Cleide Alves, presidente da UNAS.

Veja mais: Dois terços das favelas estão a menos de 2 quilômetros de hospitais

Nas redes sociais, a entidade cobrou uma ação urgente do poder público: "A mortalidade do novo coronavírus em regiões periféricas, onde há piores condições sociais, é até 10 vezes maior que em outros bairros da cidade. Por isso é urgente que o Governo do Estado e a Prefeitura atuem de forma emergencial nas favelas, para garantir a vida das pessoas em situação de vulnerabilidade".

O hospital de campanha passa a funcionar no AME Barradas, que fica na avenida Almirante Delamare, 1534 - Cidade Nova Heliópolis.

Hospital de campanha do estádio do Pacaembu foi o primeiro a funcionar em SP
Hospital de campanha do estádio do Pacaembu foi o primeiro a funcionar em SP

Outros hospitais

O primeiro hospital de campanha inaugurado na capital fica no estádio do Pacaembu, na zona oeste. A unidade, que funciona desde o dia 6 de abril, tem 200 leitos de baixa e média complexidade, além de 10 leitos para estabilização com funcionalidade de UTI para casos mais graves. No equipamento também são feitos exames de diagnóstico por imagem.

A segunda unidade funciona no Complexo do Anhembi, na zona norte, é a maior e tem 1.800 leitos. O objetivo é deixar os hospitais apenas para os casos de alta complexidade.

Tanto o Anhembi como o Pacaembu são administrados pela prefeitura e só recebem pacientes encaminhados pelas unidades da rede pública de saúde.

No dia 1º de maio, o governo do Estado inaugurou o hospital de campanha do Complexo do Ibirapuera, na zona sul, que ocupa uma área de 7 mil m² e abrange o gramado e parte da pista de atletismo. O local tem 800 profissionais de saúde, entre médicos, enfermeiros, paramédicos e auxiliares. 

O espaço tem 240 leitos de baixa complexidade, 28 leitos de estabilização, sala de descompressão, consultórios médicos e tomografia. A unidade é referenciada e recebe pacientes vindos de unidades de pronto atendimento.

Últimas


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.