Logo R7.com
Logo do PlayPlus

Mulher que perdeu o bebê vai processar motorista de app

Condutor do carro obrigou ela e a mãe a descer em um posto por medo de sujar o banco de sangue, uma vez que ela estava com hemorragia 

São Paulo|Joyce Ribeiro, do R7

Daiany estava grávida de 13 semanas, mas perdeu o bebê após hemorragia
Daiany estava grávida de 13 semanas, mas perdeu o bebê após hemorragia

A mulher que perdeu o bebê depois que um motorista de aplicativo pediu que ela descesse do carro para não manchar de sangue o banco do veículo vai processar o motorista e a empresa. "Contratamos um advogado. Registramos o boletim de ocorrência. Ontem minha filha foi para o IML para fazer o exame de corpo de delito. O motorista vai ser processado por omissão de socorro", afirmou ao R7 Rita de Cássia Fernandes Franco, que acompanhava a filha grávida ao hospital.

As duas saíram do Jardim Maria Estela, na zona sul de São Paulo, e pretendiam chegar ao hospital no Ipiranga. Como a gestante estava fraca, chamaram um carro de aplicativo. Mas no meio do trajeto, no km 9 da rodovia Anchieta, ele desistiu da corrida por medo de sujar o banco do carro de sangue, uma vez que ela estava com hemorragia.

Leia mais: "Tinha medo de manchar o carro", diz mulher que perdeu o bebê em SP

Daiany Franco, de 31 anos, estava grávida de 13 semanas, quando teve um sangramento. Segundo a vítima e a mãe dela, o condutor disse diversas vezes que “se o banco do carro manchasse, elas teriam que pagar”. As duas tiveram de descer em um posto de combustíveis e chamaram o resgate.


"Ficamos uns 20 minutos no posto e na chuva. Eu abri um guarda-chuva porque tava caindo água na minha filha. O resgate demorou a chegar, liguei 190 e a PM foi quem socorreu minha filha", lembra Rita.

Nas imagens das câmeras de segurança do posto, é possível ver quando mãe e filha descem do carro. A mãe de Daiany desesperada pede ajuda aos frentistas e carros que estão no local. Logo atrás aparece a gestante visivelmente com dor. Alguns minutos depois chega uma viatura da Polícia Militar e leva as duas para o hospital.


Veja também: Em prisão domiciliar, Mizael Bispo não será monitorado pela Justiça

Rita de Cássia acredita que algo mais sério podia ter ocorrido com a demora: "Ela chegou ao hospital desacordada, não respondia mais. Os médicos foram muito rápidos. Se demorasse mais 5 minutos, não teria salvado nem minha filha".


Daiany disse à Record TV que acredita que poderia ter salvado o bebê caso tivesse ido direto para o hospital: "O tempo que a gente perdeu ali no posto, eu já estaria no hospital, recebendo o socorrro e os cuidados necessários".

Motorista parou em posto e pediu para que a gestante descesse do carro
Motorista parou em posto e pediu para que a gestante descesse do carro

Gravidez

Daiany trabalhava num salão de beleza, mas por causa da pandemia, perdeu o emprego e hoje é autônoma: vende açaí em casa. Ela mora com o marido e três filhos, de 13, 6 e 3 anos, em uma casa alugada. Segundo Rita, o quarto filho era motivo de alegria para a família: "Estávamos comemorando, ela já tinha feito exames e ia fazer o ultrassom".

Leia ainda:"Maníaco do Jabaquara": preso já foi alvo de ação contra pedofilia

A gravidez não foi planejada, mas era muito esperada pela gestante. No hospital, ela sofreu um aborto espontâneo. "O momento mais difícil foi quando estava no centro cirúrgico e ouvi o chorinho de um bebezinho. Enquanto umas vidas estão nascendo, vou ter que tirar outra de dentro de mim. Senti as dores do parto, mas não ia poder segurar o bebê no colo", pensou Daiany, que fez uma curetagem.

O boletim de ocorrência foi registrado, segundo Rita, no 98° DP (Jardim Miriam), mas o caso vai ser investigado pelo 26° DP (Sacomã).

Rita afirma que a filha está bem, ainda um pouco fraca porque perdeu muito sangue, e revela que jamais vai esquecer o que viveu: "Nada vai trazer de novo o meu netinho pro ventre da mãe. Todo tempo eu me perguntava como um ser humano fez aquilo, todos devemos prestar socorro. Falo isso não só por ela, podia ser um idoso, pra que não se repita". 

Veja mais: Justiça dá 90 dias para Prefeitura de SP abrir centros de acolhida

Outro lado

A plataforma da qual o motorista faz parte afirmou que ele foi bloqueado do aplicativo e que está prestando suporte à vítima.

Últimas


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.