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Virada Cultural fica mais segura, mas perde público e se isola no centro de SP

Espectadores compartilham opiniões sobre evento, que teve palco no Anhangabaú, único na região central, cercado por tapumes

São Paulo|Do R7

Palco da Virada Cultura no Anhangabaú, centro de SP
Palco da Virada Cultura no Anhangabaú, centro de SP

O palco principal da Virada Cultural 2023, no Anhangabaú, centro de São Paulo, ficou mais seguro. O policiamento ostensivo inibiu os arrastões e diminuiu a sensação de insegurança.

Veja fotos do evento.

Por outro lado, o público rareou durante os shows da madrugada deste domingo (28), um reflexo provável da violência do evento em 2022.

E a escolha de uma arena única no centro, isolada por tapumes, impediu a circulação por outras áreas – um dos objetivos da Virada Cultural quando foi criada, em 2005. Em linhas gerais, essa foi a percepção, negativa e positiva, de frequentadores do evento entre sábado (27) e a madrugada de domingo (28).


Virada mais centralizada

PM reforçou segurança no Anhangabaú para Virada Cultural
PM reforçou segurança no Anhangabaú para Virada Cultural

Espectador da Virada Cultural desde 2015, o programador Henrique Trindade, de 33 anos, lembra-se de percorrer vários palcos, de tamanhos diversos, em edições anteriores do evento. Isso se perdeu, em sua visão. "Ficou tudo num lugar só, mais restrito", conta.

Trindade se refere às edições em que o evento acompanhava o centro desde a Estação da Luz até a Praça da República. A Virada Cultural 2023 é a 18ª edição e, neste ano, contou com apenas um palco com atrações durante a madrugada, o do Vale do Anhangabaú.


Já os shows em palcos de regiões mais periféricas começaram às 17h de sábado, pararam às 22h e foram retomados às 9h deste domingo.

A ideia de promover uma reocupação e ressignificação do centro histórico de São Paulo a partir de espetáculos musicais e culturais teve de se adaptar ao aumento da criminalidade na região.


Neste domingo, o viaduto do Chá, a Praça Ramos de Azevedo e as escadarias da Líbero Badaró estavam cercados com tapumes, isolando o Anhangabaú do entorno, como se ele fosse uma fatia separada da cidade.

Para exorcizar o fantasma dos arrastões, a festa foi feita em um cercado, resumiu um fã do rapper MV Bill, que se apresentou na madrugada de domingo.

Nesse contexto, a enfermeira Rafaela Belchior, de 35 anos, compara o novo formato do evento a um festival musical, como o Lollapalooza ou o Rock in Rio. Contribuem para essa sensação, em sua opinião, as grades de contenção, a venda de bebida e comida feita majoritariamente por ambulantes credenciados, e a entrada feita por um acesso totalmente controlado, com revista.

Para Trindade, o lado bom de shows mais seguros foi ter conseguido levar o filho, de 4 anos, para sua primeira virada.

Para o menino, as grades de contenção significaram liberdade de correr e transformar uma garrafa de água em bola de futebol imaginária. Foi possível ver outras famílias com crianças, principalmente moradoras da região central, curtindo os shows.

Shows esvaziados

Luedji Luna, uma das atrações da Virada Cultural 2023
Luedji Luna, uma das atrações da Virada Cultural 2023

Depois do show do grupo BaianaSystem, a principal atração da noite de sábado, a plateia do Anhangabaú ficou esvaziada.

O cantor argentino Dread Mar-I e a brasileira Luedji Luna, que se apresentaram em seguida, cantaram para um público fiel, mas restrito às proximidades do palco.

Nas zonas mais distantes, era possível perceber policiais conversando por volta das 2h30 – no início do evento, eles estavam tensos e de cara fechada.

Até a revista na entrada foi se tornando mais condescendente com a diminuição do público e deixou de lado o detector de metais. As revistas eram bem mais simples. O número de viaturas também caiu pela metade à medida que as horas passavam.

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