O tratamento preventivo contra a tuberculose cresceu 30% em comparação do ano passado com 2023, segundo dados do Ministério da Saúde. A medida faz parte de um conjunto de esforços da pasta que tenta eliminar a doença como problema de saúde pública. Para isso, o Ministério ampliou as terapias medicinais de curta duração, de três meses, que representam 72% do total, segundo o Boletim Epidemiológico da Tuberculose 2025.O tratamento da infecção latente da tuberculose, quando a pessoa tem a doença de forma adormecida, é fundamental para evitar o desenvolvimento ativo do quadro, especialmente em contatos domiciliares, crianças e grupos mais vulneráveis, como pessoas vivendo com HIV/Aids.Para aumentar a adesão ao tratamento preventivo, o Ministério ampliou essa terapia encurtada chamada 3HP, que combina os antibióticos isoniazida e rifapentina em doses semanais, durante três meses. Ou seja, um total de 12 doses até o fim do processo. As duas substâncias são combinadas em um mesmo comprimido, e, geralmente, uma dose para adulto corresponde a três comprimidos.Em 2024, 72% dos tratamentos preventivos adotaram esse regime – um salto em relação aos 52,4% registrados no ano anterior. A maior adesão se deve à curta duração e à menor toxicidade do 3HP, uma vez que ele causa menos náuseas e mal-estar que o cuidado clássico somente com a isoniazida, antibiótico cujo protocolo de uso é de 180 doses, com duração de 6 a 9 meses.A mudança nessa adesão aos medicamentos levou a uma taxa de conclusão de 80% dos tratamentos iniciados, a mais alta entre as terapias disponíveis pelo SUS.Segundo o diretor do Departamento de HIV/Aids, Tuberculose, Hepatites Virais e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde, Draurio Barreira, “as tecnologias preventivas viabilizam a meta de eliminação, por isso é muito importante que sejam cada vez mais inovadoras”. “Em breve, teremos uma terapia de 28 dias, que pode ter uma adesão ainda melhor”, observou.Vale ressaltar que o SUS (Sistema Único de Saúde) oferece gratuitamente, além das terapias medicamentosas, a vacina BCG, que protege crianças contra as formas graves da doença.O Boletim Epidemiológico da Tuberculose 2025 também mostrou que o número de diagnósticos de novos casos segue no patamar de 84 mil, embora tenha sido registrada uma pequena queda de 2023 (84.994) para 2024 (84.308). O número vem em crescente desde 2020, quando foram 69.681 registros.O quadro se deve, principalmente, às implicações da pandemia de Covid-19, que levaram a uma subnotificação, como explica Draurio Barreira. “Na pandemia, houve uma tendência de queda em todo o mundo, não só no Brasil. Agora, estamos na retomada dos diagnósticos. Mas isso deve perder força, como já começa a acontecer em alguns países, com um arrefecimento desse pico nos próximos anos e retorno ao patamar anterior”, explica.Nos anos de pandemia, muita gente que estava com tuberculose acabou sendo diagnosticada como paciente de Covid-19. Além disso, muitas pessoas, em isolamento, evitaram procurar os serviços de saúde no período pandêmico e, ainda, sem saber que estavam com a doença e sem tratá-la, podem ter infectado familiares. Esse quadro afetou também o número de óbitos.O Ministério da Saúde destinou R$ 100 milhões para reforçar a vigilância, prevenção e controle da tuberculose, dentro do Incentivo Financeiro às Ações de Vigilância, Prevenção e Controle do HIV/aids, da Tuberculose, das Hepatites Virais e das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).Entre 2023 e 2024, em parceria com o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), foram lançadas chamadas públicas para financiar pesquisas sobre tuberculose, totalizando R$ 20 milhões em investimentos. Além disso, R$ 6 milhões foram disponibilizados para projetos de mobilização social liderados por organizações da sociedade civil.Outra iniciativa importante foi o lançamento do Prevenir TB, um aplicativo desenvolvido para apoiar profissionais de saúde do SUS na tomada de decisões com informações estratégicas sobre o tratamento preventivo da tuberculose.No Prevenir TB, o profissional seleciona as características e tem uma resposta indicando se a escolha deve ser por iniciar o tratamento para prevenção ou se não é necessário. O sistema faz algumas perguntas e guia para a tomada de decisão clínica. Por exemplo, se é o caso de alguém que teve contato com um infectado por tuberculose, o aplicativo questiona, entre outras coisas, se há sintomas.O app utiliza a tecnologia Progressive Web App (PWA), permitindo acesso prático em diversos dispositivos e navegadores.*Com informações do Ministério da SaúdeFique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp