Unicef publica orientações para falar com crianças e adolescentes após desastres naturais
Segundo a agência, ter uma conversa aberta e cuidadosa pode auxiliar na compreensão do cenário
Saúde|Rafaela Soares, do R7, em Brasília
A Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) publicou uma série de orientações de como pais ou responsáveis devem conversar com crianças e adolescentes sobre desastres naturais, como as enchentes do Rio Grande do Sul. Segundo a agência, esses tipos de acontecimentos podem gerar ansiedade e aumentar a vulnerabilidade dos menores. Para os especialistas, é crucial manter uma conversa aberta e cuidadosa para eles entenderem a situação.
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As instruções publicadas abordam desde momento mais crítico, como a necessidade da saída emergencial de um local, ou até mesmo para aqueles que não foram afetados pelos fenômenos, mas tiveram acesso às imagens ou ouviram conversas. “Nessas circunstâncias, é comum sentir-se desnorteado, e as crianças e adolescentes também podem se sentir ansiosos, com medo e até desenvolver traumas. Além disso, meninos e meninas podem ficar expostos a uma série de vulnerabilidades durante esses momentos”, explica o manual.
É ideal ser claro no que está acontecendo, dizem os pesquisadores. Por isso, é recomendado não mentir sobre a situação e evitar dizer frases como “isso não vai acontecer outra vez”. Além disso, aqueles diretamente afetados devem manter uma rotina, mesmo que alterada, com atividades para as crianças e adolescentes.
Os responsáveis devem perguntar para a criança sobre o que ela sabe sobre determinado ponto, ouvindo com atenção o que ela tem a dizer. Caso ela não se sinta confortável, não é preciso pressionar, explica a Unicef. Outro ponto fundamental é o adulto cuidar de si mesmo, já que ele também está sob estresse emocional. “Cuide-se para poder dar o apoio necessário aos meninos e meninas. Compartilhe o que você sente com outras pessoas. Quando conversar com a criança, procure manter a calma e respirar. As crianças sentirão o mesmo que veem em você”, ressalta o manual.
Os especialistas também recomendam que as crianças sejam incluídas em ações de solução, para que elas se sintam parte de algo. Essa recomendação vale inclusive para crianças e adolescentes portadores de deficiências. “Encontrar maneiras seguras de contribuir é um caminho valioso de fortalecimento”, diz uma das recomendações.
Veja lista completa
- Quando conversar com a criança, procure manter a calma e respirar. As crianças sentirão o mesmo que veem em você;
- Em caso de evacuação, explique brevemente o que vai acontecer. Se as condições permitirem, deixe que fiquem com um objeto especial, como um brinquedo;
- Pergunte o que a criança sabe sobre o que está acontecendo e ouça com atenção o que tem a dizer. É provável que a criança repita muitas vezes o que pensa. Diga que suas perguntas e comentários são importantes;
- Se a criança não quiser conversar, não a pressione. Se a criança chorar, não a peça para parar ou reprimir suas emoções: o choro também é uma forma saudável de descarga emocional;
- Explique de forma real e simples o que está acontecendo. Evite mentir, como dizer que “isso não vai acontecer de novo”;
- Se estiver em abrigos, veja se é possível reservar um espaço em que as crianças possam brincar em segurança;
- Na medida do possível, tente retomar uma rotina e procure proporcionar espaços de brincadeira com outros meninos e meninas. Estimule que a criança desenhe, pinte, ouça música e brinque;
- Lembre-se de que você também está sob estresse emocional. Cuide-se para poder dar o apoio necessário aos meninos e meninas. Compartilhe o que você sente com outras pessoas;
- Crie oportunidades para que todas e todos se sintam parte das soluções, inclusive crianças e adolescentes com deficiência. Encontrar maneiras seguras de contribuir é um caminho valioso de fortalecimento;
- Ajude a identificarem apoios em suas vidas, como amigos ou familiares. Incentive a reflexão sobre como conseguiram lidar com situações de dificuldade do passado, afirmando a habilidade que têm de lidar com a situação atual;
- Sempre forneça informações corretas sobre uma situação de crise. Se não souber responder, proponha descobrirem juntos e juntas.