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Brasileiros vão estrear telescópio que substituirá o Hubble no espaço

Cientistas foram selecionados para o primeiro ciclo de utilização do James Webb a partir de maio de 2022

Tecnologia e Ciência|João Melo, Do R7*

James Webb será lançado ao espaço no dia 31 de outubro
James Webb será lançado ao espaço no dia 31 de outubro James Webb será lançado ao espaço no dia 31 de outubro

A comunidade astronômica mundial enxerga o ano de 2021 como um grande passo rumo à exploração do universo. Isso porque está previsto para o dia 31 de outubro o lançamento do Telescópio James Webb, dispositivo construído ao longo de três décadas com o intuito de ser o sucessor do telescópio Hubble, lançado ao espaço em 1990.

No dia 29 de março, o Instituto de Ciências de Telescópios Espaciais anunciou os 286 projetos que poderão participar das primeiras observações do novo telescópio, e o Brasil é um dos países que terá representantes no ciclo 1 de utilização do novo equipamento espacial.

O projeto brasileiro

A proposta denominada “Suprimindo a formação estelar: desvendando ventos moleculares em núcleos ativos de galáxias” é liderada pelo Grupo de Astrofísica da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria) e tem como investigador principal o professor Rogemar André Riffel, do Departamento de Física da universidade.

Junto com ele estão Marina Bianchin, doutoranda em Física na UFSM e os pesquisadores Rogério Riffel e Thaisa Storchi-Bergmann, ambos da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Também colabora com o projeto a pesquisadora Nadia Zakamska, da Johns Hopkins University, dos Estados Unidos.

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"A nossa proposta de observação é de três galáxias relativamente próximas, que estão a aproximadamente 300 milhões de anos luz de distância da Terra. Elas foram selecionadas por possuírem no centro buracos negros super massivos que estão capturando matéria ativamente”, destaca o professor Rogemar Riffel.

O professor afirma que observações anteriores já indicaram que essas galáxias possuem uma grande quantidade de gases moleculares, em especial de hidrogênio. Mas, com o novo instrumento espacial, será possível verificar como essa matéria produzida no entorno de buracos negros pode afetar a evolução destes sistemas interestelares.

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“Os satélites anteriores só permitem a observação de uma determinada região em cada galáxia, e o James Webb vai permitir olhar os detalhes mínimos destes agrupamentos de corpos celestes. Com isso, conseguiremos mapear a quantidade de gás molecular, onde ele está, como se distribui e como se movimenta”, ressalta o especialista.

Importância para a astronomia brasileira

A astronomia brasileira já proporcionou um momento histórico neste ano ao lançar no espaço o satélite Amazônia-1, o primeiro 100% nacional a ser colocado em órbita. Diante disso, a seleção de um projeto composto majoritariamente por cientistas do país para participar das primeiras observações de um telescópio que promete revolucionar a exploração do universo é mais um passo importante para a ciência brasileira.

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“O Brasil estar acompanhando este processo mostra o quão competitiva é a nossa ciência, porque a gente concorreu com cientistas de todo o mundo”, destaca Rogemar.

“Isso também significa que o que a gente vem produzindo até então vai começar a render cada vez mais frutos, uma vez que, possivelmente, o Brasil estará presente nas próximas descobertas relacionadas ao James Webb”, completa.

Formulação, envio e aprovação da proposta

As observações no novo telescópio estão previstas para terem início em maio de 2022, após o instrumento passar por algumas verificações técnicas quando já estiver em órbita. A proposta do grupo brasileiro prevê cerca de 16 horas de utilização do equipamento, tempo esse definido já no momento da formulação e do envio do projeto para o Instituto de Ciências de Telescópios Espaciais.

Segundo o professor, na solicitação de observação os cientistas precisam informar os objetos de estudo, quanto tempo será necessário para a observação deles e mostrar que com este tempo terão os dados e a qualidade necessária para desenvolver pesquisas.

“Depois disso, a proposta é analisada por um comitê científico, e isso tem um peso enorme na avaliação de uma proposta. O comitê vai julgar se ela é relevante, ou não, para a comunidade internacional”, afirma o docente da UFSM.

Características do James Webb

O telescópio James Webb teve um dos maiores investimentos da história para a produção de um equipamento espacial, com cerca de US$ 10 bilhões (R$ 56 bilhões na cotação atual) destinados à sua construção. Ele levou aproximadamente 30 anos para ser totalmente construído e vem para ser o sucessor do telescópio Hubble.

O telescópio é considerado uma revolução para a astronomia mundial
O telescópio é considerado uma revolução para a astronomia mundial O telescópio é considerado uma revolução para a astronomia mundial

Enquanto o Hubble possui 2,4 metros de diâmetro, o James Webb terá 6,5 metros. Para além do tamanho, o novo instrumento é considerado inovador porque, enquanto o seu antecessor observa corpos celestes próximos nos espectros ultravioleta, visível e infravermelho, ele vai permitir observações de objetos que possuem uma faixa de frequência mais baixa, podendo analisar matérias que estão a distâncias consideradas médias e longas.

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Isso significa que o James Webb vai poder observar distâncias maiores no espaço e com uma riqueza de detalhes nunca vista, permitindo que os pesquisadores consigam estudar um período de tempo onde começaram a surgir as primeiras estrelas que se agruparam nas galáxias.

“O James Webb é um equipamento único, o que há de mais moderno na astronomia. É uma nova era para a comunidade astronômica e certamente representará uma grande revolução”, destaca Rogemar Riffel.

*Estagiário do R7 sob supervisão de Pablo Marques

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