Vision Pro, da Apple, é dispositivo impressionante para poucos compradores, dizem analistas
Especialistas apostam que o produto inovador demorará a ser adotado pelo grande público e ganhar preço mais competitivo
Tecnologia e Ciência|Do R7
Os analistas elogiaram nesta terça-feira (06) o Vision Pro, da Apple, por sua tecnologia impressionante, mas alertaram que levará alguns anos até que os óculos de realidade aumentada, de 3.499 dólares (R$ 17.185, na conversão direta do câmbio atual), sejam amplamente adotados.
O dispositivo, que os investidores receberam com pouco entusiasmo, marcou a primeira nova linha de produtos da empresa desde o lançamento do Apple Watch, há quase uma década.
O presidente-executivo, Tim Cook, disse que o dispositivo pode desencadear o surgimento da "computação espacial", na qual o conteúdo digital se mistura com o mundo físico, assim como o iPhone mudou o mundo dos celulares.
Essa visão, segundo analistas, poderá levar algum tempo para se materializar, uma vez que o preço elevado provavelmente vai dissuadir a maioria dos compradores, além de o produto não possuir nenhum uso claro além do entretenimento em um mercado de realidade aumentada ainda incipiente.
"A Apple provou que tem uma visão do papel que a tecnologia de realidade aumentada pode desempenhar para os consumidores... e o Vision Pro pareceu elegante/diferenciado em relação aos existentes e apresenta um claro potencial", disseram analistas do Morgan Stanley.
Leia também
"No entanto, o Vision Pro não está pronto para o consumo em massa", acrescentaram, ao apontar, entre outros problemas, uma bateria externa volumosa e a falta de um "aplicativo viral".
Alguns analistas também alertaram que as ofertas de realidade aumentada mais baratas da Meta, a líder de mercado, pode ser um impedimento, já que o Meta Quest 2 está sendo vendido por 299 dólares e seu sucessor, divulgado na semana passada, o Meta Quest 3, custa 499 dólares.
"Embora a Apple represente o maior desafio à Meta desde a entrada da proprietária do Facebook nesse segmento, ela não conseguirá ultrapassar a Meta em termos de envio", disse Harmeet Singh Walia, analista sênior da Counterpoint Research.
Ele acrescentou, contudo, que a Apple pode não precisar dominar o mercado em termos de envios para se tornar o player mais proeminente.
"Assim como acontece com os smartphones, dos quais a Apple geralmente tem mais de 80% da participação na rentabilidade, com cerca de 20% da participação nos envios, isso pode se tornar o player mais bem-sucedido sem se tornar o mais amplamente adotado", disse Walia.
LEIA ABAIXO: Macs, saúde e privacidade: veja todas as novidades apresentadas pela Apple na WWDC 2023