Deputados da oposição querem dividir com senadores o poder de sabatinar indicados ao STF
Proposta de Emenda à Constituição também sugere limitar em 10 anos mandato dos ministros do Supremo Tribunal Federal
Brasília|Hellen Leite, do R7, em Brasília
Deputados da oposição na Câmara articulam a apresentação de uma proposta que sugere que deputados dividam com os senadores o poder de sabatinar indicados ao (STF) Supremo Tribunal Federal. Atualmente, somente os membros do Senado participam do processo de aprovação de um nome à Suprema Corte. A PEC (Proposta de Emenda à Constituição) também sugere mandato de dez anos para os ministros do STF.
A sugestão faz parte de um conjunto de proposições "anti-STF" que têm ganhado força nos últimos meses em razão do conflito de competências entre o Legislativo e o Judiciário. Isso porque uma ala de parlamentares julga que os ministros têm atuado para invalidar leis aprovadas no Congresso.
A proposta ganhou o apelido de "PEC do resgate parlamentar", e quem tem buscado apoio para a apresentação do texto é o deputado Gustavo Gayer (PL-GO). Uma PEC só pode ser apresentada com a assinatura de, no mínimo, 171 deputados.
A movimentação acontece em um momento de tensão entre o Parlamento e o Judiciário devido às operações policiais autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes que mirou deputados da oposição.
Carlos Jordy (PL-RJ) foi alvo de uma operação relacionada ao 8 de Janeiro, enquanto Alexandre Ramagem (PL-RJ) está sendo investigado no contexto da "Abin paralela".
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Atualmente, duas PECs que tratam da limitação dos poderes dos ministros da Suprema Corte estão em tramitação no Congresso. Uma delas limita decisões monocráticas e pedidos de vista nos tribunais superiores. Em linhas gerais, a proposta impede que decisões tomadas por um ministro do STF suspendam a vigência de leis ou atos dos presidentes da República, do Senado e da Câmara dos Deputados.
Essa proposta tem sido defendida pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), sob o argumento de que a matéria ajuda a "equilibrar os Poderes". O texto recebeu aval dos senadores em novembro e seguiu para a Câmara dos Deputados.
A outra PEC tem a ver com a elevação da idade mínima e a instituição de mandato com prazo fixo para ministros do STF. Pela proposta, seriam fixados oito anos para o mandato de ministros do Supremo, sem direito à recondução.
Atualmente, para ser indicado à vaga, é necessário que o candidato tenha entre 35 e 70 anos, sendo que pode ficar no cargo até completar 75 anos, que é a idade máxima para a aposentadoria no serviço público.
Uma terceira proposta tem a ver com a limitação do acesso ao Supremo por parte de partidos políticos. A ideia já foi defendida pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e tem a simpatia do ministro do STF Gilmar Mendes. Por isso, é vista como a proposta mais viável nas duas Casas.
O texto é de autoria do deputado Marcos Pereira (Republicanos), vice-presidente da Câmara, e tem sido chamado de "PL da Moderação dos Poderes". Em linhas gerais, o projeto de lei prevê que somente siglas que alcançarem a cláusula de desempenho nas eleições terão direito a ingressar com Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) e Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) no STF. Na prática, isso vai reduzir o poder de partidos menores.