Em janeiro, as receitas administradas por outros órgãos que não pela Receita saltaram de 60,86% ante o mesmo período de 2016
Joka Madruga/Estadão ConteúdoA arrecadação federal com impostos e contribuições teve alta real de 0,79% em janeiro sobre igual mês do ano passado, a R$ 137,392 bilhões. A performance foi fundamentalmente puxada pelo recolhimento com royalties de petróleo, conforme informou a Receita Federal nesta quarta-feira (22).
No mês passado, as receitas administradas por outros órgãos que não pela Receita tiveram um salto de 60,86% sobre janeiro de 2016, já descontada a inflação, a R$ 5,494 bilhões.
Segundo o chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros, Claudemir Malaquias, o avanço se deu pela maior arrecadação com royalties, principalmente de petróleo, já que no mesmo período de 2016 essa base veio fraca.
Enquanto isso, as receitas administradas pela Receita recuaram 0,75% sobre janeiro do ano passado, a R$ 131,898 bilhões.
"Esse resultado foi decorrente, basicamente, da retração dos principais indicadores macroeconômicos e por fatores pontuais como a antecipação de saídas de cigarros em janeiro de 2016, sem que o mesmo fato tenha se verificado em 2017", disse a Receita em relatório.
Juros, inflação, dólar, PIB: como esses indicadores podem afetar o seu bolso em 2017?
Os recursos levantados com Cofins/Pis-Pasep caíram R$ 1,472 bilhão sobre janeiro do ano passado, contribuindo fortemente para a queda na arrecadação da Receita, assim como as receitas previdenciárias, que recuaram R$ 767 milhões no período.
Também sofreram quedas expressivas Imposto de Importação/IPI-Vinculado (- R$ 562 milhões) e IPI-Fumo (- R$ 589 milhões).
Esses movimentos acabaram ofuscando a arrecadação com Imposto de Renda Pessoa Jurídica/Contribuição Social sobre Lucro Líquido, que teve um ganho de R$ 1,287 bilhão em janeiro sobre um ano antes, motivado principalmente pela alta na arrecadação da estimativa mensal recolhida por empresas do setor financeiro.
O governo prevê que o ano de 2017 será melhor para a arrecadação em função da retomada do crescimento econômico, mesmo que tímido, após dois anos de profunda recessão.
Em falas públicas, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, vem lembrando que quando o PIB (Produto Interno Bruto) sobe, a tendência é que a receita tributária apresente um avanço percentual ainda maior.
Por enquanto, a expectativa da equipe econômica é de uma alta do PIB de 1% neste ano. Já o mercado projeta elevação de apenas 0,48%, segundo o mais recente boletim Focus do Banco Central.
A arrecadação com tributos e contribuições, incluindo recursos extraordinários levantados na nova rodada de repatriação que ainda está em análise pelo Congresso Nacional, deverá ser fundamental para o cumprimento da meta de déficit primário de R$ 139 bilhões para o governo central neste ano.
Se confirmado, este será o quarto rombo consecutivo nas contas públicas, num retrato do desequilíbrio fiscal do País.
Copyright © Thomson Reuters.