Motoristas do Uber organizam paralisação de 24h
Categoria reclama da redução de 15% na tarifa, aplicada pela empresa no ano passado
Economia|Do R7
Um grupo de motoristas que utilizam no Brasil o aplicativo de carona paga da multinacional norte-americana Uber mobiliza uma paralisação de 24 horas, a partir das 5h da próxima segunda-feira (28), para protestar contra a redução de 15% na tarifa, aplicada no ano passado.
Os organizadores estimam que 2.000 motoristas devem desligar o aplicativo — segundo a Uber, há 10 mil parceiros no País. Eles se queixam do crescente número de novos colaboradores, o que, aliado à queda na tarifa, estaria causando prejuízo. Motoristas pedem que o valor seja reajustado em 35%.
A expectativa é de que o protesto reúna profissionais de São Paulo — onde se espera a maior adesão —, Rio, Belo Horizonte, Goiânia, Porto Alegre, Brasília, Recife, Curitiba e Campinas.
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Na capital paulista, parte do manifestantes se organiza para estacionar os veículos, a partir das 8h, na Praça Charles Miller na zona oeste, na frente do Estádio do Pacaembu, mesmo local onde taxistas já fizeram atos contra a regulamentação da Uber. Outro grupo deve se reunir no Parque Villa-Lobos, na zona oeste.
Organizado por meio do WhatsApp, o movimento pede diálogo com a Uber. Na última semana, o aplicativo suspendeu motoristas temporariamente. O Estado apurou que a empresa fez uma varredura para coibir suspeitas de fraude, mas, oficialmente, ela nega o desligamento definitivo. Os motoristas, porém, afirmam que a Uber expulsa profissionais que organizam protestos.
Por medo de represália, a maioria dos motoristas ouvidos pela reportagem e que vão aderir à paralisação não quis se identificar. Ricardo (nome fictício), cadastrado como Uber Black diz que, com a redução de 15% na tarifa e o reajuste de 6% na gasolina, o rendimento caiu significativamente. “Perdemos muito mais do que calculávamos. Estamos praticamente pagando para dirigir.” Segundo ele, o faturamento diário era de R$ 500. “Hoje não faço R$ 300.”
Para ele, o protesto não vai pesar no bolso da Uber, mas servirá para chamar a atenção.
— Acho impossível a empresa rever os valores, até porque isso começou lá fora e ela não voltou atrás. Tentamos conversar, mas fomos ignorados, então, vamos chamar atenção da mídia e do público.
Nelson Bazolli, presidente da Amparu (Associação dos Motoristas Parceiros das Regiões Urbanas) e um dos organizadores do ato, confirma que a correção da tarifa já foi pedida à empresa, que teria ignorado os apelos por conversa.
— A relação desequilibrou por causa da questão tarifária. Com menos lucro, o motorista tem menos dinheiro para comprar, por exemplo, água e balas, ou para manter o ar-condicionado ligado. Vai cair a qualidade do serviço.
Motorista da Uber X há dois meses, Mariana (nome fictício) entrou para a empresa para complementar a renda de comerciante, mas demonstra arrependimento.
— Era para ser mais uma fonte de renda, mas está me atrapalhando.
A colaboradora diz que trabalha 17 horas diárias para receber R$ 300.
— Quando entrei, ligava o aplicativo em casa e já tinha corrida. Trabalhava seis horas por dia e batia minha meta. Agora, chego a ficar uma hora esperando.
Em nota, a empresa afirma que a estratégia de reduzir preços tem como resultado o aumento da demanda por carros. “Com isso, os motoristas parceiros farão ainda mais viagens, chegando até a ganhar mais.”
Ainda de acordo com a Uber, embora tenha havido redução de tarifa, “os motoristas continuam ganhando a mesma porcentagem (80% para UberBlack e 75% para UberX) do valor pago pelos usuários”.