Alckmin diz que adiou reorganização “em respeito à mensagem dos estudantes”
Medida que levaria 92 escolas estaduais ao fechamento será discutida no ano que vem
Educação|Caroline Apple, do R7
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou, na tarde desta sexta-feira (4), o adiamento por pelo menos um ano da reorganização escolaranunciada por sua gestão há pouco mais de dois meses. A informação havia sido adiantada pela Rede Record. Após uma série de protestos estudantise contestação de outros setores da sociedade, o governador disse ter tomado a decisão para que haja uma nova discussão sobre a medida.
— Em respeito à mensagem dos estudantes e familiares e suas dúvidas decidirmos adiar a reorganização e rediscutir com todas as escolas, com a comunidade e principalmente os pais.
O objetivo da mudança, que implicaria o fechamento de 92 escolas, segundo o governo, seria o estabelecimento de ciclos únicos em cada unidade. Em pronunciamento à imprensa, Alckmin destacou que, em 2016, nenhum aluno será transferido, mas não abriu espaço para questionamentos dos jornalistas.
Em um rápido discurso, ele anunciou a decisão e citou dados positivos sobre a medida que seria implementada já no ano que vem.
— 2016, que seria o ano da reorganização, vai ser um ano de aprofundamento do diálogo com as escolas. Todo mundo fica nas escolas em que está estudando, não muda nada no ano que vem.
O projeto foi anunciado em setembro pelo secretário estadual da Educação, Herman Voorwald, com a justificativa de que as escolas passassem a ter apenas ciclo únicos. 754 unidades passariam a oferecer só os anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano), finais (6º ao 9º) ou ensino médio. Com isso, mais de 300 mil alunos seriam transferidos e 92 escolas, fechadas.
No dia 9 de novembro, cerca de 40 alunos da EE Diadema, no ABC Paulista, deixaram as salas de aula e passaram a ocupar corredores e demais dependências da escola contra a medida. Era o início de uma onda de protestos. No dia seguinte à ocupação em Diadema, foi a vez da EE Fernão Dias Paes, em Pinheiros e, daí em diante, o número de colégios tomados aumentou a cada dia. De acordo com o último balanço do Apeoesp (Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo), 199 escolas estão ocupadas, sendo 173 na capital. A Secretaria da Educação confirma manifestações em apenas 190.
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Nesta semana, os estudantes ampliaram a estratégia e passaram a atuar mais nas ruas da capital. A Polícia Militar reagiu com violência em quase todos os atos. Bombas de efeito moral foram usadas contra manifestantes e diversos alunos acabaram detidos.
Ontem, o MP (Ministério Público) e a Defensoria Pública de São Paulo protocolaram ação pedindo a suspensãoda reorganização para garantir que todos os alunos continuassem, em 2016, matriculados e frequentando suas escolas atuais. Os órgãos criticaram a forma como a reorganização foi proposta, "sem consulta à comunidade escolar", e disseram acreditar que a pesquisa apresentada pela Secretaria da Educação não comprovou que haveria melhoria na qualidade de ensino, principal argumento para a realização das mudanças.
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