Arábia Saudita se nega a integrar Conselho de Segurança da ONU
Recusa é uma crítica ao organismo, que tem falhado "na hora de manter a paz no mundo"
Internacional|Do R7
A Arábia Saudita renunciou nesta sexta-feira (18) a ocupação de uma cadeira temporária no Conselho de Segurança das Nações Unidas, para protestar pela "impotência" do organismo ante os conflitos no Oriente Médio, em particular na Síria.
Segundo um comunicado do ministério das Relações Exteriores saudita, "os mecanismos de trabalho e a dupla moral no Conselho de Segurança o impedem de cumprir com suas obrigações e assumir suas responsabilidades na hora de manter a paz no mundo".
Riad "não tem outro remédio a não ser renunciar a integrar o Conselho de Segurança, até que este seja renovado e dotado dos meios necessários para cumprir com suas obrigações e assumir suas responsabilidades, como garantidor da paz e da segurança no mundo", completa a nota.
Na quinta-feira (16), a Arábia Saudita foi eleita pela primeira vez membro não permanente do Conselho de Segurança de ONU, ao lado de Chile, Chade, Nigéria e Lituânia. O mandato de dois anos começa em 1º de janeiro de 2014.
O embaixador saudita na ONU, Abdullah al Muallimi, disse em um primeiro momento que o posto reconhecia a "antiga política (saudita) de apoio à moderação e à resolução de conflitos por meios pacíficos".
Mas nesta sexta-feira, a chancelaria recuou e destacou que Riad se nega a integrar um organismo incapaz de resolver conflitos no Oriente Médio.
O comunicado destaca que "há 65 anos a questão palestina permanece sem solução", o que levou a "muitas guerras que ameaçaram a paz mundial".
O texto afirma que "permitir ao regime sírio matar seu povo e queimá-lo com armas químicas, diante dos olhos do mundo inteiro, e sem sanções dissuasivas, é uma prova clara da impotência do Conselho de Segurança no momento de cumprir com seu dever e assumir suas responsabilidades".
O ministério criticou ainda a incapacidade do Conselho de Segurança de limpar a região das armas de destruição em massa, incluindo as armas nucleares, em uma referência a Israel e Irã.
A Arábia Saudita, dirigida por um braço muito rígido do islã sunita - o wahabismo - teme o programa nuclear do Irã, país de maioria xiita. O Ocidente e Israel acusam Teerã de querer produzir armamento atômico, o que a República Islâmica nega com insistência.
Já Israel é oficiosamente a única potência nuclear do Oriente Médio.
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Riad, que expressa apoio aos rebeldes hostis ao presidente sírio Bashar al-Assad, aliado de Teerã, critica a gestão da guerra pela ONU.
No mês passado, o ministro saudita das Relações Exteriores, Saud al-Faisal, se negou a comentar e inclusive a entregar uma cópia de seu discurso à Assembleia Geral da ONU, como prova de indignação com o bloqueio nos Conselho de Segurança das questões síria e palestina.
O Conselho de Segurança da ONU tem cinco países com vagas permanentes: Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China. As outras 10 cadeiras, com mandatos de dois anos, são concedidas pela Assembleia Geral, que vota a cada ano para designar cinco delas.