A presidente da Libéria, Ellen Johnson-Sirleaf, aprovou uma ordem que suspende a realização das eleições para o Senado, previstas para o dia 14 de outubro, devido ao estado de emergência no país, o mais castigado pela epidemia do ebola.
A governante também suspendeu todos os direitos a voto associados às eleições à câmara alta, segundo um comunicado do Ministério das Relações Exteriores divulgado no final da noite de quarta-feira (8).
Johnson-Sirleaf encaminhou uma declaração à CEN (Comissão Eleitoral Nacional da Libéria), encarregada da organização do pleito, para iniciar um debate com partidos políticos, candidatos independentes e a sociedade civil, assim como com instituições sanitárias nacionais e internacionais, para estabelecer uma nova data para comparecer a votação.
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A presidente justifica a decisão com nas "medidas tomadas pelo governo sob o estado de emergência para conter a expansão do ebola e outras medidas de restrição de viagens e contatos".
Em sua opinião, a realização de eleições requer um ambiente político "livre, aberto e transparente", o que não ocorre na Libéria no momento.
A Comissão Eleitoral não pôde realizar alguns procedimentos prévios à convocação do pleito, como a atualização do censo eleitoral, o encaminhamento de funcionários para todas as zonas eleitorais e o recrutamento para a votação.
O país nem sequer dispõe de material eleitoral necessário para realizar a campanha devido à suspensão de voos ao país, em que a Comissão Eleitoral também não tem liberdade para garantir a lei seja respeitada, especificou Johnson-Sirleaf.
A presidente liberiana declarou o estado de emergência no dia 6 de agosto, com a finalidade de combater o ebola e erradicar o vírus, que até o momento já matou 2.210 pessoas, segundo os últimos dados da OMS (Organização Mundial da Saúde).
"Amparada na Constituição e a mencionada declaração do estado de emergência, a presidente tem competência e autoridade para suspender, durante o período do estado de emergência, qualquer e todos os direitos exercidos de forma ordinária", acrescenta a declaração presidencial.
No entanto, o ativista e advogado especialista em Direitos Humanos Tiawon Gongloe advertiu que sem uma modificação constitucional e nem novas eleições, o Senado atual "não terá a maioria suficiente para atuar em nome do Estado". Gongloe disse que a câmara alta terá 15 membros a menos — a metade das cadeiras — e qualquer decisão adotada em seu seio será ilegal, de acordo com as leis liberianas.
A Libéria é o país mais afetado pelo surto do ebola, que surgiu na África Ocidental em março e já matou 3.879 pessoas em vários países da região.
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