Quase 130 dos 166 detentos (78,3%) da Prisão de Guantanamo, na Base Naval dos Estados Unidos em Cuba, chegaram nesta sexta-feira (17) aos centésimo dia dias sem ingerir alimentos. Os presos acusam os funcionários do presídio norte-americano de abusos e maus-tratos, o que teria motivado a greve de fome.
Embora os advogados de defesa sustentem que seja esse o número de detentos em greve, as autoridades da prisão contestam o dado e dizem que o total de presos sem comer seria de cem, o que ainda representa a maioria.
Segundo os defensores dos presos, pelo menos 30 vêm sendo alimentados à força há algumas semanas e cinco estariam hospitalizados dentro da base naval. Os presos denunciam que são alimentados sob tortura, em “procedimento doloroso”, e que também recebem castigos por se negar a comer.
O Exército americano reconheceu que cerca de 30 grevistas recebem comida à força, mas, segundo as denúncias dos advogados, para receber a “alimentação forçada” os presos são acorrentados em cadeiras e recebem a comida por um tubo largo que é introduzido em suas fossas nasais e que chega ao estômago com nutrientes líquidos.
“Nunca me esquecerei da primeira vez em que passaram o tubo de alimentação pelo meu nariz. Não posso descrever o quão doloroso é ser alimentado à força desta maneira”, relatou um preso a seu advogado.
O protesto começou em fevereiro, quando um grupo pequeno decidiu iniciar a greve de fome.
Além dos maus-tratos, os detentos reclamam que os responsáveis pela segurança profanam o Alcorão — livro sagrado do islamismo, a religião majoritária entre os presos — e se apropriam de objetos pessoais dos detentos.
Os advogados têm relatado que outra reclamação dos preso é a indefinição sobre os tempos de pena que cumprem em Guantánamo.
Recentemente uma Comissão da Cruz Vermelha Internacional visitou a prisão para averiguar as instalações carcerárias e o estado de saúde dos presos. De acordo com o organismo, a situação é crítica dentro do presídio e há risco de uma “crise humanitária”.
A maioria dos presos de Guantánamo foi detida por forças militares americanas no Afeganistão e Paquistão. Alguns esperam julgamento há quase uma década.
Há alguns dias, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, falou sobre o tema e prometeu trabalhar para conseguir transferir os 166 presos. Cuba também já se manifestou para que a prisão seja retirada de seu território.
A prisão está localizada em uma base militar dos Estados Unidos, na Baía de Guantánamo, parte arrendada da ilha cubana pelo governo americano em 1903.
O que acontece no mundo passa por aqui
Moda, esportes, política, TV: as notícias mais quentes do dia