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Promotor acusa Cristina Kirchner de encobrir participação do Irã em atentado

Em 1994, uma bomba explodiu na porta da Associação Mutual Israelita matando 85 pessoas

Internacional|Agência Brasil

O pior atentado fundamentalista na história da Argentina voltou ao centro do cenário político 20 anos depois. O promotor federal Alberto Nisman, encarregado de investigar o caso, acusou a presidenta Cristina Kirchner e o chanceler Hector Timerman de negociarem com o Irã um “plano de impunidade” para encobrir os acusados. Entre os suspeitos estão altos funcionários do governo iraniano, com pedido de captura pela Interpol.

Nisman apresentou relatório de 300 páginas, com informações obtidas por meio de escutas telefônicas. Ele pediu à Justiça a abertura de inquérito para ouvir depoimentos da presidenta, do chanceler e de alguns aliados políticos do governo. “É uma decisão disparatada, absurda, ilógica, irracional e ridícula, que viola os Artigos 75 e 99 da Constituição, sobre as atribuições do Poder Legislativo e do Poder Executivo”, reagiu hoje (15) o chefe de gabinete da presidenta, Jorge Capitanich.

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O atentado ocoreu em 1994, quando um carro bomba explodiu na porta da Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), destruindo o prédio, no centro de Buenos Aires, matando 85 pessoas. Dois anos antes, um atentado contra a Embaixada de Israel deixou saldo de 29 mortos e centenas de feridos. Até hoje, nenhum dos dois ataques terroristas foi esclarecido. A Argentina é o pais que reúne a maior comunidade judia da América Latina.


O ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007) foi quem decidiu retomar as investigações do atentado a Amia, criando uma procuradoria especial e colocando Nisman à frente do caso. Segundo o promotor, as pistas encontradas indicam que o ataque teria sido planejado pelo governo iraniano da época e executado pelo grupo xiita Hezbollah, com ajuda local.

Mas as investigações não puderam prosseguir, porque a Justiça argentina não podia interrogar os suspeitos. A pedido de Nisman, a Interpol pediu a captura de seis cidadãos iranianos, entre eles altos funcionários e presidenciáveis, e um libanês.


Todos os anos, a presidenta Cristina Kirchner (viúva e sucessora de Nestor Kirchner) se dirigia à Assembleia Geral das Nações Unidas para lembrar o atentado terrorista e criticar a falta de colaboração do governo iraniano nas investigações. Em 2012, a situação mudou. O Irã teria proposto dialogar sobre o assunto.

O resultado das negociações foi um memorando de entendimento entre os dois países para criar uma Comissão da Verdade e investigar o caso. O acordo também permitiria a representantes da Justiça argentina viajar ao Irã para ouvir o depoimento dos suspeitos, sempre e quando eles aceitassem falar. 


Aprovado pelo Congresso argentino e ainda não ratificado pelo Parlamento iraniano, na Argentina o acordo foi duramente criticado por associações judaicas e parentes das vítimas do atentado. O governo defendeu o memorando, afirmando que era a única oportunidade para destravar as investigações.

Nisman acusa a presidenta Cristina de estar negociando com o Irã uma fórmula para inocentar os culpados e encontrar outro bode expiatório. O motivo, segundo ele, seria comercial. A Argentina quer trocar seus grãos por petróleo iraniano.

Como prova, o promotor diz ter escutas telefônicas de conversas de agentes da Side (a agência de inteligência argentina). Já Jorge Capitanich acusou o promotor de fazer parte de uma consipiração de grupos do Poder Judicial, da mídia e de agentes da Side removidos do cargo para “desestabilizar o governo”.

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