WikiLeaks acusa EUA de financiar Panama Papers contra Putin
Presidente da Rússia é citado em investigação sobre offshores
Internacional|Da Ansa
O WikiLeaks, que se tornou famoso por divulgar documentos diplomáticos confidenciais dos Estados Unidos, acusou o governo norte-americano de financiar a investigação Panama Papers, que atingiu o presidente da Rússia, Vladimir Putin.
Segundo uma mensagem postada no Twitter da organização, Washington apoiou a iniciativa por meio da Usaid (Agência para o Desenvolvimento Internacional), órgão responsável por administrar ajudas civis dos EUA no exterior.
"O governo dos Estados Unidos financiou o ataque do #PanamaPapers a Putin via Usaid. Alguns bons jornalistas, mas não um modelo de integridade", escreveu a organização fundada por Julian Assange.
O WikiLeaks ainda mostra uma reprodução da página na internet do OCCRP (Organized Crime and Corruption Reporting Project), entidade que promove reportagens sobre corrupção e crime organizado e está por trás do caso Panama Papers, com o patrocínio da Usaid.
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Quem também apoia o OCCRP é a fundação do bilionário húngaro-americano George Soros, crítico feroz de Putin. "Se você censura mais de 99% dos documentos, por definição você só faz 1% de jornalismo", acrescentou o WikiLeaks, se referindo à prática dos meios de comunicação envolvidos no Panama Papers de divulgar apenas parte dos arquivos.
No começo da semana, o governo da Rússia já havia chamado a investigação de "putinfobia". Os documentos panamenhos levantaram suspeitas sobre uma suposta lavagem de dinheiro bilionária envolvendo pessoas muito próximas ao presidente, incluindo um de seus melhores amigos, Sergey Roldugin.
Este último é apontado como dono de três offshores, duas delas criadas pelo banco Rossiya, que é alvo de sanções tanto dos Estados Unidos como da União Europeia por causa da anexação da Crimeia por Moscou. Essas e outras companhias ligadas a aliados de Putin teriam movimentado pelo menos R$ 7,3 bilhões (US$ 2 bilhões) em paraísos fiscais.
A investigação Panama Papers ("Papéis do Panamá") vazou milhões de documentos do escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca, especializado em abrir companhias offshore em paraísos fiscais, e atingiu poderosos de todo o mundo, incluindo políticos, esportistas e empresários.
Os arquivos foram entregues por uma fonte anônima ao jornal alemão "Süddeutsche Zeitung", que os repassou para o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês), ligado ao OCCRP.
O órgão confiou os documentos a cerca de 400 repórteres de 80 países, que estão divulgando as informações aos poucos.
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