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Certa ou errada, morte não deve ser comemorada, dizem especialistas

Para membro do FBSP, ação de atirador de elite no RJ foi correta. Já coronel pesquisador de segurança pública afirma que deveria atirar para imobilizar

Rio de Janeiro|Kaique Dalapola, do R7

Sniper matou sequestrador na ponte Rio-Niterói
Sniper matou sequestrador na ponte Rio-Niterói

Especialistas divergem sobre a correção da ação do sniper — atirador de elite — da Polícia Militar do Rio de Janeiro, na manhã desta terça-feira (20), que terminou com a morte do sequestrador que manteve 37 reféns na ponte Rio-Niterói. No entanto, concordam que o desfecho do caso não deveria ter sido comemorado, como foi feito pelo governador do Estado, Wilson Witzel.

Para o professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas) Rafael Alcadipani, membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a ação aconteceu de maneira correta. "Dentro da situação, três horas e meia de negociação, me parece que nada foi feito de forma equivocada", disse.

No entanto, o professor destaca que o ponto negativo "foi a papagaiada do governador". Segundo ele, a postura de Witzel, que desceu de um helicóptero comemorando a ação letal da PM, não demonstra o profissionalismo que se deve ter na segurança pública do Estado.

"Eu duvido que se a negociação tivesse surtido êxito, os reféns sido libertados e o sequestrador preso, se teria essa comemoração", afirma Alcadipani.


O tenente-coronel da PM Adilson Paes de Souza, pesquisador em segurança pública, concorda que o governador não deveria ter comemorado a ação policial que terminou com a morte do sequestrador. “Morte não se comemora, se lamenta”.

Paes de Souza discorda do professor, no entanto, sobre a correção na ação do atirador de elite da PM do Rio de Janeiro. O tenente-coronel acredita que o ideal seria o sniper atirar para imobilizar o atirador e, em seguida, os demais policiais chegavam para efetuar a prisão.


O tenente-coronel destaca que o sniper é um policial treinado técnica e psicologicamente para atuar com precisão e age mediante ordem, recebendo autorização para atirar. Ele destaca ainda que o atirador de elite não pode deixar influenciar pela emoção do momento.

"O sniper atua quando há risco iminente de vida ao refém, para fazer cessar a agressão, ou para imobilizar o oponente. Se o refém está com uma bomba ou uma arma na cabeça, deve atirar para matar o agressor e salvar a vida do refém. Mas o caso de hoje, que era possível ver que o sequestrador não estava com arma em punho, deveria ter atirado para imobilizar", explica o tenente-coronel.


Leia também: Vítima de sequestro alertava polícia com bilhetes na janela do ônibus

Por meio de nota, o presidente do IDDD (Instituto de Defesa do Direito de Defesa), Fábio Tofic Simantob, disse que os policiais tentaram negociar com o sequestrador e a ação pode ter se enquandrado como legítima defesa.

Mas Simantob também afirma que "o grande equívoco é usar este episódio para legitimar os ataques sistemáticos que vêm sendo feitos contra a população sob a justificativa do combate ao crime".

O presidente do IDDD afirma que o caso do sequestrador é "completamente diferente" do que acontece no dia a dia do Rio. "A insistência do governador Wilson Witzel de defender a violência como estratégia de segurança pública, como tem feito desde o período eleitoral, atenta contra o Estado Democrático de Direito e deve ser amplamente repudiada”, afirmou.

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