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Erros na perícia viram munição da defesa para absolver Gil Rugai

Desaparecimento de prova fundamental e erro em vídeo foram explorados pelos advogados 

São Paulo|Vanessa Beltrão, do R7

Primeiro dia do julgamento de Gil Rugai teve quase nove horas de duração
Primeiro dia do julgamento de Gil Rugai teve quase nove horas de duração

O desaparecimento de uma peça-chave do processo e um erro no vídeo beneficiaram a defesa do ex-seminarista Gil Rugai, acusado de matar a tiros o pai e a madrasta em março de 2004, durante o primeiro dia do julgamento do caso no Fórum Criminal da Barra Funda.

Os erros vieram à tona durante o depoimento do perito Adriano Yssamu Yonanime, o último desta terça-feira (19). Ele fazia parte de uma equipe de peritos que preparou o laudo do Instituto de Criminalística na época do crime.

O primeiro questionamento feito pelos advogados de defesa, Marcelo Feller e Thiago Anastácio, foi em relação à marca que teria ficado na porta do cômodo onde estava o pai do réu, Luiz Carlos Rugai, antes de ser baleado.

O suposto assassino teria dado um chute com o pé direito e arrombado a porta. Porém, o pedaço da estrutura com a marca da pisada sumiu e, até o final do primeiro dia do julgamento, não havia chegado ao Fórum Criminal da Barra Funda.


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O perito Ricardo Molina, contratado pela defesa do ex-seminarista para fazer um laudo particular em relação a provas apresentadas pela acusação, classificou o laudo como uma “piada”.


— O pedaço da porta onde estava o pé desapareceu. Como nós vamos fazer a contraprova? A defesa já pediu duas vezes e ninguém achou esse material.

Em seu depoimento, Yonanime reafirmou que a peça foi enviada. Segundo o assistente de acusação, Ubirajara Mangini, o desparecimento terá que ser investigado.

— Isso vai ter que se verificar no fórum internamente. Como é que foi recebido isso, porque o IC [Instituto de Criminalística], muitas vezes, manda para uma delegacia que efetivamente encaminha para cá.

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Vídeo

Outro problema revelado pela defesa durante o depoimento do perito Yonanime foi o vídeo que integra o laudo pericial do caso. Na simulação, é feita uma sobreposição do pé direito do Gil Rugai com um sapato de pé esquerdo, calçado que também seria do réu.

Na animação, a defesa mostrou a dificuldade de colocar o pé dentro do calçado já que eles estavam trocados.

O erro foi reconhecido pelo perito Adriano que citou a máxima "errar é humano". Ele ainda disse que a "agonia para confeccionar o laudo" teria contribuído para o fato.

— A gente trabalhou demais em cima desse laudo. A equipe toda desgastada. Então isso pode ter provocado esse deslize.

Questionada sobre o vídeo denominado pelo IC de “realidade virtual”, que estaria anexado ao processo desde 2004, a acusação minimizou o erro. De acordo com Ubirajara, ele não viu a animação.

— Na verdade, nós não nos preocupamos com a realidade virtual, nos preocupamos com o laudo em si. E o laudo tecnicamente comprova que aquela pisada é compatível com o pé do Gil Rugai.

Para ele, a perícia escrita foi bem feita.

— O laudo elaborado pelos peritos está perfeito na medição do pé, da marca.

Ainda segundo Ubirajara, a certeza que se tem até agora é que o pé de Gil Rugai é compatível com a marca deixada na porta.

Porém a “perfeição” do laudo escrito defendido pela acusação foi criticada pela defesa. Os advogados do réu informaram que em uma das partes do documento existe uma imagem que mostra o sapato de um lado e o pé do outro sem fazer uma sobreposição entre eles.

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A comparação teria ficado mais prejudicada com o erro no vídeo da realidade virtual onde a sobreposição foi feita, só que de forma trocada, com o pé direito do Gil Rugai em um sapato de pé esquerdo.

Para o advogado de defesa, Marcelo Feller, episódios como esse mancham a credibilidade do IC.

— Essa sucessão de erros é que traz o Gil Rugai a julgamento. Apontando provas inequívocas que mediante um breve questionamento caem.

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