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Vigia e motorista prestam depoimento no quarto dia do julgamento de Gil Rugai

Testemunhas contaram que ouviram barulhos de tiros na noite do crime

São Paulo|Vanessa Sulina, do R7

A segunda testemunha a prestar depoimento nesta quinta-feira (21), quarto dia do julgamento de Gil Rugai, começou a ser ouvida pouco antes das 13h e falou durante cerca de 25 minutos . Fabrício Silva dos Santos é o terceiro vigia que trabalhava na rua da casa onde o publicitário Luiz Carlos Rugai e sua mulher, Alessandra de Fátima Troitino, foram mortos a prestar depoimento.

Em seu depoimento, Santos afirmou que não viu nada no dia do crime e que ouviu "três barulhos". Ele contou que foi até a guarita do vigia Domingos Ramos de Oliveira, que disse que achou que o barulho se tratava de uma janela batendo. Em seu depoimento, na segunda-feira (18), Domingos disse ter visto o ex-seminarista sair da casa de seu pai. A guarita de Santos fica a duas casas de distância da saída dos fundos da casa das vítimas.

A última testemunha do julgamento, motorista da casa vizinha, Francisco Luiz Valério Alves, contou que ouviu duas sequencias de disparos na noite do crime. Assustado com o barulho, seu patrão ligou para um dos vigias da rua. 

— Logo após os tiros, eu fiz duas rondas pela nossa casa. Na segunda vez que fui olhar a casa, eu vi o corpo da Alessandra caída na entrada da casa. O meu patrão nessa hora disse que iria ligar para a síndica.


Algo curioso relatado pelo motorista foi que, no mês do crime, seu patrão lhe deu a conta de telefone e pediu para que ele tirasse cópias de parte da conta.

— Ele me deu dobrada a parte em que eu deveria tirar a cópia. O resto ele disse que não iria interessar a ninguém.


Questionado pelo advogado, Thiago Anastácio, Alves disse que não conhecia o vigia Domingos, testemunha que disse ter visto Gil Rugai saindo da casa após os assassinatos.

Acusação


O promotor de Justiça do caso, Rogério Leão Zagallo, afirmou que os depoimentos desta manhã foram muito importantes, principalmente o de Rudi Otto. A testemunha afirmou que desconfiou de que o ex-seminarista estava envolvido nos assassinatos.

—Extremamente benéfico para a acusação.

Zagallo citou ainda que, em seu depoimento, Otto afirmou que dias após o crime questionou ao réu o que ele teria feito no domingo. Na ocasião, Gil Rugai teria dito que foi a casa de uma amiga por volta das 19h e teria ficado até as 21h. De lá, ele foi até o escritório KTM Comunicação e, depois, a pé, teria ido para casa de outra amiga na região dos Jardins. A versão da defesa é que Rugai estava no shopping durante o crime.

— Não existe então o álibi da defesa, que ele teria passado no shopping.

O réu

O interrogatório mais aguardado do dia é o de Gil Rugai. O promotor do caso, Rogério Zagallo, disse acreditar que Rugai não irá confessar o crime. A defesa do acusado afirmou que ele irá responder a todas as perguntas.

Primeira testemunha

O ex-sócio de Gil Rugai, Rudi Otto, foi o primeiro a prestar depoimento nesta quinta-feira. Ele afirmou que desconfiou de que o ex-seminarista estava envolvido no assassinato das vítimas. Questionado pelo promotor de Justiça, Rogério Zagallo, a testemunha contou que havia visto uma arma dentro de uma "mala de fuga" de Gil Rugai, onde tinha também facas, uma estrela ninja e selinhos com ácidos.

Segundo ele, o réu também já havia lhe dito que tinha interesse por cursos de tiros. Quando soube do crime, Otto contou que desconfiou de Gil e foi até o escritório da empresa KTM Comunicação e procurou pela arma, mas não a encontrou.

Em seu depoimento, a testemunha confirmou ao promotor que Gil Rugai estava estranho na semana antes do crime e também disse que o réu tinha um relacionamento conturbado com o pai. Ele também contou no juri que seu ex-sócio foi “apático e não esboçou reação” após os crimes.

Relembre o caso

O publicitário Luiz Carlos Rugai, 40 anos, e sua mulher, Alessandra de Fátima Troitino, 33 anos, foram assassinados a tiros dentro da casa onde moravam em Perdizes, zona oeste de São Paulo no dia 28 de março de 2004.

Alessandra foi baleada cinco vezes na porta da cozinha, segundo laudo da perícia. Luiz Carlos teria tentado se proteger na sala de TV. A pessoa que entrou no imóvel naquela noite arrombou a porta do cômodo com os pés e disparou quatro vezes contra o publicitário.

O comportamento aparentemente frio de Gil Rugai, na época com 20 anos, ao ver o pai e a madrasta mortos chamou a atenção da polícia, que passou a suspeitar dele.

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Os peritos concluíram que a marca encontrada na porta arrombada era compatível com o sapato de Rugai, que, ao ser submetido pela Justiça a radiografias e ressonância magnética, teria apresentado lesão no pé direito.

Na mesma semana do duplo homicídio, os policiais encontraram no quarto do rapaz um certificado de curso de tiro e um cartucho 380 deflagrado, o mesmo calibre da arma usada no assassinato do casal.

As investigações apontaram ainda que ele teria dado um desfalque de R$ 228 mil na empresa do pai, a Referência Filmes, falsificando a assinatura do publicitário em cheques da firma. Poucos dias antes do assassinato, ele foi expulso de casa.

Um ano e três meses após o duplo homicídio, uma pistola foi encontrada no poço de armazenamento de água de chuva do prédio onde o rapaz tinha escritório, na zona sul. Segundo a perícia, seria a mesma arma de onde partiram os tiros que atingiram as vítimas.

Rugai responde pelo crime em liberdade e está sendo julgado por duplo homicídio qualificado por motivo torpe e por estelionato, em razão do desfalque dado na produtora do pai.

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