Gil Rugai responderá a todas as perguntas, diz defesa
Interrogatório do acusado de matar o pai e a madrasta deve acontecer nesta quinta-feira (21)
São Paulo|Ana Cláudia Barros e Vanessa Beltrão, do R7
O quarto dia de julgamento de Gil Rugai, acusado de assassinar o pai e a madrasta, em março de 2004, deve ser marcado pelo interrogatório do acusado. A defesa afirmou que o réu não vai fugir dos questionamentos.
Segundo o advogado Thiago Anastácio, Rugai tem interesse em falar.
— [Gil Rugai] responderá, tenha a mais absoluta certeza, a não ser que haja algo como uma falta de respeito. Se o réu for desrespeitado, ele se cala.
Segundo a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de São Paulo, não há uma previsão de quanto tempo pode durar o interrogatório do réu. Dependendo dos questionamentos da defesa e da acusação, ele pode levar horas.
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Terceiro dia
O terceiro dia de julgamento começou por volta das 10h45 desta quarta-feira (20) com o depoimento de Edson Tadeu de Moura, contador da empresa do pai do réu, Luiz Carlos Rugai.
A testemunha, convocada pela defesa, negou que tenha havido desvio de dinheiro na firma antes do publicitário ter sido assassinado. Mas falou genericamente que “pequenos saques se diluem nas contas da empresa”.
— Provavelmente, o Gil era quem tomava conta das finanças pessoais de Luiz.
A segunda testemunha a ser ouvida foi a antropóloga Ana Lucia Pastore. Em seu depoimento, ela tentou desmitificar a imagem negativa de Gil Rugai.
Ana Lúcia fez um estudo sobre julgamentos após ter visto diversos júris durante quatro anos. Ela levou ao plenário elementos acadêmicos de seu doutorado.
O jornalista Valmir Salaro, que acompanhou o caso na época, foi o terceiro a ser ouvido. Em seguida, foi a vez do vigia Valeriano Rodrigues dos Santos. Ele afirmou que a Polícia Civil insistiu para que ele contasse que viu alguém sair da casa das vítimas no dia do crime. Porém, negou ter sido ameaçado para mudar o depoimento que havia dado.
A penúltima testemunha do dia foi o perito Ricardo Salada, que trabalhou nas investigações na época do crime. Ele afirmou que para efetuar um “tiro de conferência”, como o que foi dado em Luiz Carlos, é preciso “ter conhecimento”.
Com os questionamentos, os defensores queriam demonstrar que o atirador era uma pessoa mais experiente do que o réu, apesar de os policiais terem encontrado, no quarto do acusado, na mesma semana do duplo homicídio, um certificado de curso de tiro e um cartucho 380 deflagrado.
Por último, foi ouvido o irmão do réu, Léo Rugai. Ele afirmou que, apesar de ter desconfiado inicialmente, acredita na inocência de Gil Rugai.
Duas testemunhas da defesa foram dispensadas. Nos três dias de julgamento, 11 pessoas convocadas foram ouvidas.
Relembre o caso
O publicitário Luiz Carlos Rugai, 40 anos, e sua mulher, Alessandra de Fátima Troitino, 33 anos, foram assassinados a tiros dentro da casa onde moravam em Perdizes, zona oeste de São Paulo no dia 28 de março de 2004.
Alessandra foi baleada cinco vezes na porta da cozinha, segundo laudo da perícia. Luiz Carlos teria tentado se proteger na sala de TV. A pessoa que entrou no imóvel naquela noite arrombou a porta do cômodo com os pés e disparou quatro vezes contra o publicitário.
O comportamento aparentemente frio de Gil Rugai, na época com 20 anos, ao ver o pai e a madrasta mortos chamou a atenção da polícia, que passou a suspeitar dele.
Os peritos concluíram que a marca encontrada na porta arrombada era compatível com o sapato de Rugai, que, ao ser submetido pela Justiça a radiografias e ressonância magnética, teria apresentado lesão no pé direito.
Na mesma semana do duplo homicídio, os policiais encontraram no quarto do rapaz um certificado de curso de tiro e um cartucho 380 deflagrado, o mesmo calibre da arma usada no assassinato do casal.
As investigações apontaram ainda que ele teria dado um desfalque de R$ 228 mil na empresa do pai, a Referência Filmes, falsificando a assinatura do publicitário em cheques da firma. Poucos dias antes do assassinato, ele foi expulso de casa.
Um ano e três meses após o duplo homicídio, uma pistola foi encontrada no poço de armazenamento de água de chuva do prédio onde o rapaz tinha escritório, na zona sul. Segundo a perícia, seria a mesma arma de onde partiram os tiros que atingiram as vítimas.
Rugai responde pelo crime em liberdade e é julgado por duplo homicídio qualificado por motivo torpe.