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Chega de chupeta! Especialistas garantem que ela pode deformar o rosto e causar infecções

Três anos é a idade limite para eliminar o objeto da vida do seu filho. Saiba como

Saúde|Fabiana Grillo, do R7

Chupeta acalma, mas traz muitos prejuízos à saúde do bebê
Chupeta acalma, mas traz muitos prejuízos à saúde do bebê

Só quem é pai ou mãe sabe o poder que a chupeta tem para acalmar aqueles momentos tensos de choro do bebê sem previsão de fim. O problema é que o pequeno objeto com bico de plástico — capaz de manter o ambiente em silêncio por alguns minutos ou horas — não é tão inocente quanto parece.

Segundo os especialistas ouvidos pelo R7, o uso de chupeta acarreta mais prejuízos que benefícios para a criança, por isso não deve ser estimulado pelos pais. No primeiro ano de vida, é verdade que o bebê tem uma necessidade fisiológica de sucção, mas que pode ser suprida por meio do aleitamento materno, explica o pediatra Luciano Borges Santiago, presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria).

— Mamar no peito é muito importante para o desenvolvimento da mandíbula e demais ossos da face, dos músculos da mastigação, da oclusão dentária e da respiração de forma adequada. Mas a sucção do bebê ao mamar no seio da mãe é completamente diferente de sugar o bico da chupeta.

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O odontopediatra Paulo César Rédua, presidente da ABO (Associação Brasileira de Odontopediatria) concorda, porém diz que nem sempre a amamentação é suficiente para satisfazer o desejo de sucção do bebê e, neste caso, a chupeta pode entrar em cena “desde que com cautela”.

— Algumas crianças não conseguem satisfazer o prazer de sugar apenas com a amamentação. Assim, para não ficar o tempo todo pendurada no peito da mãe, o uso de chupeta pode ser necessário. Se usada na hora certa, ela pode passar de bandida para mocinha.


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O pediatra rebate e garante que inúmeros estudos mostram a associação entre a chupeta e o menor tempo de duração do aleitamento materno.


— A amamentação influi diretamente na saúde do bebê e da mãe, assim qualquer objeto que atrapalhe este vínculo deve ser evitado.

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Caso os pais não tenham conseguido manter a chupeta bem longe da boca do bebê, a dica número um de Rédua é não usar o objeto com frequência e por longos períodos. A recomendação é oferecer a chupeta apenas nos momentos de crise, como “na hora de dormir, durante as cólicas ou quando a criança está doentinha”.

— A chupeta não pode substituir a atenção da mãe. Criança que fica com o objeto o dia inteiro na boca pode estar sentindo falta dos pais. Cerca de 90% delas costumam largar o acessório quando dormem. Neste caso, os pais não devem colocá-lo de volta na boca.

Antes de você achar que o choro é sinônimo de que seu filho está “pedindo” a chupeta, o pediatra da SBP lembra que esta é a única forma de o bebê se comunicar e nem sempre as lágrimas representam necessidade de sugar um bico de plástico.

— Na maioria das vezes, o bebê quer outra coisa, como colo ou está demonstrando o sentimento de frio, fome, sono, dor, fralda molhada etc. A chupeta é uma maneira de ‘calar a boca’ das crianças, atrapalhando a comunicação entre mãe e filho.

Santiago ressalta que nos dias de hoje homens e mulheres passam boa parte do tempo no trabalho e deixam seus filhos com babás ou na escola, assim “a chupeta vira a salvação no fim do dia quando os pais estão cansados e não querem brincar e interagir com os pequeninos”.

Males da chupeta

O uso da chupeta por um período prolongado e sem limite de tempo durante o dia pode trazer consequências graves em curto e longo prazo. Além do desmame precoce, o pediatra avisa que os bicos da chupeta são habitados por uma legião de bactérias e vermes, deixando o bebê mais vulnerável a doenças e infecções.

— O uso do objeto está associado a maior chance de candidíase oral (sapinho) e verminoses, já que é quase impossível manter uma chupeta com a higiene adequada.

O médico acrescenta que a criança passa a ter uma respiração pela boca, elevando as chances de irritações da orofaringe, laringe e pulmões, por receberem um ar frio, seco e não filtrado adequadamente — funções exercidas pelo nariz.

— Outras consequências da respiração oral são as infecções de ouvido, rinites e dor de garganta.

O uso prolongado de chupeta também vai interferir no desenvolvimento da arcada dentária e, consequentemente, na formação óssea do rosto da criança, alerta o odontopediatra da SBO.

— Os dentes da frente podem nascer separados, a criança pode ter problemas com a mordida e também na formação óssea da face. O rosto pode ficar assimétrico e deformado e o uso de aparelho ortodôntico torna-se necessário.

Outro prejuízo citado pela fonoaudióloga Irene Marchesan, presidente da SBF (Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia) é que “o ato de sugar o tempo todo pode causar flacidez na musculatura da face e interferir na mastigação e na pronúncia de algumas sílabas”.

— A criança começa a emitir sons distorcidos, especialmente das letras T, D, L e N. Com o tempo, ela vai precisar de ajuda profissional para aprender a posição correta da língua e da pronúncia das palavras.

Chupeta X Dedo

Segundo os especialistas, as sucções do dedo e da chupeta trazem os mesmos prejuízos ao organismo, especialmente se a criança utilizá-la com alta frequência e intensidade. Para Irene, a diferença é que o dedo está disponível a qualquer momento tornando-se mais difícil o pequenino abandonar o hábito.

— Quando a chupeta fica presa na roupa da criança ou a mãe compra várias cores para não correr o risco de ficar sem o objeto, a dificuldade de desapego também aumenta.

Na opinião do pediatra, abandonar o vício é complicado independentemente de ser chupeta ou dedo. O segredo, diz ele, é a dedicação dos pais.

— A mãe que sabe educar vai conseguir eliminar o hábito do filho. Uma dica que sempre costumo dar é tentar substituir o dedo por um mordedor ou outro brinquedinho.

Sobre a chupeta tradicional ou ortodôntica, o dentista alerta que as consequências para arcada dentária são as mesmas. O ideal, reforça ele, é impor limites para o uso do objeto e eliminá-lo da vida do seu filho até os três anos de idade.

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