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Tecnologia e Ciência

DNA de mais de 2 milhões de anos revela mundo perdido de Mastodontes na Groenlândia

Outros animais como coelhos, renas, lebres e gansos também habitavam a região; DNA é o mais antigo já encontrado

Tecnologia e Ciência|Do R7

Mastodontes viviam no norte da Groenlândia há 2 milhões de anos
Mastodontes viviam no norte da Groenlândia há 2 milhões de anos

Cientistas identificaram DNA de animais, plantas e micróbios que datam de cerca de 2 milhões de anos atrás — de longe o mais antigo já registrado — a partir de sedimentos encontrados no ponto mais ao norte da Groenlândia escavados ao redor da foz de um fiorde do Oceano Ártico, revelando um incrível mundo perdido nesta fronteira remota.

Pesquisadores disseram nesta quarta-feira (7) que fragmentos de DNA foram detectados em uma panóplia de animais, incluindo mastodontes, renas, lebres, lemingues e gansos, bem como plantas, incluindo choupos, bétulas e thuja, e microorganismos, incluindo bactérias e fungos. O DNA é o material autorreplicante que carrega informações genéticas em organismos vivos, uma espécie de projeto de vida.

O mastodonte era um parente do elefante que vagou pela América do Norte e Central até sua extinção ao lado de muitos outros grandes mamíferos da Idade do Gelo há cerca de 10 mil anos. A descoberta mostra que ele tinha um alcance mais amplo do que o conhecido anteriormente.

"O mastodonte foi uma grande surpresa. Ele nunca havia sido encontrado na Groenlândia antes. No entanto, a maior surpresa foi esse ecossistema único de espécies árticas e temperadas misturadas sem nenhum análogo moderno", disse Eske Willerslev, diretor do Lundbeck Foundation GeoGenetics Center e líder do estudo publicado na revista Nature.


"Acho que ninguém poderia prever que a Groenlândia abrigaria tamanha diversidade de plantas e animais de 2 milhões de anos atrás, quando o clima era muito semelhante ao que esperamos testemunhar em alguns anos por causa do aquecimento global", acrescentou Willerslev, que é afiliado à Universidade de Cambridge e à Universidade de Copenhague.

Embora o DNA antigo seja altamente perecível, o estudo mostrou que, sob as condições certas — neste caso, o permafrost — ele pode sobreviver por mais tempo do que se acreditava ser possível. Willerslev disse que agora não ficaria surpreso ao encontrar DNA de pelo menos 4 milhões de anos atrás.


GRANDE ACHADO

Os pesquisadores extraíram e sequenciaram o DNA de 41 amostras de sedimentos ricos em matéria orgânica obtidas de cinco locais na península de Peary Land, que se projeta para o Oceano Ártico. Fragmentos microscópicos de DNA foram extraídos de argila e quartzo no sedimento. Eles identificaram mais de 100 tipos de animais e plantas.


As amostras foram desenterradas pela primeira vez em 2006, mas os esforços anteriores de detecção de DNA falharam. Os métodos usados para extrair DNA antigo melhoraram desde então, eventualmente permitindo um avanço.

"Achamos que é porque o DNA se ligou a partículas minerais que permitiram sua sobrevivência além do que se pensava ser possível. A ligação reduz a taxa de degradação química espontânea", disse Willerslev.

O DNA anterior mais antigo registrado foi extraído do molar de um mamute, outro parente do elefante, no nordeste da Sibéria, datado de até 1,2 milhão de anos atrás, também preservado em condições de permafrost. A título de comparação, nossa espécie, Homo sapiens, surgiu há cerca de 300 mil anos.

A maior parte da Groenlândia moderna é coberta por uma espessa camada de gelo, com áreas sem gelo ao longo da costa. A região em estudo é considerada um deserto polar. Mas há 2 milhões de anos as temperaturas médias da Groenlândia eram de 11°C a 17°C mais altas, de acordo com o primeiro autor do estudo, Kurt Kjaer, da Universidade de Copenhague.

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