Queiroga: país avança na vacina, mas está longe do fim da pandemia
Ministro da Saúde comentou pedido de Bolsonaro em estudar remédio contra o câncer para tratamento da covid; Anvisa deu aval
Brasil|Vanessa Lima, da Record TV em Brasília, com R7
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, comemorou nesta segunda-feira (19) a imunização de mais da metade da população vacinável contra a covid-19 e destacou que o avanço do PNI (Programa Nacional de Imunização) já começa a mostrar sinais positivos no Brasil. Porém, ressaltou que o país ainda está longe do fim da pandemia.
"O que precisamos é acelerar nossa campanha de vacinação e os resultados já começam a aparecer, com a redução no número de casos, das internações, menor pressão do sistema de saúde e queda da média móvel de óbitos", disse na chegada ao Ministério da Saúde.
Ele, no entanto, reconhece, que ainda existem vários desafios a serem enfrentados, com a chegada da variante Delta. "Ainda temos poucos casos no Brasil, mas não quer dizer que eles foram os únicos diagnosticados", apontou. "Nós ainda estamos distantes de pôr fim à pandemia."
Queiroga reafirmou a expectativa de vacinar todos aqueles com mais de 18 anos com as duas doses até o fim do ano. O ministro ressaltou que a previsão é de entregar 40 milhões de doses neste mês de julho e outras 60 milhões em agosto. "O Brasil está entre os quatro países que mais distribuem doses para sua população."
De acordo com o titular da pasta, são alvos de estudos a inclusão de outros subgrupos, como adolescentes com morbidades, no programa de imunização e a readequação do intervalo entre as doses. “A bula da vacina da Pfizer diz que o intervalo é de 21 dias. Por uma questão de avançar na primeira dose, se alargou esse espaço”, recorda o ministro.
Questionado sobre a abertura dos portões do estágio Mané Garrincha para 17 mil torcedores que vão acompanhar a partida de volta do Flamengo pelas oitavas de final de Libertadores, Queiroga disse que os protocolos de segurança precisam ser cumpridos. “O protocolo de segurança minimiza os riscos. Nós temos um ambiente mais tranquilo no país”, sinalizou.
Proxalutamida
Queiroga também comentou os estudos em desenvolvimento para o uso da Proxalutamida na doença causada pelo novo cornavírus. "A Proxalutamida está no início dessas pesquisas e precisa ser mais estudada para verificar sua segurança, eficácia e, a partir daí, ser considerada uma forma de tratamento", disse ele.
Ao comentar sobre a autorização dada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para os testes clínicos com o medicamento, o ministro disse que todos estudos são bem-vindos. “A pesquisa pode mostrar benefícios ou indicar que pode fazer mal para as pessoas. Por isso que nós pesquisamos”, explicou.
Os estudos com o medicamento utilizado em tratamentos contra câncer de próstata para o tratamento da covid-19 foram defendidos pelo presidente Jair Bolsonaro ao sair do hospital neste domingo (18).
O presidente já defendeu em diferentes oportunidades ao longo da pandemia o uso do tratamento precoce. Parte das substâncias indicadas, como a cloroquina, são consideradas ineficazes pela comunidade científica internacional. Outras, como a ivermectina, ainda são alvo de estudos.
"Em relação ao tratamento farmacológico no hospital, é um consenso amplo que essas medicações não teriam aplicabilidade. É nesses sentido que avançamos. As outras fases do tratamento serão discutidas com a Conitec [Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS] em tempo hábil", afirmou.
"E reforçou que a prioridade é a imunização da população. "Vamos buscar as prioridades. A prioridade número 1: vacinação. [...] Nós só temos um inimigo, que é o vírus", complementou.
Desequilíbrio entre estados e 3ª dose
Questionado sobre o desequilíbrio no avançao da imunização entre os estados, o ministro justificou dizendo que a distribuição das doses é igualitária, mas a composição demográfica é diferente. Segundo Queiroga, outro fator que explica diferentes estágios de vacinação nos estado foi a questão epidemiológica em diferentes momentos durante a crise sanitária.
"Houve situações por questões epidemiológicas que foram alocadas mais doses [para alguns estados]. Por exemplo, o Mato Grosso do Sul. Isso não é decisão minha, discricionária do ministro, isso foi pactuado. Isso aconteceu no Maranhã, isso aconteceu no Amazonas. Então, desde que se pactue, a vacinação vai bem", disse.
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Agora todo ambiente como esse, de pandemia, é de inquietude. As pessoas ficam com medo, muitas vidas foram perdidas. Isso gera essa ansiedade. Às vezes os gestores públicos toma decisões, baseados naqueles cenários específicos, claro que no intuito de beneficiar, mas isso pode levar a uma ansiedade maior.
Queiroga criticou também gestores que já falam em uma terceira dose da vacina. Nesta sexta-feira (16), a Prefeitura do Rio de Janeiro anunciou a antecipação do calendário e informou que pretende vacinar os idosos com a terceira dose em outubro.
"Não conseguimos avançar ainda em 100% da vacinação com a primeira dose da vacina. Qual é a evidência científica disponível que nos leve a falar em terceira doses? Isso só leva a mais insegurança à população. Nós temos que ter evidência científica sólida, inclusive na maneira como devemos fazer", afirmou. "Se vai ser com o mesmo imunizante, se vamos usar da intercambialidade, se é com outro imunizante, se é com um booster [reforço]. É preciso que os gestores sigam o plano nacional de imunização."
Na manhã desta segunda-feira (19), a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou estudos clínicos da aplicação da terceira dose da vacina AstraZeneca contra a covid-19. O imunizante será aplicado entre 11 e 13 meses após a primeira dose e tem o objetivos de avaliar a segurança, eficácia e imunogenicidade do reforço.
SP terá novo ciclo vacinal
Também hoje, o governo do estado de São Paulo anunciou vai começar um novo ciclo de vacinação contra o coronavírus a partir do dia 17 de janeiro de 2022. A informação foi confirmada pelo secretário estadual de São Paulo, Jean Gorinchteyn, durante coletiva de imprensa na sede do Instituto Butantan.
Em relação a uma eventual 3ª dose da CoronaVac, o governo afirmou que há estudos sobre possibilidades de ter uma dose de reforço do imunizante. Isso porque, segundo o governo paulista, será necessária uma campanha anual de vacinação contra o coronavírus. "Estamos preocupados em garantir a 1ª e a 2ª dose a todos os brasileiros, completando assim o ciclo vacinal", afirmou o vice-governador Rodrigo Garcia.