Acordo sobre Brumadinho e Mariana vai ser resolvido até começo de outubro, diz Lula
Presidente diz que situação ‘se arrasta há 10 anos’ e que mineradora ‘vai ter que cumprir’ decisão
Brasília|Giovanna Inoue, do R7, em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta quinta-feira (5) que o acordo entre a mineradora Vale e as vítimas dos rompimentos de barragens de Brumadinho e de Mariana vai ser resolvido “até começo de outubro”. “É uma coisa que se arrasta há 10 anos. Vários compromissos, várias tentativas de fazer acordo, varias decisões judiciais, e a Vale não cumpre. Agora vai ter que cumprir”, afirmou.
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Segundo o petista, os recursos dos tratados vão ser usados para “recuperar o que foi estragado, pra cuidar do povo”. O presidente diz que não pode comentar os termos do acordo antes deles serem definidos e devidamente assinados.
Lula comentou, ainda, que a direção da empresa está “mudando a direção”. “Eu espero que a nova direção seja mais cuidadosa, pense mais no desenvolvimento da Vale, porque a atual direção só quer saber de vender ativos, não quer fazer novas pesquisas ou ter novos minerais. Então eu acho que as coisas vão mudar para melhor”, disse, em uma entrevista a uma rádio mineira.
Relembre
A barragem da mina de Córrego do Feijão, em Brumadinho, rompeu em 2019. A tragédia matou 270 pessoas, e parentes de três vítimas ainda aguardam notícias sobre os corpos soterrados pela lama. No começo deste ano, o pagamento de auxílio aos atingidos foi prorrogado até 2026. Eles ainda aguardam a entrega de suas moradias e compensação. Os responsáveis não foram condenados.
A tragédia completa cinco anos com o processo criminal sem perspectiva de julgamento final. Dos 16 réus na Justiça, pelo menos um ainda não foi citado. O caso está sendo traduzido para o alemão para, enfim, tentar notificar o então gerente da consultora Tüv Süd, empresa que atestou a estabilidade da barragem antes do rompimento. A reportagem acionou a Vale, mas ainda não obteve retorno.
Já a barragem do Fundão, em Mariana, foi rompida em 2015. A estrutura era operada pela Samarco, que é uma joint venture entre a Vale e a anglo-australiana BHP. Na ocasião, ao menos 19 pessoas morreram e toneladas de rejeitos de mineração foram despejadas no Rio Doce e no Oceano Atlântico.