Aécio indica FHC e senadores como testemunhas no caso das malas de dinheiro
Justiça Federal em SP marca audiência para ouvir testemunhas no processo de R$ 2 mi de Joesley
Brasília|Ezequiel Fagundes, da Record TV Minas
A Justiça Federal em São Paulo marcou data para ouvir as testemunhas de defesa dos quatro réus no processo das malas de dinheiro do empresário Joesley Batista, da J&F. As audiências vão acontecer nos meses de outubro e novembro deste ano. A decisão é do juiz Fernando Toledo Carneiro, da 7ª Vara Criminal Federal de SP.
Principal acusado no processo, o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) tem o maior número de testemunhas. São elas: o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP), os senadores Antonio Anastasia (PSD-MG), Davi Alcolumbre (DEM-AP), Tasso Jereissati (PSDB-CE), os deputados federais Rodrigo Maia (sem partido), Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG) e o ex-governador de Minas Gerais, Alberto Pinto Coelho.
O tucano arrolou ainda o empresário Wesley Batista, irmão de Joesley, o ex-executivo da J&F Francisco de Assis e Silva, o ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendine, o ex-deputado federal Danilo de Castro, os ex-ministros da Justiça José Eduardo Cardozo, Eugênio Aragão e Torquato Jardim.
Completam a lista de testemunhas do tucano os ex-senadores Paulo Bauer (PSDB-SC) e Ataídes Oliveira (PROS-TO), Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, além do ex-procurador da República Marcelo Miller e o procurador-regional da República, Marcelo Botão Pelella, que atuou como chefe de gabinete do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot.
Andrea Neves
Irmã de Aécio, a jornalista Andrea Neves convocou a ex-secretária de Planejamento e Gestão de Minas Renata Vilhena, o ex-executivo da J&F Demilton de Castro, Paulo Max Gil Innocencio, Robson Andrade, Bruno Comes de Andrade e o banqueiro Pedro Moreira Salles.
Primo de Aécio e Andrea, o ex-diretor da Cemig Frederico Pacheco indicou Samy Katz, Luiz Henrique de Castro Carvalho e Denise Abijaode Abrases. Já o então assessor do ex-senador Zezé Perrella, Mendherson Souza Lima, arrolou Maria Silvia de Souza Mayrink, Leandro Carvalho Marzagão e Márcio Teixeira de Carvalho.
Já o Ministério Público Federal indicou como testemunhas o empresário Joesley Batista, o ex-executivo da J&F Ricardo Saud, a sogra de Mendherson Lima, Azelina Rosa Ribeiro, o ex-diretor da Polícia Federal Leandro Daiello, o ex-assessor de Aécio no Senado Flávio José Barbosa de Alencastro, o ex-presidente da Transpetro José Sérgio de Oliveira Machado e o ex-deputado e ex-ministro da Justiça Osmar Serraglio.
R$ 2 milhões
Com as audiências das testemunhas, a ação penal começa a tramitar oficialmente. O processo é decorrente da Operação Patmos, um desdobramento da Lava Jato, que foi deflagrada pela Polícia Federal em 18 de maio de 2017, com base na delação dos executivos da J&F. Inicialmente, o processo tramitou no Supremo Tribunal Federal e, posteriormente, foi remetido para São Paulo, após Aécio deixar o mandato de senador.
Em ação controlada da PF, o primo do tucano foi filmado pegando do delator e ex-executivo da J&F, Ricardo Saud, uma mala contendo R$ 500 mil em espécie. Já o ex-assessor Mendherson Souza Lima foi pego com uma mala com R$ 480 mil. Ao todo, Aécio pediu à Joesley R$ 2 milhões. Segundo a PF, trata-se de propina, já Aécio diz que pediu um empréstimo para pagar advogados.
Andrea, Frederico e Mendherson chegaram a ficar presos. Na época, Aécio foi afastado do cargo e o MPF pediu sua prisão, porém, o STF decidiu que a solicitação deveria ser analisada pelo plenário do Senado, que livrou o tucano da cadeia. Os réus respondem pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
O outro lado
Em nota, o advogado de Aécio Neves declarou que "trata- se de decisão aguardada pela defesa que terá, finalmente, a oportunidade de provar a farsa de que foi vítima o Dep. Aécio Neves. Ressalte-se que o juiz autorizou todos os pedidos de informação e produção de provas solicitados pela Defesa que irão permitir que a verdade venha a tona e a inocência do deputado Aécio seja definitivamente provada".
A reportagem entrou em contato com o advogado de Andrea Neves e aguarda retorno. O defensor de Frederico Pacheco disse que "aguardava a designação de audiência para oitiva de suas testemunhas, bem como as outras arroladas pelas partes. Trata-se de ato ínsito ao devido processo legal".
Já o advogado de Mendherson Lima informou que só irá se manifestar no processo.