O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta terça-feira (22) a integração e o fortalecimento das relações entre os países da América do Sul para o desenvolvimento econômico. As declarações vieram após reunião de Lula com o presidente do Chile, Gabriel Boric, no Palácio do Planalto, em Brasília.Os dois chefes de Estado assinaram treze acordos de parcerias bilaterais e memorandos (veja abaixo) e reforçaram a união entre os países.Durante discurso, Lula defendeu que as relações entre países não devem ser feitas de forma ideológica. “Não quero saber se ele [presidente de outro país] é de direita ou de esquerda. Quero saber que ele é o presidente de um país, e quero ter com ele uma relação de chefe de Estado. Por isso precisamos de instituições sólidas, para não ficar dependendo de presidente”, disse.Lula acrescentou: “a geopolítica do mundo não é feita de ocasiões, ela tem que ser perene”. “O exercício da democracia deve continuar independente de quem seja o presidente da República. É isso que precisamos pensar para consolidar a democracia, o multilateralismo e o livre comércio”, defendeu.Ao falar da reunião com o presidente do Chile, Lula disse que o encontro é importante principalmente pelo momento em que o mundo está vivendo. “Nossos países [da América do Sul] eram induzidos a se tratarem como inimigos. O Brasil vivia de costas para toda a América do Sul”, disse.“Por isso sou um cidadão obcecado pela integração. Nós, países da América do Sul, isolados, somos muito fracos. Mas não nascemos para viver mais 500 anos como um país pobre, sendo os nossos países governados para 30% ou 35% da população, com o restante da sociedade tratada como invisível”, disse.O presidente disse ainda que não quer uma guerra fria e citou que pretende ter relações com os Estados Unidos e com a China. “Não tenho que ter preferências, quem tem que ter preferência são os empresários. Eu [como presidente de um país] quero vender e comprar, fazer parcerias”, afirmou.A data da visita de Boric coincide com o Dia da Amizade Brasil-Chile, criado em alusão às relações diplomáticas iniciadas em 22 de abril de 1836. Os presidentes defendem a ampliação do diálogo sul-americano e o incentivo a iniciativas multilaterais.Veja detalhes de acordos assinados:No total, de acordo com o governo, 13 textos foram assinados, com o objetivo de fortalecer áreas como justiça e segurança pública, defesa, ciência e tecnologia, cultura, pesca e aquicultura, agricultura, pecuária e inteligência artificial.A relação comercial e política entre Brasília e Santiago tem se intensificado. Durante visita de Lula ao Chile em agosto de 2024, foram assinados acordos que ampliam cooperação em áreas como energia, meio ambiente, direitos humanos, segurança, agricultura, ciência e tecnologia.O Brasil é hoje o terceiro maior parceiro comercial chileno, movimentando mais de US$ 12 bilhões. Entre os produtos mais exportados pelo Brasil estão petróleo, automóveis e carne. Do Chile, chegam principalmente cobre, pescado e minérios.Um dos projetos centrais na agenda entre os dois países é o Corredor Rodoviário Bioceânico. A proposta prevê uma rota de 2.400 quilômetros, interligando os portos brasileiros do Atlântico aos chilenos no Pacífico, cruzando Paraguai e Argentina.A iniciativa busca ampliar conexões logísticas, atrair investimentos e reduzir barreiras no transporte de mercadorias.Segundo o governo chileno, o plano exige ações coordenadas entre os países, envolvendo infraestrutura, integração alfandegária e segurança.Na quarta-feira (23), Boric participa de encontro com estudantes da UnB (Universidade de Brasília). A conversa terá como tema “Democracia e Comércio: isolacionismo versus cooperação”.O evento será realizado no campus Darcy Ribeiro e não terá acesso ao público externo devido à limitação de espaço.Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp