Briga entre Bolsonaro e Eduardo é ‘íntima e privada’ e não deve receber ‘destaque’, diz defesa
Advogados deram explicações ao STF; deputado xingou pai e o chamou de ‘ingrato’ após Bolsonaro apontá-lo como ‘imaturo’
Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília
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Os advogados de Jair Bolsonaro afirmaram nesta sexta-feira (22) que a briga do ex-presidente com o filho Eduardo Bolsonaro é “íntima e privada” e, portanto, não deveria ter recebido “destaque” das autoridades.
A defesa de Bolsonaro apresentou explicações ao STF (Supremo Tribunal Federal) nesta noite. No documento, os advogados criticam o trabalho da Polícia Federal e afirmam que Bolsonaro é vítima de perseguição.
“O relatório [da PF] quis destacar o Peticionário [Bolsonaro] falando de pesquisas de intenção de votos, seu filho criticando o outro pré-candidato, os desencontros de opiniões e mesmo a briga — íntima e privada — entre pai e filho. Tudo muito prontamente publicizado e publicado", criticaram os advogados.
“Nada disso deveria importar no relato sobre a investigação. E a Polícia Federal, tão acostumada a grandes operações que partem de amplas interceptações telefônicas, sabe que conversas privadas e temas da intimidade não devem ter qualquer destaque”, acrescentam.
Na quarta-feira (20), o ministro Alexandre de Moraes deu 48 horas para a defesa do ex-presidente explicar o suposto descumprimento de medidas cautelares e o rascunho de pedido de asilo político para a Argentina encontrado no celular de Bolsonaro.
Desavença

Na investigação sobre a suposta atuação de Bolsonaro e do filho para atrapalhar o processo por tentativa de golpe de Estado, a Polícia Federal encontrou uma troca de mensagens dos dois na qual Eduardo xinga o pai e diz que ele é “ingrato”. O deputado fez o desabafo por ter sido chamado de “imaturo” por Bolsonaro.
“Eu ia deixar de lado a história do Tarcísio [governador de São Paulo], mas graça [sic] aos elogios que vc fez a mim no Poder360 estou pensando seriamente em dar mais uma porrada nele, para ver se vc aprender [sic]. VTNC SEU INGRATO DO C******!”, escreveu o deputado ao pai.
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Em outra mensagem, Eduardo expressou temor em relação ao impacto das declarações de Bolsonaro à imagem do parlamentar nos Estados Unidos:
“Se o IMATURO do seu filho de 40 anos não puder encontrar com os caras aqui, PORQUE VC ME JOGA PRA BAIXO, quem vai se f**** é vc. E VAI DECRETAR O RESTO DA MINHA VIDA NESTA P**** AQUI. TENHA RESPONSABILIDADE!”, afirmou Eduardo.
Em seguida, Jair Bolsonaro enviou dois áudios — cujo conteúdo não pôde ser recuperado —, e Eduardo respondeu com outro áudio também não acessado pela PF. Depois, o deputado fez novas provocações:
“Quero que vc olhe para mim e enxergue o Temer”, escreveu, em referência ao ex-presidente Michel Temer. “Vc falaria isso do Temer?”, completou, contestando a fala do pai sobre sua “imaturidade”.
Diante da pressão, Jair Bolsonaro voltou atrás e, em entrevista posterior, fez declarações mais favoráveis ao filho.
No dia seguinte ao desabafo, Eduardo pediu desculpas ao pai pelas ofensas, afirmando que “estava p*** na hora”.
Conclusões da PF
Na quarta-feira, a PF decidiu indiciar Bolsonaro e Eduardo por tentar interferir na ação penal da qual o ex-presidente é réu por tentativa de golpe de Estado.
No relatório final da investigação, a PF informou ver indícios dos crimes de coação no curso do processo (Art. 344 do Código Penal) e abolição violenta do Estado Democrático de Direito (Art. 359-L do Código Penal).
Segundo a Polícia Federal, Bolsonaro e Eduardo mantinham contato constante, e o deputado dirigia e direcionava as narrativas de interesse do grupo investigado, determinando até o conteúdo e a forma das postagens de Bolsonaro, incluindo legendas em inglês para repercussão internacional.
A PF concluiu que pai e filho atuaram de forma consciente para convencer autoridades estrangeiras a aplicar sanções contra o Brasil e contra autoridades nacionais, numa tentativa de garantir impunidade diante das acusações de tentativa de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado democrático de Direito.
Perguntas e respostas:
Qual é a posição dos advogados de Jair Bolsonaro sobre a briga entre ele e seu filho Eduardo?
Os advogados de Jair Bolsonaro afirmaram que a briga entre o ex-presidente e seu filho Eduardo é “íntima e privada” e, portanto, não deveria ter recebido destaque das autoridades.
O que foi apresentado pela defesa de Bolsonaro ao STF?
A defesa apresentou explicações ao STF, criticando o trabalho da Polícia Federal e alegando que Bolsonaro é vítima de perseguição. Eles argumentaram que a investigação não deveria incluir detalhes sobre a relação pessoal entre pai e filho.
O que a Polícia Federal encontrou na investigação?
A Polícia Federal encontrou mensagens entre Jair e Eduardo Bolsonaro, nas quais Eduardo xinga o pai e o chama de “ingrato” após ser chamado de “imaturo” por Jair. Essas mensagens foram consideradas relevantes para a investigação sobre a tentativa de golpe de Estado.
Quais foram as reações de Eduardo Bolsonaro nas mensagens?
Eduardo expressou seu descontentamento com as declarações do pai e fez críticas sobre como isso poderia afetar sua imagem nos Estados Unidos. Ele também pediu desculpas ao pai no dia seguinte, afirmando que estava “p*** na hora” das ofensas.
Qual foi a decisão da Polícia Federal em relação a Jair e Eduardo Bolsonaro?
A Polícia Federal decidiu indiciar Jair e Eduardo Bolsonaro por tentativas de interferir na ação penal em que Jair é réu por tentativa de golpe de Estado.
Quais crimes foram identificados pela Polícia Federal no relatório final da investigação?
No relatório final, a Polícia Federal identificou indícios de crimes de coação no curso do processo e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Como a Polícia Federal descreveu a relação entre Jair e Eduardo Bolsonaro durante a investigação?
A Polícia Federal concluiu que pai e filho mantinham contato constante e que Eduardo direcionava as narrativas de interesse do grupo investigado, influenciando até o conteúdo das postagens de Jair, incluindo legendas em inglês para repercussão internacional.
Qual foi a conclusão da Polícia Federal sobre as ações de Jair e Eduardo Bolsonaro?
A PF concluiu que ambos atuaram de forma consciente para convencer autoridades estrangeiras a aplicar sanções contra o Brasil e autoridades nacionais, buscando garantir impunidade diante das acusações de tentativa de golpe de Estado.
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