Câmara cria comissão externa para acompanhar situação dos ianomâmis em Roraima
Líder denunciou que garimpeiros estupraram e mataram criança de 12 anos. Depois disso, comunidade sumiu da região
Brasília|Sarah Teófilo, do R7, em Brasília
A Câmara dos Deputados aprovou, nesta quinta-feira (5), a criação de uma comissão externa para acompanhar a situação dos indígenas ianomâmis da comunidade Aracaçá, no estado de Roraima. O grupo é composto de 13 deputados do PT, Rede, PV, PSB, PSOL, PCdoB e PSD. Na justificativa, as deputadas Erika Kokay (PT-DF) e Joenia Wapichana (Rede-RR) afirmam que "é gravíssima a escalada de violência contra o povo ianomâmi".
"Principalmente nos fatos recentes, [como o] ocorrido na comunidade Aracaçá, região de Waikás, no estado de Roraima, decorrente de abuso sexual seguido de morte, de uma menina Yanomami de 12 anos, e o desaparecimento de seu irmão de 3 anos, que caiu no rio Uraricoera no momento em que sua mãe tentava salvar a menina de 12 anos da violência dos garimpeiros", consta no documento que solicita a criação da comissão.
Na semana passada, o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kuana, Júnior Hekurari Yanomami, afirmou que uma criança de 12 anos foi violentada por garimpeiros na região e que outra criança, de 4 anos, caiu do barco em que ambas estavam.
A PF (Polícia Federal) foi ao local e informou não ter encontrado indícios de crime. No fim de semana, a comunidade onde a criança vivia foi encontrada queimada, e sem nenhum indígena no local. Na última terça-feira (3), a situação da comunidade de Aracaçá foi um dos assuntos mais comentados na rede social Twitter.
"A Polícia Federal já fez uma série de operações contra a invasão de garimpeiros, no entanto, a falta de resposta permanente do Estado à altura do problema, e de um plano de proteção e fiscalização perene para a maior terra indígena do país, possibilitou que os garimpeiros ilegais se reorganizassem e passassem a operar em redes de organizações criminosas e que tem aumentado a sua presença dentro desta terra indígena", pontuaram as deputadas em requerimento.
Na última terça-feira (3), a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania) da Câmara criou um grupo de trabalho para acompanhar a situação dos povos indígenas ianomâmis. No mesmo dia, a Comissão de Direitos Humanos do Senado aprovou a realização de uma diligência externa em Roraima, prevista para 12 de maio, a fim de acompanhar as medidas adotadas pelas autoridades em relação à situação da comunidade ianomâmi.
A Terra Indígena Yanomami é a maior reserva do país, possui mais de 10 milhões de hectares distribuídos entre os estados do Amazonas e de Roraima. São 28,1 mil indígenas vivendo na região, incluindo os isolados, em 371 comunidades.