Novas oportunidades de trabalho, amadurecimento pessoal e aprimoramento de uma nova língua são algumas das razões que levam jovens e adultos a embarcar na ideia de fazer intercâmbios. De acordo com uma pesquisa realizada pela Belta (Associação Brasileira de Organizadores de Viagens Educacionais e Culturais), em 2012, 175 mil brasileiros foram estudar no exterior por meio de agências de intercâmbio. O dobro de há seis anos, quando o número não passava de 85 mil (2007).
Segundo dados da Belta, o Canadá é o principal destino dos brasilienses que decidem fazer intercâmbio, seguido de Reino Unido e Estados Unidos. O país também se destacou como o que mais recebeu estudantes brasileiros para cursos de idiomas, para o Ensino Médio, programas de trabalho e cursos de férias na última década.
Ainda entre os brasilienses, a grande maioria, ou de 70% das pessoas que fazem intercâmbio, têm entre 18 e 30 anos. Os cursos mais procurados são de idioma e de férias. São pessoas que querem aproveitar o período no exterior para estudar e ainda conhecer culturas e lugares novos.
Alunas de escolas públicas do DF são escolhidas para intercâmbio nos Estados Unidos
Especialista dá dicas de como evitar golpes durante intercâmbio no exterior
A estudante de Serviço Social da UnB, Lorena Campos, 19 anos, optou por um intercâmbio de um mês para Vancouver, no Canadá. Seu maior objetivo era melhorar a fluência na língua inglesa, após fazer seis anos de curso no Brasil. O destino foi escolhido depois de muitas conversas com os amigos e após ver fotos das paisagens canadenses com seus belos parques, estações de esqui e montanhas. A viagem saiu por quase R$ 15 mil reais, e ela conta que tudo valeu a pena.
— Eu definitivamente aprendi a ser mais indepedente e até a curtir mais a minha própria companhia.
Quem não possui as mesmas condições financeiras ou não está disposto a custear a passagem, pode tentar uma bolsa do governo, como o programa Ciências Sem Fronteiras, que através da Capes realiza o processo seletivo a partir de análise de histórico escolar, índice de rendimento acadêmico, premiações e participação em projetos de iniciação científica.
Foi o caso de Marina Shinzato, 22 anos, estudante de enfermagem da UnB. Ela conta que participou da primeira seleção de estudantes para o programa Ciências Sem Fronteiras no ano passado e no dia 29 de agosto embarcou para os Estados Unidos.
— Quando descobri sobre as inscrições já estavam quase se encerrando, então foi uma correria para dar tempo de resolver tudo, inclusive a prova de proficiência em inglês.
Apesar de não ter planejado, Marina conta que deu tudo certo e em menos de seis meses ela já estava embarcando.
Para a futura enfermeira, que voltou no dia 18 de julho para o Brasil, a experiência foi inesquecível. Apesar da saudade de amigos e da família, ela conta que se encantou com a organização e conservação dos locais públicos, mas não pensa em voltar para ficar, pois é apaixonada pelo Brasil.
— Tenho vontade de exercer a profissão de enfermagem no Brasil, no SUS (Sistema Único de Saúde) especificamente. Estudar bastante e quem sabe fazer um mestrado e doutorado em outros países que possam servir de modelo para ajudar o nosso sistema de saúde e assim poder devolver ao país o que foi investido em mim durante o intercâmbio.
Marina conta, ainda, que o sucesso da viagem depende muito do intercambista.
— O aproveitamento depende mais de você, de sua atitude do que do lugar em si, se eu tive um ano maravilhoso, foi porque decidi por isso e busquei de todas as formas aproveitar ao máximo e deixei de lado os obstáculos.
A estudante de desenho industrial Ana Cecília também embarcou nesta ideia, ela conseguiu uma bolsa da Capes e no dia 20 de agosto embarcou para a Itália para ampliar os conhecimentos na sua área.
Ela conta que escolheu o destino por ser um país de destaque em Design e acha o choque cultural trará bons frutos, apesar de guardar alguns medos.
— No Brasil possuo uma relação muito próxima com meus professores e tenho receio de que na Itália não tenha tanta abertura para expor minhas ideias. Também me assusta um pouco as apresentações de trabalhos e provas serem em italiano.
A experiência profissional e a bagagem cultural são também alguns das motivações que fazem pessoas viajarem para fora. O carioca e administrador Felipe Lontra Piragibe, 23 anos, trancou a faculdade no Brasil e passou seis meses na Nova Zelândia. Hoje ele é assessor de uma marca e conta que a experiência fora do Brasil foi fundamental não só pelos conhecimentos adquiridos, como a fluência inglês, mas por mostrar novas realidades.