Chanceler de Israel publica vídeo com brasileira que estava em festa atacada pelo Hamas e critica Lula
Israel Katz fez postagem nesta quarta-feira (21), um dia após ter cobrado do presidente brasileiro um pedido de desculpas
Brasília|Do R7, em Brasília
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, voltou a criticar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quarta-feira (21), pelas declarações do petista em que comparou as ações de defesa israelense com o extermínio de judeus durante o governo nazista de Adolf Hitler, na Alemanha. Nas redes sociais, a autoridade israelense destacou que a brasileira Rafaela Triestman estava no festival de música quando o grupo terrorista iniciou o ataque contra Israel, em 7 de outubro, e disse que ela teria uma mensagem a qual Lula deveria ouvir.
"A brasileira Rafaela Triestman estava no festival de música Nova quando terroristas do Hamas atacaram Israel, em 7 de outubro. Rafaela sobreviveu, mas seu namorado Ranani Glazer foi brutalmente assassinado por terroristas do Hamas, juntamente com vários dos seus amigos. Presidente Lula, após a sua comparação entre a nossa guerra justa contra o Hamas e os atos desumanos de Hitler e dos nazistas, a Rafaela tem uma mensagem que o senhor deveria ouvir", escreveu Katz.
A menção ao presidente brasileiro foi feita um dia após Katz ter cobrado um pedido de desculpas. "Milhões de judeus em todo o mundo estão à espera do seu pedido de desculpas. Como ousa comparar Israel a Hitler? É necessário lembrar ao senhor o que Hitler fez? Levou milhões de pessoas para guetos, roubou suas propriedades, as usou como trabalhadores forçados e depois, com brutalidade sem fim, começou a assassiná-las sistematicamente. Primeiro com tiros, depois com gás. Uma indústria de extermínio de judeus, de forma ordeira e cruel", escreveu o chanceler.
A cobrança do pedido de desculpas foi feita por Katz em português nas redes sociais. Lula foi classificado por Israel como "persona non grata" por declarações em que comparou as ações de defesa israelense no conflito contra o grupo terrorista Hamas ao nazismo. Segundo o ministro das Relações Exteriores de Israel, o presidente brasileiro é considerado indesejado no país até que haja uma retratação sobre as declarações.
Lula tem defendido que em nenhum momento se referiu ao povo judeu e sim ao governo de Netanyahu, segundo fontes da RECORD. Por isso, não teria quebrado o "combinado" com o Ministério das Relações Exteriores, de ter todo cuidado com o assunto. Dessa forma, não há previsão de uma retratação pública até que o petista converse com o embaixador do Brasil em Israel, Frederico Meyer, que foi convocado de volta ao país para consultas.
Caso haja uma retratação, não será um pedido explícito de desculpas, mas sim um balizamento da declaração de Lula, argumentam integrantes do governo ouvidos pela reportagem da RECORD. O embaixador brasileiro volta para Brasília nesta terça-feira (20) e deve se reunir com o presidente até sexta-feira (23).
Política externa prejudicada
Os gestos e as atitudes do presidente têm prejudicado o Brasil na área da política externa, avaliam especialistas consultados pelo R7. Os exemplos citados são as declarações sobre as ações de defesa de Israel, que o considerou "persona non grata", do conflito entre Rússia e Ucrânia e a tentativa de relativizar o regime ditatorial de Nicolás Maduro na Venezuela.
"Cada vez que o presidente Lula viaja ao exterior, traz estragos e prejuízos em termos de política externa. E são episódios tristes para os brasileiros, que compõem tradicionalmente um povo pacífico, aberto e amigo com as demais nações. No caso de Israel, os gestos parecem fechar as portas aos israelenses e desrespeitam os judeus que em solo brasileiro estão. É uma tremenda ofensa", avalia a professora de direito da Universidade de São Paulo (USP) Maristela Basso.
"Por outro lado, acirra também a polarização no país, uma vez que, aqueles que seguem o pensamento ideológico-partidário de Lula, se sentem autorizados à revanche antissemita. É extremamente prejudicial nas relações internacional e interna, porque serve de combustível para a eventual prática de crime", acrescenta.