Defesa entrega celular do governador afastado do DF, Ibaneis Rocha, à PF
Governador é investigado em inquérito que apura omissão e conivência de autoridades durante atos de vandalismo
Brasília|Hellen Leite, do R7, em Brasília
A defesa do governador do Distrito Federal afastado, Ibaneis Rocha (MDB), entregou o celular dele à Polícia Federal (PF) nesta segunda-feira (23). A entrega é uma ação voluntária depois de a casa e o escritório dele terem sido alvo de um mandado de busca e apreensão expedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes na última sexta-feira (20).
O governador não estava na capital federal quando as equipes policiais foram até a casa dele, ao escritório de advocacia em que ele atuou e ao Palácio do Buriti, sede do governo local. Na ocasião, Ibaneis usou as redes sociais para negar relação com os atos de extremistas nas sedes dos Três Poderes.
"Não há nada que possa me ligar aos golpistas que atacaram os Três Poderes. Eu sempre me comportei de modo a colaborar com as investigações e mantenho a postura. Cheguei a dar um depoimento espontâneo à Polícia Federal, mostrando que não há o que temer", escreveu o emedebista.
O governador se tornou alvo de investigação após os atos de vandalismo nas sedes dos Três Poderes, em Brasília, em 8 de janeiro. Na Esplanada dos Ministérios, os prédios do STF e do Congresso Nacional e o Palácio do Planalto foram invadidos e tiveram vidraças e objetos destruídos por manifestantes contrários ao atual governo.
Depoimento de Ibaneis
Ibaneis prestou depoimento à Polícia Federal no dia 13 de janeiro, de forma voluntária. Por duas horas, o governador respondeu aos questionamentos feitos pela Polícia Federal. Ele afirmou que não tem "qualquer envolvimento, por ação ou omissão, com os fatos ocorridos" em 8 de janeiro, e disse ainda que havia determinado a retirada dos manifestantes dos acampamentos em 29 de dezembro, mas que foi impedido pelo Exército.
Indagado a respeito de medidas inicialmente adotadas para conter os acampamentos%2C o declarante [Ibaneis] afirmou que a área é sujeita à administração do comando do Exército%2C contudo o GDF manteve contato com comandantes militares para organizar a retirada pacífica dos acampados%3B que foi definida a data de 29%2F12%2F2022 e iniciado o procedimento de remoção%2C mas este foi sustado logo após o início por ordem do comando do Exército%3B que algumas barracas chegaram a ser retiradas%2C mas o DF Legal%2C auxiliado pela Polícia Militar%2C não conseguiu terminar todo o trabalho de retirada em razão da oposição das autoridades militares.
Segundo um documento da Secretaria de Estado de Proteção da Ordem Urbanística do DF, os militares também vetaram a ação de retirada de ambulantes irregulares na praça dos Cristais, onde os manifestantes estavam acampados.
Extremistas presos
Após os ataques, mais de 1.400 pessoas foram detidas sob suspeita de envolvimento nos atos de vandalismo. Dessas, 942 pessoas tiveram a prisão em flagrante convertida em preventiva e 464 conseguiram liberdade provisória, por meio de medidas cautelares, e vão poder responder ao processo em liberdade, com o uso de tornozeleira eletrônica.
Os prejuízos causados ao Congresso Nacional, Palácio do Planalto e STF chegam a R$ 18,5 milhões, segundo estimativas apresentadas pela Advocacia-Geral da União (AGU) em pedido para bloquear a quantia de quem financiou os atos de vandalismo.