Engenheiros do ITA contestam relatório do PL sobre urnas: 'Superficial e limitado'
Em carta aberta, 30 pesquisadores alegam que os dados apresentados ao TSE não seguem boas práticas de análises técnicas
Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília
Trinta engenheiros do Instituto de Tecnologia da Aeronáutica (ITA) divulgaram uma carta aberta em que criticam os dados usados pelo PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, para embasar o pedido de anulação de mais da metade dos votos do segundo turno das eleições de 2022. Na avaliação dos pesquisadores que assinaram a carta, o relatório é "superficial, limitado e não segue boas práticas de análises técnicas e científicas".
"O relatório se baseia em duas análises de dados incorretas, que repudiamos em metodologia, profundidade e qualidade técnica", dizem os engenheiros. Eles argumentam não haver nenhuma "evidência de causalidade entre a versão das urnas e características de seus resultados", como apontou o documento do PL.
O partido questiona a integridade do arquivo gerado pela urna com os dados dos votos contabilizados, conhecido como log. No entanto, para os signatários da carta, os logs, dados que podem ser auditados, foram disponibilizados corretamente. "Não há indícios suficientes para apontar irregularidades nos registros ou não há impedimentos de análises", sustentam os críticos.
Os autores da carta deixam claro que "não representam os engenheiros formados na instituição, tampouco a instituição em si". Os críticos ponderam que a própria exposição é composta de "profissionais formados na instituição que não possuem nenhum vínculo ou supervisão para se posicionar em seu nome".
O PL contratou uma auditoria privada para elaborar o documento que serviu como base para o questionamento junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do resultado das eleições e pedido do partido para cancelamento dos votos de urnas com supostos problemas no registro. O relatório é assinado por três engenheiros formados pelo ITA, o que motivou a crítica de colegas da instituição.
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O presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, negou a solicitação do PL e considerou que o partido agiu por litigância de má-fé, classificando o pedido de "esdrúxulo e ilícito, ostensivamente atentatório ao Estado democrático de Direito e realizado de maneira inconsequente com a finalidade de incentivar movimentos criminosos e antidemocráticos". Além disso, o magistrado aplicou multa de R$ 22,9 milhões ao partido.