Especialista culpa falha diplomática por tarifaço: ‘Houve insensatez em bater de frente’
Presidente de associação de comércio exterior defende continuidade nas conversas: ‘Não podemos desistir da negociação’
Brasília|Lis Cappi, do R7, em Brasília
RESUMO DA NOTÍCIA
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A imposição de tarifas adicionais pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros expôs erros na condução diplomática e excesso de confronto por parte do governo federal, segundo avaliação do presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), Arthur Pimentel, em entrevista ao R7.
“No nosso entender, houve insensatez ao optar pelo enfrentamento direto”, declarou o especialista em comércio exterior. “Faltou escuta ampla e atenção ao peso de cada mercado. As tratativas deveriam ter seguido os trâmites institucionais”, acrescentou.
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A declaração ocorre após o governo norte-americano oficializar a cobrança de tarifas de até 50% sobre uma variedade de produtos brasileiros. Uma análise preliminar aponta que as novas regras afetam 35,9% das exportações para os EUA, totalizando US$ 14,5 bilhões em vendas no ano de 2024.
“Considero que, neste caso, a diplomacia foi nula. Agora, o cenário está posto, e será preciso trabalhar com as condições disponíveis. Determinados itens serão sobretaxados. Como manter linhas de produção com impostos tão elevados? Como oferecer preços competitivos com mercadorias já oneradas na origem?”, questionou Pimentel.
Ele também observou que as rodadas de negociação negligenciaram setores com forte dependência do mercado norte-americano, resultando em entraves para produtos que enfrentam dificuldade de recolocação comercial.
“Diversos contratos foram cancelados, especialmente no setor pesqueiro. Alguns itens ainda encontram novos mercados, mas outros estão restritos a nichos extremamente específicos. Esses acordos são construídos ao longo de anos, e não se substituem de forma imediata”, afirmou.
No caso dos pescados, citados por Pimentel, cerca de metade da produção nacional é direcionada aos Estados Unidos.
A Abipesca, entidade representativa do setor, alerta para a inexistência de mercados alternativos. Além dos prejuízos financeiros, estima-se risco de perda de empregos que pode afetar mais de 1 milhão de pescadores.
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Reações e estratégias futuras
Pimentel defende que os próximos passos priorizem o reestabelecimento de diálogo direto entre os governos, evitando politizações envolvendo o presidente Donald Trump, e preservando a relação bilateral.
“É fundamental apoiar setores que já enfrentavam taxações anteriores e permanecem vulneráveis a novas sobretaxas, mesmo com declarações contrárias do governo americano. Não se pode abandonar o processo negocial. Otimismo e persistência são indispensáveis”, concluiu.
Entenda o cenário
As novas tarifas foram anunciadas por Donald Trump no início de julho e formalizadas na quarta-feira (30). Algumas mercadorias brasileiras ficaram isentas, porém itens como carne e café continuam sob aumento significativo de taxação.
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