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R7 Brasília

Ex-assessor da Fazenda confirma ter recebido denúncia contra deputado, mas sem provas

José Francisco Mansur foi ouvido pela CPI da Manipulação de Jogos no Senado e destacou a importância de sistemas de controle

Brasília|Jéssica Gotlib, do R7, em Brasília

Mansur confirmou relato de pedido de propina Fotográfo/Agência Brasil

O ex-assessor do Ministério da Fazenda José Francisco Mansur confirmou ter encontrado o presidente da Associação Nacional de Jogos e Loterias, Wesley Cardia, em 2023. Ouvido pela CPI da Manipulação de Jogos (Comissão Parlamentar de Inquérito da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas) do Senado na tarde desta terça-feira (2), Mansur declarou ter ouvido relato do empresário sobre um suposto pedido de propina por parte de um deputado.

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Apesar disso, o ex-assessor da Fazenda pontuou que Cardia nunca apresentou provas da denúncia e que parecia bastante nervoso, além de ter declarado estar sob efeito de medicamentos. “Ele mencionou muitas vezes que estava sob efeito de medicação, de muita medicação. Eu primeiro dei água e falei: ´Agora conta por que o senhor me procurou’. Ele falou: ‘Fui procurado’. Ele falava de uma forma não linear, ele falava de uma forma de quem realmente estava muito nervoso”, descreveu.

O advogado informou ainda que orientou o empresário sobre o que fazer após a conversa. “Eu disse para não pagar absolutamente nada a ninguém. Disse: Procure as autoridades e relate a elas.” Perguntado pelo senador Eduardo Girão (Novo-CE), o ex-assessor declarou que desconhece qualquer outro pedido ou oferta de propina das casas de apostas ou de políticos e partidos ao Ministério da Fazenda.

Incerteza sobre apostas afeta credibilidade do esporte

A suspeita sobre a manipulação de resultados esportivos é “a maior crise que o esporte brasileiro já viveu”, declarou o ex-assessor do Ministério da Fazenda José Francisco Mansur. Segundo Mansur, a situação afeta a credibilidade do esporte no país.


“Uma criança chegar ao estádio e falar para o pai, quando alguém erra um lance, um atleta: ‘Pai, ele fez isso de propósito? ‘, é horrível para o esporte. E é horrível também sob o ponto de vista de estigmatizar o atleta brasileiro, porque o atleta brasileiro, na sua grande maioria, é um homem ou uma mulher que lutou muito para chegar ao alto rendimento, e é uma minoria - isso precisa ser dito muitas vezes -, é uma minoria que se deixa corromper”, argumentou.

Durante a audiência, ele reforçou que é preciso que o Brasil tenha uma regulamentação específica e um sistema de investigação preparado para monitorar movimentos suspeitos de apostas esportivas. “Manipulação de resultado se enfrenta com tecnologia que possa concentrar num lugar só um acompanhamento em tempo real das apostas que estão ocorrendo no Brasil, para a gente encontrar aquelas apostas muito acima do normal, aquelas apostas que movimentam as ODS, e casar esse indício inicial com a verificação”, disse.

Mansur declarou ainda que a avaliação inicial pode ser feita por inteligência artificial e que os desvios eventualmente encontrados entre apostas e padrão de comportamento dos atletas devem ser analisados pelo poder público. “Casando esses dois indícios, pode-se criar uma escala de 1 a 5, onde 1 é a suspeita mais leve, e 5 é a suspeita mais grave, e a partir de se chegar a uma escala 3, é possível até preventivamente que o órgão do Governo Federal determine às empresas que tirem aquele jogo do card”, exemplificou.

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