Julgamento de Bolsonaro e aliados

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‘Fux atraente’, ‘sogra querida’ e ‘juiz inquisidor’: veja frases dos primeiros dias de julgamento

Advogados protagonizaram momentos inusitados com ministros da Primeira Turma do STF

Brasília|Do R7

03/09/2025 - 21h14 (Atualizado em 03/09/2025 - 21h14)

'Impunidade e a covardia não são opções para pacificação' Ao iniciar o julgamento com o relatório, o ministro Alexandre de Moraes deu um recado aos defensores de uma anistia aos condenados pelo 8 de Janeiro. Sem citar o projeto em tramitação no Congresso, ele enfatizou que “a impunidade, a omissão e a covardia não são opções para a pacificação”. “O caminho aparentemente mais fácil, e só aparentemente, que é da impunidade, que é da omissão, deixa cicatrizes traumáticas na sociedade e corrói a democracia, como lamentavelmente o passado recente do Brasil demonstra”, disse. O ministro também fez referência à sanção que recebeu do governo americano com a Lei Magnitsky. “Lamentavelmente, no curso dessa ação penal, se constatou a existência de condutas dolosas e conscientes de uma verdadeira organização criminosa que, de forma jamais vista anteriormente em nosso país, passou a agir de maneira covarde e traiçoeira com a finalidade de tentar coagir o Poder Judiciário, em especial esse Supremo Tribunal Federal, e submeter o funcionamento da corte ao crivo de outro Estado estrangeiro.” Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil - 3.9.2025

'Fux amoroso e atraente' O advogado do tenente-coronel Mauro Cid, Cezar Bittencourt, destacou o histórico de advogado do presidente da Primeira Turma, Cristiano Zanin, e em seguida enalteceu o ministro Luiz Fux. “Ministro Luiz Fux, sempre saudoso, sempre presente, sempre amoroso, sempre simpático, sempre atraente, como são os cariocas, é uma honra muito grande, uma satisfação imensa”, afirmou Bitencourt, arrancando risos de Fux. Na sequência, Flávio Dino cobrou o mesmo tratamento: “Eu quero dizer que eu não aceito nada menos do que isso”, frisou Dino, provocando gargalhadas. Montagem - Gustavo Moreno/STF e Victor Piemonte/STF - 2.9.2025

Advogado diz que é o único a gostar de Bolsonaro e Moraes Advogado do ex-comandante da Marinha Almir Garnier, Demóstenes Torres protagonizou uma cena inusitada ao falar que gosta tanto do ex-presidente Jair Bolsonaro quanto do ministro Alexandre de Moraes. “Talvez eu seja a única pessoa no Brasil que gosta do ministro Alexandre de Moraes e do Bolsonaro”, disse Torres, arrancando reações no plenário. Sobre o ex-presidente, chegou a afirmar que, se fosse necessário, levaria “cigarro para ele em qualquer lugar”. "Conte comigo", afirmou o advogado. Rosinei Coutinho/STF - 3.9.2025

Processo eleitoral é auditável Durante a argumentação da defesa do ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem, o advogado Paulo Cintra usou as expressões “voto auditável” e “voto impresso” como sinônimos ao defender que Ramagem não participou da difusão de desinformação para atacar o sistema eleitoral. A ministra Carmén Lúcia rebateu o advogado, afirmando que as expressões são diferentes. “Vossa senhoria sabe a distinção entre processo eleitoral auditável e voto impresso? Porque repetiu como se fosse sinônimo, e não é. Porque o processo eleitoral é amplamente auditável no Brasil. Passamos por uma auditoria”, afirmou a ministra. Montagem - Gustavo Moreno/STF - 2.9.2025

Defesa de Heleno questiona atuação de Moraes: 'Inquisidor' O advogado do general Augusto Heleno, Matheus Milanez, questionou a atuação do ministro Alexandre de Moraes durante o curso do processo. “Uma das testemunhas, o senhor Waldo Manuel de Oliveira Aires, foi indagado pelo ministro relator a respeito de uma publicação dele nas redes sociais que não consta nos autos, ou seja, nós temos uma postura ativa do ministro relator de investigar testemunhas. Por que o Ministério Público não fez isso? Qual o papel do juiz? Ou é juiz inquisidor?”, questionou Milanez. Montagem - Rosinei Coutinho/STF - 3.9.2025

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‘Delação não é nem jabuticaba’ Advogado de Bolsonaro, Celso Vilardi usou a fruta jabuticaba, que é exclusiva do Brasil, para argumentar que a delação de Mauro Cid, da forma como está sendo tratada, é tão absurda que não existiria em lugar nenhum. “Nós temos uma delação, que na verdade alguém chamou aqui de uma jabuticaba. Não é uma jabuticaba, com todo respeito ao doutor Demóstenes. É muito mais grave, porque a jabuticaba existe aqui no Brasil. A delação, da forma como está sendo proposto nas alegações finais do Ministério Público, não é uma jabuticaba. É algo que não existe nem aqui, nem em nenhum lugar do mundo.” Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil - 3.9.2025

Defesa de Bolsonaro critica delação de Cid e tempo para analisar documentos O advogado de Jair Bolsonaro, Celso Vilardi, disse que não conhece a íntegra do processo sobre a trama golpista pelo curto tempo que teve para analisar os documentos. “Não conheço a íntegra desse processo. Em uma instrução de menos de 15 dias, não tive como analisar o conjunto de provas, estamos falando de bilhões de documentos. A instrução começou em maio e estamos em setembro”, declarou Vilardi. Ele também pontuou que Cid “mudou de versão diversas vezes” nos depoimentos. “E isso não sou eu que estou dizendo, é o Ministério Público Federal e a Polícia Federal que apontam inúmeras contradições. Nessas conversas, ele próprio revelou que foi induzido, que não agiu por vontade própria, e que a autoridade tentou conduzir sua fala. Essas declarações repetem o que já havia sido registrado anteriormente, reforçando que a delação não é confiável”, defendeu. TON MOLINA/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO - 2.9.2025

‘Salto triplo carpado hermenêutico do Ministério Público’ O advogado Andrew Farias, que defende o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, usou uma expressão para falar sobre a interpretação forçada que, na visão dele, o Ministério Público faz sobre o caso. “É um salto triplo carpado hermenêutico o que o Ministério Público faz? Não. É porque o Ministério Público, com a devida vênia, se baseia em premissas fáticas equivocadas. E por se basear em premissas fáticas equivocadas, logicamente, à luz da razão, vai chegar a uma conclusão equivocada.” TON MOLINA/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO - 3.9.2025

Defesa de Paulo Sérgio cita sogra e poemas em argumentação Outro momento que arrancou risadas do colegiado foi quando o advogado Andrew Farias, defensor de Paulo Sérgio Nogueira, citou a própria sogra enquanto falava sobre o plano Punhal Verde e Amarelo. “Eu lembro minha sogra, que fala: ‘Às vezes, as palavras são como um punhal, uma arma, machucam, doem’. E por que lembrei da minha querida sogra?”, explicava o advogado, quando foi interrompido pelo ministro Flávio Dino: “Eu estou curioso”. Alexandre de Moraes entrou na sequência: “A sua sogra fala isso, ou as palavras dela são um punhal?”, questionou, em tom de brincadeira. Entre risos no plenário, o advogado negou que as palavras da sogra sejam como um punhal e completou: “Minha querida sogra, tenho um amor profundo por ela. Honestamente, ela me trata muito melhor do que eu mereço, tenho amor profundo por ela”. O celular de Farias tocou no meio da fala dele, e depois que o advogado acabou de falar, Flávio Dino comentou: “Não esqueça de atender o telefone. Era sua sogra”. Em um outro momento, o advogado citou poemas como “Eneida” e “Juca Pirama” para provar a inocência do militar. “Acredito que o ministro Fux, que eu já vi trazer os versos de Gonçalves Dias algumas vezes e tem uns versos de Gonçalves Dias que eu gosto muito, que é aquele Juca Pirama. Diz mais ou menos assim: Guerreiros nasci, sou bravo, sou forte e digo eu, sou filho do Nordeste”, disse. Montagem - TON MOLINA/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO - 3.9.2025 e Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil - 2.9.2025

Alice no País das Maravilhas O advogado de Paulo Sérgio Nogueira, Andrew Farias, usou um diálogo de Alice no País das Maravilhas para questionar a manipulação do significado das palavras e a autoridade sobre elas. “Eu lembro do Lewis Carroll, aquela famosa passagem do diálogo entre Alice e Humpty Dumpty. Diz Humpty Dumpty: ‘Quando eu uso uma palavra, ela significa exatamente aquilo que eu quero que signifique. Nem mais, nem menos’. ‘A questão’ — e aqui é a sabedoria, a racionalidade, a lógica, representada por Alice —, ‘A questão’, ponderou Alice, ‘é saber se o senhor pode fazer as palavras dizerem coisas diferentes’. ‘A questão’, replicou Humpty Dumpty, ‘é saber quem é que manda’.” Antonio Augusto/STF - 2.9.2025

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Advogado diz que perderia o pouco de cabelo que tem caso sessão fosse adiada O advogado de Walter Braga Netto, José Luis de Oliveira Lima, foi o último a falar. Ele agradeceu ao presidente da Primeira Turma do STF, Cristiano Zanin, por estender a sessão para que ele fizesse sua manifestação. “Eu, inicialmente, preciso agradecer a Vossa Excelência por ter prorrogado a sessão para que eu pudesse usar essa tribuna sagrada, porque se eu tivesse que esperar mais uma semana para ser o último a falar, os poucos fios de cabelo que eu tenho, na terça-feira não teria nenhum.” Rosinei Coutinho/STF - 3.9.2025

Cid é 'artista de péssima qualidade' O advogado José Luis de Oliveira Lima, que defende Walter Braga Netto, descreveu Mauro Cid como um "artista de péssima qualidade" em função das inconsistências sobre um dinheiro que teria sido entregue por Braga Netto para um plano para matar autoridades. Ele também frisou que Cid “mente o tempo todo”. “Essa narrativa acusatória ela não para em pé. E o réu colaborador disse que recebeu este dinheiro numa sacola de vinho lacrada. Ele disse que não abriu essa sacola. Como é que ele sabe que era dinheiro? Como é que ele faz aquele gesto, num ato falho, aqui no interrogatório, assim [faz um gesto com a mão]. É inacreditável. Ele é um artista. Ele é um artista. Ele é um artista de péssima qualidade. Quando ele faz assim com a mão. Eu indaguei a ele: ‘O senhor tem prova dessa entrega de dinheiro?’. ‘Não’. ‘O senhor tem prova dessa entrega de dinheiro?’. ‘Não’. Ele disse isso.” Rosinei Coutinho/STF - 3.9.2025

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