Governo federal envia mais 149 brigadistas para combate a incêndios no Amazonas
Número de municípios em situação de emergência pode chegar a 60 nos próximos dias, o que equivale a 97% do estado
Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília
O governo federal, por meio do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), aumentou em 149 o número de brigadistas na linha de frente do combate aos incêndios no Amazonas. O R7 verificou que parte dos profissionais já está em atuação na região. O restante deve chegar ao local no domingo (15), em um voo da Força Aérea Brasileira (FAB).
Com o reforço, o número de brigadistas na área subiu para 289 — dos quais 119 são do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e 87, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
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As informações foram repassadas à imprensa pelos ministros Marina Silva (Meio Ambiente) e Waldez Goes (Desenvolvimento Regional) e pelo presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, nesta sexta-feira (13).
De acordo com monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), havia, até esta quinta-feira (12), 2.770 focos de incêndio ativos no Amazonas — o maior resultado para o mês desde 1998.
"O principal vetor das queimadas é o desmatamento. Não existe fogo natural na Amazônia — ou é feito propositalmente por criminosos ou para a transformação da cobertura vegetal para determinados usos", declarou Marina Silva.
Segundo Goes, o número de municípios amazonenses em estado de emergência pode subir para 60 nos próximos dias. Atualmente são 55, enquanto cinco estão com alerta de atenção. Se a quantidade de fato subir, 97% dos municípios do Amazonas estarão em situação de emergência.
O ministro de Desenvolvimento Regional espera receber, até segunda-feira (16), os planos de ação de todos os prefeitos das localidades em situação crítica. Quando estão em emergência, os municípios podem obter recursos do governo federal de maneira facilitada, além de efetuar compras emergenciais sem licitação e ultrapassar a previsão das metas fiscais para bancar ações.
"Colocaremos recursos diretamente nos municípios só para ajuda humanitária, de acordo com o que está sendo apresentado nos planos", explicou Goes sobre essa primeira fase. O auxílio inclui financiamento para a aquisição de alimentos, água, combustíveis e itens de higiene pessoal.
A ministra do Meio Ambiente ressaltou a importância da partipação da sociedade na diminuição dos incêndios na Amazônia. Para ela, a ação da população deve ser aliada à atuação de brigadistas e bombeiros.
A tendência é que a situação se agrave ainda mais nos próximos meses, porque o auge do El Niño deve ocorrer entre dezembro e janeiro. "É uma situação de extrema gravidade, com o cruzamento de três fatores: grande estiagem provocada pelo El Niño e agravada pelo problema da mudança do clima, com matéria orgânica concentrada em grande quantidade, e ateamento de fogo em propriedades particulares e em áreas públicas de forma criminosa", alertou Marina.
O El Niño ocorre quando as águas do oceano Pacífico, próximas à linha do Equador, se aquecem acima do normal por, no mínimo, seis meses. Com isso, a formação de chuvas, a circulação dos ventos e a temperatura são alteradas, o que impacta de forma diferente as regiões da América do Sul e, consequentemente, do Brasil, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Desde maio, parte dos estados do Amazonas e do Pará vem registrando chuvas abaixo da média. De acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), a situação pode ser uma consequência do inverno mais quente provocado pelo El Niño. O déficit de chuvas registrado entre os meses de julho e setembro no interior do Amazonas e no norte do Pará foi o mais severo desde 1980.