O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou nesta quinta-feira (10) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem recomendado “prudência” aos integrantes do governo federal em relação ao “tarifaço” do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Para Haddad, o norte-americano não apresenta “diretriz clara” na taxação de produtos vendidos por outros países aos EUA, o que dificulta uma “avaliação criteriosa” sobre os possíveis impactos das tarifas para a economia brasileira.“Como as coisas mudam a cada 24 horas no plano internacional, não há uma diretriz clara, e as pessoas estão com muita insegurança sobre o que está acontecendo com o governo dos EUA. Não é possível, nesses poucos dias transcorridos, fazer uma avaliação criteriosa. Então, qualquer coisa que eu falasse aqui pode ser desmentida amanhã, a depender dos desdobramentos que vão acontecer. O que o presidente está recomendando é muita prudência”, destacou Haddad a jornalistas, no Ministério da Fazenda.No último sábado (5), começaram a valer as taxas extras para itens de diversos países, inclusive o Brasil, taxado em 10%, a menor taxa. Nessa quarta (9), Trump informou que, à exceção da China, as nações afetadas vão receber tarifas de 10% por 90 dias. O governo dos EUA esclareceu nesta quinta que o país asiático terá, de forma acumulado, taxa de 145%.Haddad também reforçou as negociações do governo brasileiro, comandadas pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, e afirmou que a postura diplomática fez com que o Brasil recebesse a menor tarifa.“Os canais diplomáticos estão abertos, as conversas com o governo dos Estados Unidos estão acontecendo, sobretudo com o secretário [norte-americano] que cuida do comércio exterior. Isso está em curso. A América do Sul teve um tratamento diferenciado no conjunto da proposta da semana passada. Nesta semana, as coisas mudaram de novo, a tarifa mais alta só ficou valendo para a China. Então, nós temos de aguardar um posicionamento final para saber como proceder. Mas, o mais importante é que nós temos relações históricas de negociação com os EUA e nós estamos na mesa já há algumas semanas dialogando. E eu penso que, em relação ao Brasil, o que aconteceu já faz parte da atuação da boa diplomacia brasileira”, acrescentou.Nessa quarta, o presidente brasileiro afirmou que “tarifas arbitrárias desestabilizam a economia internacional e elevam os preços”, em referência às recentes medidas protecionistas de Trump. Embora não tenha citado o norte-americano, o petista criticou as taxas aplicadas e defendeu a integração regional.“A história nos ensina que guerras comerciais não têm vencedores”, destacou Lula em discurso lido na 9ª Cúpula da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), em Tegucigalpa, capital de Honduras.Depois, em intervenção no evento com outros líderes, Lula declarou que nenhum país sozinho é capaz de negociar com os Estados Unidos em condições de igualdade. Ao defender o multilateralismo e o livre comércio, o petista criticou Trump e afirmou que a intenção do republicano é “tentar fazer negociações individuais”. Lula chamou, ainda, as medidas do norte-americano de unilaterais. Nessa parte, o brasileiro falou de improviso, sem ler, e foi aplaudido pelos colegas.Em seguida, a jornalistas, o petista afirmou que o Brasil vai reagir às taxações com “o que achar cabível”. Apesar do tom, Lula afirmou ainda não haver nenhuma ação concreta do Executivo brasileiro e destacou que o governo federal vai insistir na saída diplomática para o assunto.“Já conversamos com o negociador do presidente Trump. Mauro Vieira [ministro das Relações Exteriores] já ligou. Alckmin já negociou. A nossa decisão é a seguinte, tudo que fizer conosco haverá reciprocidade. Tudo. Ou nós vamos para a Organização Mundial do Comércio (OMC) brigar, onde é o direito de a gente brigar, ou a gente vai dar reciprocidade. É o mínimo que se espera de um país que tenha dignidade e soberania” completou. A OMC, da qual Brasil e EUA fazem parte, é um organismo multilateral responsável por regular o comércio entre os países membros.Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp