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Ibaneis reabre Buraco do Tatu e resgata Marco Zero da construção de Brasília

Obras no túnel duraram 30 dias com investimento de R$ 2 milhões; reforma beneficia 150 mil motoristas

Brasília|Edis Henrique Peres, do R7, em Brasília

Marco Zero de Brasília, Marco Zero, Buraco do Tatu
Ibaneis visitou nesta quinta o Marco Zero Renato Alves / Agência Brasília - 01.08.

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, reabriu nesta quinta-feira (1º) o Buraco do Tatu, passagem de 700 metros que liga os eixos Rodoviário Norte e Sul, no Plano Piloto, e resgatou o Marco Zero da capital do país. A via passava por reforma desde 1º de julho e teve um investimento de R$ 2 milhões para a troca do pavimento original. Foi no processo de reforma, que o governo decidiu restabelecer o importante símbolo histórico de Brasília.

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“É importante a gente fazer referência a esse símbolo que traz a memória de Brasília. E a gente fica muito feliz de poder contar essa história da capital da República, que nos encanta e que encanta a todos que já nos visitaram. Esse será mais um ponto turístico para a cidade. Aos domingos, quando o Eixão estiver fechado, certamente as pessoas vão passar por aqui para poder fazer essa visita maravilhosa”, disse Ibaneis.

Também conhecida como “Estaca Zero” de Brasília, o local serve de referência na ordenação numérica da quilometragem das vias, ou seja, é o ponto inicial para a contagem das distâncias na cidade.

O Marco foi fincado pelo engenheiro e topógrafo Joffre Mozart Parada, em 20 de abril de 1957. Então chefe da equipe de topografia da Novacap (Companhia Urbanizadora da Nova Capital), ele fincou a estaca na antiga Fazenda Bananal, o ponto que é o cruzamento dos eixos rodoviário e monumental.


O historiador do Arquivo Público de Brasília, Elias Manoel da Silva, conta que o local já teve sinalizações anteriores, mas devido a obras e revitalizações, o Marco acabou sendo removido. “A importância disso hoje é a conscientização da preservação da memória. Não é uma abertura apenas do Buraco do Tatu, mais uma abertura para a História de Brasília”, defende.

Ele detalha, por exemplo, que o Marco precisou ser estudado e inclusive adequar um pouco o desenho original feito por Lúcio Costa. “O Marco é fundamental porque se ele fosse muito embaixo, a Asa Norte seria alagada pelo Lago Paranoá, se fosse muito acima, teríamos que escavar muita terra para deixar o terreno plano. A equipe estava temerosa de marcar esse ponto, foi então que pediram para Joffrey Mozart Parada, que corajosamente aceitou o desafio e milimetricamente estabelece o Marco Zero no local exato”, explica.


Valorização da história

A cerimônia contou com a presença das quatro filhas de Joffrey Mozart Parada, o responsável por fincar o Marco Zero. Uma das filhas, Thelma Consuelo Parada Ribeiro, 69 anos, engenheira aposentada, conta que o pai era uma pessoa discreta e muito dedicada ao trabalho.

“É muito importante ver essa memória ser valorizada. Apesar de Brasília ser relativamente nova, já estamos começando a lembrar e a valorizar a história da capital. Os órgãos principais e quem trabalha com isso, em geral, sabia que aqui ficava o Marco Zero, mas a população muitas vezes não conhece, agora isso fica aberto a todos”, diz.


Thelma conta que a casa onde moravam era cheia de mapas e pedras de minas, fruto do trabalho do pai. Foi a família também que desenhou o primeiro mapa de Brasília, colorido a lápis com a ajuda das irmãs. Ela relembra que na infância o pai nunca chegou a comentar o papel fundamental que ele tinha feito na construção de Brasília.

“Ele era muito discreto, não falava sobre isso. Tanto que quando éramos crianças e passávamos por aqui ele nunca dizia que aqui tinha o Marco Zero. O que fazíamos na época era pedir para ele buzinar, porque não tinha tanto carro e o túnel fazia eco. Era a nossa diversão”, lembra.

Para o superintendente do Arquivo Público de Brasília, Adalberto Scigliano, a sinalização restabelecida no Marco Zero representa a conscientização da preservação da memória. “Essa é uma boa oportunidade para a gente resgatar o local onde está a Estaca Zero. Quando Lucio Costa cruza os eixos de Brasília, ainda em um esboço, ele dificilmente imaginaria que estaríamos aqui hoje, cruzando o passado com o futuro”, avalia.

Reformas no Buraco do Tatu

Segundo o Governo do DF, o pavimento do Buraco do Tatu ainda era o original da época da construção de Brasília e estava degradado após 60 anos de uso. Na obra, as placas de concreto danificadas foram trocadas por novas e o material antigo das juntas de dilatação, que unem essas placas, foi substituído por um selante com durabilidade prevista de dez anos.

Os serviços também incluíram a lavagem das paredes azulejadas e do teto do túnel, além da limpeza e desobstrução de todas as caixas de drenagem da passagem. Fauzi Nacfur Júnior, presidente do Departamento de Estradas de Rodagem do DF, explica que as obras foram feitas em julho devido às férias escolares, para impactar menos no trânsito.

Sobre o Marco Zero, ele comenta que o ponto é “um patrimônio histórico de extrema importância para nossa cidade e para a história do Brasil”.

“Nas rodovias, a principal forma de localização são as placas correspondentes aos marcos quilométricos. Por exemplo, quando vemos uma placa com a indicação ‘km 75′ informa que aquele ponto da rodovia está situado a exatos 75 km do marco zero”, diz.

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