Introdução de novo sorotipo da dengue no DF acende alerta para casos graves da doença
Dois casos do sorotipo 3 foram confirmados na capital do país, um deles com contaminação dentro do DF

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal confirmou nesta semana a contaminação de duas pessoas com o sorotipo 3 da dengue, que não tinha registros recentes em Brasília até então. A informação consta no último boletim epidemiológico, publicado na quinta-feira (27). A introdução de um novo sorotipo acende o alerta para casos mais graves da doença.
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Coordenador de infectologia e chefe da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Santa Lúcia de Brasília, Werciley Júnior diz que nos últimos anos a prevalência da dengue no DF era de outros sorotipos.
“Nos últimos anos, a gente tinha prevalência do sorotipo 1 e, posteriormente, do sorotipo 2. A introdução de um novo sorotipo pode induzir à apresentação de formas graves de dengue. Por isso, é importante as pessoas se vacinarem para ter a proteção desse sorotipo e, principalmente, a gente controlar novos focos”, observa.
Durante todo o ano passado, quando o DF registrou 284.354 casos prováveis e 440 mortes pela doença, o sorotipo predominante era o tipo 2. Em 2025, o cenário da doença está mais controlado em relação ao começo de 2024, com redução de 97,4% dos casos.
O infectologista acrescenta que a reinfecção pela doença por sorotipos diferentes também aumenta o risco da evolução do quadro clínico para a forma grave. “Um sorotipo 3 na nossa região pode nos levar a ter mais casos de forma grave”, explicou.
Questionada pelo R7, a Secretaria de Saúde do DF detalhou que um dos casos identificados do sorotipo 3 foi de uma pessoa infectada na própria capital. “Nenhum dos casos precisou de hospitalização e já estão recuperados. Os bloqueios de transmissão do primeiro caso foram realizados em todas as rotas da paciente (residência, escola e hospital) com aplicação de inseticida com equipamento costal e BRI-Aedes. O bloqueio de transmissão para o segundo caso se iniciou hoje [sexta-feira]”, disse a pasta.
A secretaria ressaltou que o sorotipo 3 está circulando em Goiás e Minas Gerais e, por isso, o DF está com uma vigilância sensível. “As vigilâncias laboratorial, epidemiológica e ambiental atuaram rapidamente de forma articulada na detecção dos casos e nas medidas de controle para prevenir novos casos. Considerando a detecção de um caso autóctone de DENV-3 no DF, é fundamental intensificar as medidas de prevenção, especialmente no controle ao mosquito Aedes aegypti, como eliminar focos de água parada, utilizar repelentes e instalar telas de proteção”, orienta o órgão.
A secretaria também pede atenção aos sintomas. “É importante estar atento aos sintomas da dengue e procurar assistência médica imediata em caso de suspeita, especialmente se houver sinais de alarme, como dor abdominal intensa, vômitos persistentes e sangramentos. A pasta orienta a população a adotar medidas preventivas contra o mosquito Aedes aegypti e estar atenta aos sintomas. Destacamos que a vacinação contra a dengue está disponível no SUS para o público de 10 a 14 anos.”
Casos confirmados este ano
Nas oito primeiras semanas epidemiológicas de 2025, o DF notificou 3.816 casos prováveis de dengue, sendo 237 de moradores de outras unidades da Federação.
Em comparação com o mesmo período do ano passado, que teve 138.950 casos prováveis de dengue, os dados apontam uma redução de 97%
A Secretaria de Saúde explica que, no DF, a dengue apresenta um comportamento sazonal, ocorrendo principalmente entre os meses de outubro e maio.
As mulheres são as mais infectadas, com 123 casos por 100 mil habitantes. A faixa etária mais afetada são os com mais de 80 anos, com incidência de 168,7 casos por 100 mil habitantes, seguido pelos grupos etários de 20 a 29 anos, com 159,8 casos por 100 mil habitantes, e menores de um ano, com incidência de 147,3 casos por 100 mil habitantes.
