Irã suspende inspeções nucleares após decisão do parlamento, diz embaixador no Brasil
De acordo com o embaixador, a suspensão é amparada por legislação internacional e será mantida até que o Irã tenha garantias sobre a segurança
Brasília|Rafaela Soares e Victoria Lacerda, do R7, em Brasília

O embaixador do Irã no Brasil, Abdollah Nekounam Ghadirli, afirmou que as visitas de órgãos internacionais às instalações nucleares atacadas pelos EUA estão suspensas. “Nós sabemos que há informações sobre os nossos programas [nucleares] e também sobre os cientistas. Isso faz parte da soberania de proteger as informações e os profissionais”, afirmou em coletiva nesta quinta- feira (26).
“Sabemos que há informações sobre os nossos programas nucleares e também sobre os nossos cientistas. Isso faz parte da soberania de proteger as informações e os profissionais”, disse o embaixador durante um café da manhã com jornalistas em Brasília.
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A decisão de suspender a cooperação com a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) foi aprovada pelo Parlamento iraniano na quarta-feira (25), um dia após a entrada em vigor do cessar-fogo proposto pelos Estados Unidos. A resolução foi aprovada com 221 votos favoráveis de um total de 290 cadeiras — sem votos contrários, segundo a TV estatal do país.
De acordo com o embaixador, a suspensão é amparada por legislação internacional e será mantida até que o Irã tenha garantias sobre a segurança de suas instalações. “Essa paralisação temporária está baseada no artigo 60 da Convenção de Viena, que trata da violação de soberania, e também na Carta da ONU, por conta da ameaça à integridade territorial e à segurança dos nossos cientistas”, afirmou.
Ghadirli também destacou que, conforme o artigo 4 da resolução aprovada pelo Parlamento, o Irã manterá o direito de enriquecer urânio, em consonância com o TNP (Tratado de Não-Proliferação Nuclear). “Todos os países signatários do TNP têm direito ao enriquecimento de urânio e à condução de um programa nuclear pacífico”, lembrou.
Ele criticou o duplo padrão aplicado a países como Israel, que, segundo ele, possui centenas de ogivas nucleares e não é signatário do TNP. “Dois países com armas nucleares atacaram instalações de um país que segue o tratado. Um deles, inclusive, nem sequer é membro. Isso não é apenas um conflito bilateral. É uma questão humanitária e de direito internacional”, afirmou.
O embaixador destacou que o governo iraniano continuará comprometido com o direito internacional, mas exige respeito às normas multilaterais. “Todas as ordens e instituições internacionais foram criadas com o objetivo de garantir o respeito à dignidade humana. Para que haja convivência pacífica entre os países, essas regras precisam ser respeitadas por todos”, declarou.
Segundo ele, os inspetores da AIEA só voltarão ao país após aprovação do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã. “Não se trata de uma ruptura, mas de uma suspensão temporária até que tenhamos garantias de que nossas atividades científicas estarão protegidas”, concluiu.
A suspensão das inspeções ocorre após uma série de ataques direcionados a instalações nucleares em Natanz, Isfahan e Fordow nos últimos 12 dias de confronto direto. O Irã acusa os ataques de terem violado não só sua soberania, mas também o direito de desenvolvimento científico pacífico.
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