Em uma coletiva de imprensa nesta quinta-feira (30), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) negou que o governo tem em mente uma nova medida fiscal para ajustar as contas públicas. “Eu não tenho outra medida fiscal. Se se apresentar, durante o ano, a necessidade de fazer algo, vamos reunir o governo e discutir. Mas eu posso te dizer, se depender de mim, não tem outra medida fiscal”, afirmou. O presidente também lembrou que o Orçamento de 2025 ainda não foi aprovado pelo Congresso, mas reafirmou que o documento prevê ‘todas as restrições possíveis’.O chefe do Executivo também ressaltou que o objetivo principal do governo é a “responsabilidade fiscal e o menor défit fiscal possível”. “O que nós vamos agora é pensar no desenvolvimento sustentável deste país, continuar mantendo a estabilidade fiscal desse país, sem fazer com que o povo pobre pague o preço de alguma irresponsabilidade de um corte fiscal irresponsável”, afirmou. O presidente também projetou que a economia brasileira de 2024 fechará com crescimento entre 3,5% e 3,7%. A previsão anunciada por ele supera índices indicados inicialmente pelo mercado, e deve ser confirmada oficialmente no mês de março.“Os especialistas diziam que o Brasil iria crescer apenas 1,5% em 2024, nós vamos crescer 3,5% ou 3,7%”, declarou Lula.A posição veio em uma crítica ao indicado pelo mercado. O chefe do Executivo também lembrou de mudanças alcançadas na economia terem sido maiores do que as indicações feitas por nomes da área em outras gestões do petista:“Outra vez, isso vai se repetir”.Lula também indicou otimismo com a economia em 2025, em estimativa de retorno de resultados dos primeiros anos do governo. “Nós vamos continuar crescendo. As políticas de inclusão social vão continuar se fortalecendo, a massa salarial, o salário mínimo com inflação, isso tudo sem criar problema da chamada estabilidade fiscal”, declarou. “Tenho muita responsabilidade com esse país”, completou, em outro momento.Questionado sobre um possível déficit fiscal - em que os gastos superem a arrecadação -Lula afirmou ter responsabilidade com as políticas fiscais. Atualmente, a norma estabelecida determina o déficit zero, em que despesas não podem ficar maiores do que os valores arrecadados.“As pessoas que falaram o ano inteiro sobre déficit deveriam pedir desculpas. As pessoas que falam coisa errada têm que tomar cuidado de falar que erraram. Estabilidade fiscal é muito importante para o governo. A gente quer responsabilidade fiscal e o menor déficit possível para fazer esse país dar certo”, declarou.Lula afirmou que o aumento na taxa de juros era esperado e que o novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, não poderia “dar um cavalo de pau no mar, em um mar revolto, de uma hora para outra”. Segundo o presidente, “já estava praticamente demarcada a necessidade da subida de juros pelo outro presidente [Roberto Campos Neto], e Galípolo fez aquilo que entendeu que deveria fazer”.“Temos consciência que é preciso ter paciência e eu tenho 100% de confiança no trabalho do presidente [do Banco Central] e tenho certeza que vai criar as condições para entregar ao povo brasileiro uma taxa de juros melhor. No tempo que a política permitir que ele faça”, completou Lula.O Copom (Conselho de Polícica Monetária), do BC (Banco Central), decidiu nesta quarta-feira (29) elevar a taxa básica de juros da economia brasileira em 1 ponto percentual, passando de 12,25% para 13,25% ao ano. Com isso, a taxa volta ao patamar registrado em agosto de 2023, na quarta alta consecutiva, desde setembro. E a perspectiva é que a Selic chegue a 14,25% no primeiro trimestre de 2025.A primeira reunião do Copom no ano marcou a “estreia” de Gabriel Galípolo como presidente do BC. Ele foi indicado ao cargo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.