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Lula propõe moção de países latino-americanos pelo fim de ataques de Israel em Gaza

Brasileiro pediu que membros permanentes do Conselho de Segurança deixem de lado suas diferenças e resolvam a questão

Brasília|Do R7, em Brasília


Lula durante a Cúpula da Celac
Lula durante a Cúpula da Celac Ricardo Stuckert/PR - 01.03.2024

Em discurso na 8ª Cúpula da Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs uma moção pelo "fim imediato do genocídio" na Faixa de Gaza. As declarações foram dadas no fórum, composto por mais de 30 chefes de Estado e realizado em Kingstown, capital da ilha de São Vicente e Granadinas. O governo israelense nega que tenha cometido genocídio contra a população palestina e argumenta que se defende dos ataques do grupo terrorista Hamas.

"Quero aproveitar a presença do secretário-geral das Nações Unidas para propor uma moção, da Celac, pelo fim imediato desse genocídio. O secretário-geral pode invocar o artigo 99 da Carta da ONU para levar a atenção ao Conselho de Segurança um tema que ameaça a paz e a segurança internacional", disse Lula.

"Faço um apelo ao governo japonês, que assume a presidência do Conselho de Segurança a partir de hoje, para que paute esse tema com toda a urgência. E também quero pedir aos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança que deixem de lado suas diferenças e ponham fim a essa matança", acrescentou.

O artigo citado pelo brasileiro afirma que o secretário-geral da ONU "poderá chamar a atenção do Conselho de Segurança para qualquer assunto que em sua opinião possa ameaçar a manutenção da paz e da segurança internacional". Instituído em 1948, o órgão tem cinco membros permanentes — China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia. Há ainda um grupo de dez membros não permanentes com mandatos de dois anos. Atualmente, os países que ocupam essas vagas são Brasil, Albânia, Equador, Emirados Árabes, Gabão, Gana, Japão, Malta, Moçambique e Suíça.


A distribuição de ajuda humanitária em Gaza virou o centro de uma polêmica nesta quinta-feira (29). O Hamas acusa soldados israelenses de matar ao menos 100 pessoas que aguardavam o auxílio. O governo de Israel nega que as tropas tenham atirado contra a multidão e afirma que as pessoas foram pisoteadas ou atropeladas na aglomeração. A confusão aconteceu perto da cidade de Gaza, onde centenas de pessoas esperavam por caminhões de ajuda humanitária.

O Ministério das Relações Exteriores divulgou nesta sexta-feira (1º) um comunicado lamentando as mortes de palestinos que aguardavam o recebimento de ajuda humanitária na Faixa de Gaza. O governo brasileiro disse que o episódio foi uma "situação intolerável, que vai muito além da necessária apuração de responsabilidades pelos mortos e feridos". O órgão disparou críticas ao governo de Benjamim Netanyahu, que negou ter sido o responsável pelo ocorrido.


Segundo o Itamaraty, "o governo Netanyahu volta a mostrar, por ações e declarações, que a ação militar em Gaza não tem qualquer limite ético ou legal". "Cabe à comunidade internacional dar um basta para, somente assim, evitar novas atrocidades. A cada dia de hesitação, mais inocentes morrerão. A humanidade está falhando com os civis de Gaza. E é hora de evitar novos massacres", afirma a nota do Itamaraty.

Crise diplomática

Brasil e Israel vivem uma crise diplomática desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparou as ações militares israelenses ao extermínio de judeus. A declaração do petista fez com que o governo do país localizado no Oriente Médio o declarasse como persona non grata.


Como mostrou o R7, Lula tem dito aos interlocutores que a declaração foi proposital e a ideia era encorajar outros presidentes a se posicionarem diante do conflito. Integrantes do governo de Netanyahu defenderam que o líder brasileiro peça desculpas pela declaração, o que não ocorreu até o momento.

Mesmo depois da declaração que abriu uma crise diplomática, Lula reafirmou recentemente que a ação militar israelense na Faixa de Gaza é um genocídio e voltou a defender a criação de um Estado Palestino.

O presidente de Israel, Isaac Herzog, condenou a declaração do presidente do Brasil. Herzog disse que há uma "distorção imoral da história" e apela "a todos os líderes mundiais para que se juntem a mim na condenação inequívoca de tais ações".

Entidades e organizações também criticaram a declaração de Lula. A Conib (Confederação Israelita do Brasil) repudiou a fala. A instituição classificou a afirmação como "distorção perversa da realidade que ofende a memória das vítimas do Holocausto e de seus descendentes".

Maioria acha que presidente está errado

Um levantamento realizado pelo instituto Real Time Big Data divulgado na última segunda-feira (19) indica que 83% dos entrevistados discordam da comparação do presidente entre a guerra na Palestina e o Holocausto nazista. A pesquisa também revela que 89% dos entrevistados têm acompanhado as notícias sobre a guerra e que 57% acreditam que Israel está "certo" no conflito.

A pesquisa, encomendada pela RECORD, foi feita com 800 entrevistados, em 19 de fevereiro. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%.

Os entrevistados também foram perguntados sobre qual deve ser o posicionamento do Brasil no conflito: 54% afirmaram que o país deveria ficar neutro, enquanto 26% acreditam que o Brasil deve apoiar Israel e 14% que deve apoiar o lado Palestino. 6% dos entrevistados não souberam ou não quiseram responder.

Dos participantes da pesquisa, 53% dos são mulheres e 47% são homens. A faixa etária mais representada é de 45 a 59 anos, com a maioria dos entrevistados (25%). Quanto à escolaridade, 43% possuem ensino médio completo, 41% até o fundamental completo e 16% até o superior completo.

Reação do Congresso

A declaração motivou ainda um pedido novo de impeachment contra Lula. Encabeçado por 134 parlamentares da oposição, o grupo sustenta que houve comprometimento da neutralidade do Brasil após as críticas feitas pelo chefe de Executivo sobre a conduta de Israel no conflito em Gaza.

O texto cita os elogios e agradecimentos feitos pelo grupo terrorista Hamas ao governo brasileiro e diz que "nem mesmo nações que pregam a extinção do Estado de Israel foram capazes de proferir tamanha atrocidade".

"A conduta do denunciado consiste na prática de ato de hostilidade contra o Estado de Israel, consistente em declarações de cunho antissemita, comprometendo a neutralidade do país", diz o pedido de impeachment.

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