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Lula quer ‘paz’, mas expulsão de brasileiro da Nicarágua ‘não tem cabimento’, diz ministro

Ditador Ortega expulsou representante do Brasil no país; em resposta, Lula pediu que embaixadora nicaraguense no Brasil se retire

Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília


Lula também expulsou embaixadora nicaraguense Ricardo Stuckert/Presidência da República - 8.8.2024

Durante reunião ministerial nesta quinta (8), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a decisão da ditadura de Daniel Ortega, da Nicarágua, de expulsar o embaixador do Brasil no país, Breno de Souza Brasil Dias da Costa. Segundo o ministro da Casa Civil, Rui Costa, Lula trabalha para manter relações pacíficas com todos os países, mas não aceita “importunações”. Em resposta ao movimento de Ortega, o presidente brasileiro também expulsou a embaixadora nicaraguense do Brasil, Fulvia Patricia Castro Matus. Como o R7 antecipou, Breno de Souza Brasil Dias da Costa deve deixar a Nicarágua ainda nesta quinta (8).

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“É uma ação recíproca dentro da tradição diplomática brasileira. O presidente quer paz no relacionamento com todo mundo, mas não pode aceitar que seus embaixadores sejam importunados. O não comparecimento a um ato institucional não caracteriza nem pode caracterizar ação do país. Nenhum país é obrigado a estar presente. O 7 de Setembro aqui, ninguém de outro país é obrigado a ir. Não tem o menor cabimento”, exemplificou Rui Costa, após a reunião ministerial, sobre o suposto motivo da expulsão, que teria sido o não comparecimento do diplomata na cerimônia de aniversário de 45 anos da Revolução Sandinista, celebrada em 19 de julho.

As expulsões dos embaixadores ocorrem em um contexto de esfriamento das relações diplomáticas entre Brasil e Nicarágua. Antes da reunião ministerial desta quinta, Lula conversou com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e debateu as eventuais saídas políticas e diplomáticas para o caso. Por fim, optou por expulsar a embaixadora da Nicarágua como resposta ao ato de Ortega. A nicaraguense Fulvia Patricia Castro Matus recebeu agrément do Brasil em maio deste ano. Agrément é o consentimento dado por um país para que um diplomata seja nomeado no território estrangeiro.

Entenda impasse com a Nicarágua

Lula tentou interceder em defesa do bispo católico Rolando Álvarez, preso pela ditadura nicaraguense no ano passado por críticas ao regime. O movimento em defesa do religioso, segundo o próprio petista, partiu de um pedido do papa Francisco. Ortega não retornou o contato do brasileiro. Em resposta, Lula orientou que o embaixador não participasse mais de atividades que envolvessem o governo nicaraguense. A ausência do diplomata na cerimônia de aniversário de 45 anos da Revolução Sandinista, celebrada em 19 de julho, teria sido a gota d’água para Ortega.


Lula comentou o assunto há duas semanas, em entrevista a agências internacionais de notícia. “A Nicarágua, veja, virou um problema não para outros países, virou um problema para a Nicarágua. Faz tempo que eu não converso com o Daniel Ortega, porque quando eu fui conversar com o papa Francisco, o papa Francisco pediu para eu conversar com o Daniel Ortega sobre um bispo que estava preso lá. O dado concreto é que o Daniel Ortega não atendeu o telefonema e não quis falar comigo. Então, nunca mais eu falei com ele, nunca mais. Ou seja, eu acho que é uma bobagem”, declarou.

Quem é Ortega?

Ortega chegou ao poder pela primeira vez em 1979, quando o presidente Anastasio Somoza Debayle, que liderou o país em duas oportunidades (1967-1972 e 1974-1979), foi retirado do cargo durante a Revolução Sandinista. Antes disso, era um conhecido guerrilheiro, preso repetidas vezes por crimes que incluem um assalto à mão armada a uma filial de um banco norte-americano em solo nicaraguense.


O ditador foi solto em 1974, com outros prisioneiros, em troca da liberdade de rivais políticos que haviam sido sequestrados por sandinistas. Apenas em 1984, cinco anos após os sandinistas tomarem o poder e organizarem uma junta governativa apenas com aliados do próprio grupo político, Ortega foi eleito presidente do país. Também na década de 1980, a Revolução Sandinista tornou o governo uma frente ampla e aberta a outras vertentes da Nicarágua.

Eleições venezuelanas

Rui Costa informou que Lula, durante a reunião, reforçou a posição brasileira em relação ao pleito venezuelano e agradeceu o apoio da União Europeia à postura do Brasil. Até o momento, a gestão federal não reconheceu a vitória de Nicolás Maduro nem endossou a suspeita de fraude. A avaliação é de que não há como ter uma definição enquanto as atas eleitorais não forem divulgadas.


“A posição é pública. O MRE tem se posicionado, o Brasil tem buscado, junto com outros países da América e com apoio da União Europeia, no sentido de uma mediação, de uma solução. Ou se apresenta, de fato, as provas da lisura da eleição ou tem que buscar uma solução para a situação. A orientação é o Brasil seguir sua tradição diplomática e buscar solução”, declarou, ao completar que o Brasil vai manter o papel de mediador.

Durante a reunião ministerial, o presidente falou em “celeumas” que o governo tem encontrado no tema e defendeu uma “solução pacífica” para o país vizinho.

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