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R7 Brasília

Na primeira reunião ministerial, Lula diz que vai demitir quem se envolver em atos ilícitos

O presidente, no entanto, não citou o caso da ministra Daniela do Waguinho, ligada a um miliciano do Rio de Janeiro

Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seu time de 37 ministros
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seu time de 37 ministros

Na primeira reunião ministerial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta sexta-feira (6), que qualquer ministro que se envolver em atos ilícitos será demitido do governo e terá que se pôr à disposição das investigações judiciais.

"Quem fizer errado sabe que tem só um jeito: a pessoa será simplesmente, da forma mais educada possível, convidada a deixar o governo. E, se cometer algo grave, a pessoa terá que se colocar diante das investigações e da própria Justiça", disse Lula. Depois, o presidente afirmou que não vai deixar nenhum ministro para trás e que vai cuidar de todos como "uma mãe" trata os filhos.

Lula, no entanto, não citou o caso da ministra do Turismo, Daniela do Waguinho, do União Brasil, ligada à família de Juracy Alves Prudêncio, o Jura, condenado por chefiar uma milícia na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. Jura é ex-sargento da Polícia Militar e foi condenado a 22 anos de prisão pelos crimes de homicídio e associação criminosa. A ministra é casada com Waguinho, prefeito de Belford Roxo (RJ) e presidente estadual do União Brasil no Rio de Janeiro.

O encontro ministerial ocorreu no Palácio do Planalto, em Brasília, e contou com a participação de todos os 37 ministros. Entre os objetivos da reunião está o alinhamento entre os titulares de pastas. Ela serviu para Lula dar o recado que, para anunciar qualquer medida, é preciso o aval do presidente da República.


Lula pediu ainda que os ministros tenham uma relação harmoniosa com o Congresso Nacional. "Muitos de vocês são resultado de acordos políticos, porque não adianta a gente ter o governo tecnicamente formado em Harvard e não ter o voto na Câmara dos Deputados, e não ter o voto do Senado", afirmou no encontro.

"É o Congresso que nos ajuda. Nós não mandamos no Congresso, nós dependemos do Congresso, e, por isso, cada ministro tem que ter a paciência e a grandeza de atender bem cada deputado e cada senador que o buscar", completou.


De acordo com o presidente, cada ministro tem "a obrigação de manter a mais harmônica" relação com o Congresso Nacional. "Quando a gente vai conversar, você não está propondo um casamento, mas a gente está propondo aprovar um projeto ou fazer uma aliança momentânea em torno de um assunto que interessa ao povo brasileiro", disse.

Governo

Os ministros escolheram, até o momento, os nomes que integram a secretaria-executiva e o chefe de gabinete de cada pasta. A expectativa é que o governo esteja todo montado, segundo Lula, até 24 de janeiro.


"Possivelmente, até o dia 24 teremos o governo todo montado. Eu só queria que vocês levassem em conta que eu não tenho vergonha de dizer que nós vamos montar um governo com gente da política, muito competente, gente técnica."

Divergências entre ministros

A reunião foi convocada após divergências públicas entre membros do primeiro escalão. Na última quarta-feira (4), Rui Costa desautorizou o colega Carlos Lupi, ministro da Previdência, e negou que o governo federal vá revisar a última reforma da Previdência, aprovada em 2019, na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A proposta havia sido feita por Lupi na cerimônia de posse no cargo.

"Não há nenhuma proposta sendo analisada neste momento para revisar a reforma previdenciária ou outra [reforma]. Não há nada sendo elaborado", reagiu Costa, que reiterou que Lula autorizou a dizer que todas as propostas passarão pela Casa Civil e a decisão caberá ao chefe do Executivo federal. "Quem teve mais de 60 milhões de votos é que decide", afirmou Rui Costa.

Lupi havia dito que a reavaliação da reforma seria feita em conjunto com sindicatos. "Quero formar uma comissão quadripartite, com os sindicatos dos trabalhadores, os sindicatos patronais, dos aposentados e com o governo. Precisamos discutir com profundidade o que foi essa antirreforma da Previdência. Discutir com números e com profundidade", afirmou Lupi na ocasião.

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