No G20, Lula defende imposto maior aos mais ricos como forma de reduzir desigualdades
Presidente pede engajamento de líderes para a construção de ‘um mundo cada vez menos desigual e mais fraterno’
Brasília|Augusto Fernandes, do R7, em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse neste sábado (9) durante discurso em reunião da cúpula do G20 — grupo formado pelas 19 maiores economias do mundo e a União Europeia — ser a favor de que as pessoas mais ricas paguem impostos proporcionais a seu patrimônio como forma de reduzir as desigualdades que existem no mundo.
“Como líderes das 20 maiores economias do mundo, é nosso papel fortalecer a capacidade do Estado de cuidar dos seus cidadãos. É preciso colocar os pobres no orçamento público e fazer os mais ricos pagarem impostos proporcionais aos seus patrimônios”, afirmou o presidente.
Na sua fala, Lula reclamou que “o mundo desaprendeu a se indignar e normalizou o inaceitável”. Segundo ele, “a crença de que o crescimento econômico, por si só, reduziria as disparidades se provou falsa”. Ainda de acordo com o presidente, “os recursos não chegaram nas mãos dos mais vulneráveis”.
“Apesar de todos os esforços, nossa família está cada vez mais desunida. O que nos divide tem nome: é a desigualdade, e ela não para de crescer. Há dois séculos, a renda dos mais ricos era 18 vezes maior do que a dos mais pobres. Hoje, em plena quarta revolução industrial, a renda dos mais ricos é 38 vezes a dos mais pobres. Os 10% mais ricos detêm 76% da riqueza do planeta, enquanto os 50% mais pobres possuem apenas 2%”, disse.
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Lula afirmou que “a desigualdade é um flagelo que cresce dentro dos nossos países, mas também entre eles”. “As assimetrias se perpetuaram por novas formas de dependência econômica e financeira, regras e instituições injustas, compromissos não cumpridos”, afirmou.
“É urgente resgatar o espírito de solidariedade que anima os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, para formularmos respostas conjuntas aos desafios econômicos do nosso tempo”, acrescentou o presidente.
Combate à fome
No discurso, Lula anunciou que vai lançar uma aliança global contra a fome assim que assumir a presidência do G20. O grupo se reúne neste fim de semana em Nova Déli, na Índia, e o último evento do encontro será a transferência da presidência do grupo para o Brasil. No domingo (10), o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, que lidera o G20 neste ano, vai transmitir o cargo para Lula.
“Esperamos contar com o apoio e o engajamento de todos vocês. Para construirmos um mundo cada vez menos desigual e mais fraterno. E nos reconhecermos, de fato, como uma grande família. Que não deixa ninguém para trás”, destacou o presidente.
O Brasil vai assumir a presidência do G20 de 1º de dezembro de 2023 a 30 de novembro de 2024. No posto, o país vai ser responsável por organizar a próxima reunião dos membros, que deve ocorrer em novembro do ano que vem na cidade do Rio de Janeiro.