Pedidos para expansão do Brics mostram ‘relevância crescente’ do bloco, diz Lula
Cúpula do grupo está reunida nesta semana e pode ampliar número de países-membros; ao menos 20 nações têm interesse
Brasília|Augusto Fernandes, do R7, em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira (23) que o interesse de ao menos 20 nações em compor o Brics — grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — mostra uma “relevância crescente” do bloco. A cúpula do grupo está reunida nesta semana na África do Sul e deve ampliar a quantidade de países-membros da organização.
“O interesse de vários países de aderir ao agrupamento é reconhecimento de sua relevância crescente”, declarou Lula em reunião com os demais líderes do Brics nesta manhã. “Que o ímpeto que motivou a criação do Brics, há 15 anos, continue a nos inspirar na construção de uma ordem multipolar, justa e inclusiva”, acrescentou o presidente.
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Pelo menos 20 países já apresentaram uma demanda formal para ingressar no bloco, incluindo Argélia, Argentina, Bangladesh, Cuba, Egito, Etiópia, Irã, Indonésia, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito e Vietnã. Outros, como México, Paquistão e Turquia, manifestaram interesse, embora sem formalizá-lo.
Seis dessas nações têm mais chance de ser incorporadas ao grupo. Após reunião reservada entre os pares do Brics nesta terça-feira (22), Irã, Indonésia, Argentina, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Egito passaram a ser apontados como os favoritos para integrar o bloco.
Assessor diz que critérios serão definidos depois
Também nesta quarta, o assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, embaixador Celso Amorim, comentou a expansão do Brics. Segundo ele, primeiro o grupo vai escolher quais países serão incorporados. Depois, o bloco vai debater os critérios para a inclusão dessas nações.
“Esse negócio de critérios, sabe. Você escolhe os países e aí depois você define os critérios”, comentou Amorim em entrevista a jornalistas. “Os países que estão colocados ali. Não vou dizer que é um critério absoluto, mas é natural que você procure algum equilíbrio geográfico. Países que representem uma certa diversidade, mas o Brasil não tem problema com nenhum dos nomes que estão colocados”, acrescentou.
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A declaração de Amorim foi na contramão do que afirmou Lula na terça-feira. Segundo o presidente, é necessário primeiro definir critérios para que outros países emergentes passem a fazer parte do grupo. Segundo ele, a ampliação do bloco não pode fazer com que o Brics vire uma “torre de Babel”.
“A gente tem que limitar uma certa coisa que todo mundo concorda. Porque, senão, se não tiver grau de compromisso dos países que entram no Brics, vira uma torre de Babel. A gente está construindo isso, eu penso que desse encontro deve sair uma coisa muito importante, a entrada de novos países. E eu sou favorável à entrada de novos países. A gente vai se tornar forte”, afirmou o presidente em live nas redes sociais.
“Eu acho que o Brics tem possibilidade de ampliação. Sei que a China quer, a Índia quer, a África do Sul quer, a Rússia quer e nós queremos. Se todo mundo quer, não é difícil entrar. Obviamente, tem que estabelecer determinados procedimentos para que as pessoas entrem e para que, amanhã, a gente não descubra que a gente colocou alguém que era contra o Brics”, completou Lula.