A Polícia Civil do Distrito Federal investiga um homem de 30 anos suspeito de adotar pelo menos 15 gatos, desde setembro do ano passado, que depois teriam desaparecido sem explicação. Segundo as investigações, o morador do Gama selecionava animais de pelagem tigrada e utilizava um discurso protetivo e emotivo para convencer protetores e cuidadores a darem o gato para sua adoção.No entanto, após receber os animais, os gatos desapareciam sem justificativa. Áudios obtidos pela polícia revelam que o investigado dizia realizar experimentos com os animais, o que pode ter resultado na morte de alguns deles. Em outro áudio, ele menciona ter passado por momentos de surto, nos quais teria abandonado dois dos gatos adotados.Em um dos casos, uma protetora de animais conseguiu recuperar um dos animais que estava com o suspeito. O animal foi encontrado com uma das patas fraturada e passou por cirurgia.O homem foi indiciado por três crimes de maus-tratos a animais pela DRCA (Delegacia de Repressão aos Crimes Contra os Animais), cada um com pena que varia de 2 a 5 anos de reclusão.O delegado responsável pela investigação, Jonatas Santos, destacou que o suspeito ainda poderá responder por mais crimes, de acordo com o andamento da apuração da polícia. O investigado já prestou depoimento, mas permaneceu calado diante dos questionamentos do delegado.“Pedimos que qualquer pessoa que tenha entregado gato para adoção desse suspeito que informe à DRCA. Qualquer informação de adoção suspeita ou maus-tratos deve ser notificada à polícia”, reforça o delegado.Em fevereiro deste ano, o R7 mostrou em uma reportagem exclusiva que o número de ocorrências de crimes de maus-tratos contra animais no Distrito Federal cresceu 513% em menos de uma década. Os registros saltaram de 113, em 2016, para 693, no ano passado, segundo dados levantados via Lei de Acesso à Informação. No período, a Polícia Civil do DF instaurou 353 termos circunstanciados, 314 inquéritos policiais e 17 processos de apuração de ato infracional (entenda termos abaixo). Nos nove anos, 170 adultos chegaram a ser presos, enquanto 16 crianças e adolescentes foram apreendidos.Delegado-chefe da DRCA (Delegacia de Repressão aos Crimes Contra os Animais), Jonatas Santos diz que o aumento de registros está ligado ao trabalho desenvolvido pela polícia.“Esse trabalho tem fortalecido a confiança da população na atuação policial. As pessoas hoje acreditam que, ao registrar uma ocorrência, os fatos serão devidamente apurados, e os responsáveis, responsabilizados. Além disso, a divulgação das ações da DRCA e a intensificação de operações e resgates contribuíram para ampliar a conscientização social e estimular as denúncias”, afirma.O Distrito Federal foi a primeira unidade da Federação a criar uma delegacia própria de investigação dos crimes contra animais. A DRCA foi inaugurada em agosto de 2023 e aceita denúncias pela internet e pelo telefone 197.“Desde sua criação, a delegacia tem desempenhado um papel fundamental na proteção dos direitos dos animais, atuando em investigações, resgates e punições de responsáveis por maus-tratos. A unidade tem se destacado pela agilidade nas operações”, defende o delegado-chefe.A recomendação do delegado-chefe da DRCA é reunir provas, como fotos, vídeos e testemunhos que possam auxiliar na apuração da Polícia Civil. Veja canais de denúncia: